"Menos arriscado, grupos têm mirado no sistema de franchising para aumentar faturamento. Expectativa em 2012 é que o crescimento seja de 15%, com 913 mil empregos."
*//* Por Isa Sousa || 14/08/2012
As facilidades e oportunidades, no entanto, não podem ser vistas de forma generalizada. Boa parte das marcas tem critérios bem definidos na hora de selecionarem um futuro sócio e a maioria acaba negando pedidos. “As marcas mais consolidadas falam mais não do que sim. É preciso estudar a região que um possível franqueado quer atuar e se tem realmente capacidade financeira. Na ansiedade de querer abrir algo, a franquia pode quebrar por não ter fôlego para enfrentar uma crise. Sem dúvida, avaliações criteriosas são fundamentais. Sem planejamento, até banco fecha”, exemplifica Denis Santini, sócio-fundador da MD Comunicação, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Mesmo em setores menos arriscados a análise de perfil do futuro empresário é primordial. Com 701 escolas de idiomas e apenas uma loja própria, a CNA tem como meta de expansão 546 novas unidades até 2016. “A franquia é um casamento, uma sociedade com a marca. Trabalhamos com diversos fatores para avaliar o perfil de um futuro franqueado e levamos em conta, por exemplo, se o negócio será familiar. As franquias que têm dado certo estão nesse perfil. Não exigimos conhecimento pedagógico ou do idioma. Grande parte dos nossos fraqueados, inclusive, não é da área acadêmica”, explica Leonardo Cirino, Diretor de Marketing da CNA, em entrevista ao portal.
No ranking das 25 marcas mais franqueadas elaborado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), as escolas de idioma estão em seis posições. A expansão do negócio pode ser compreendida em uma pesquisa realizada pela Marplan, que indica um índice de 3% de brasileiros frequentando alguma instituição. “É uma revolução. O índice significa que temos um mercado com demanda de 97%. Por tabela, a população tem se preocupado cada vez mais em falar outro idioma e, para isso, os grandes eventos que vamos sediar em 2014 e 2016 aceleram o processo de se comunicar e da gente de se expandir”, avalia Cirino.
A expectativa é que o franchising cresça 15% em 2012, segundo a ABF. Em 2011, o Brasil alcançou um índice de 16,9%, o que gerou 60,5 mil novos postos de trabalho. Para este ano, as franquias devem ser responsáveis por 913 mil empregos. Hoje, o país possui 2.031 redes operando nesse tipo de sistema, o que significa 93.098 unidades em 12 segmentos diferentes.
Com um faturamento de R$ 5,5 bilhões no ano passado, o que representa um crescimento de 19% em relação a 2010, o plano de expansão da marca é feito em cima de estudos detalhados. Fora os grandes centros, O Boticário prioriza cidades com mais de 30 mil habitantes, onde está em quase 100% delas. O padrão, no entanto, não é único e localidades menores, mas que tiveram o poder aquisitivo aumentado, não são descartadas.
Mesmo que ocupe o quinto lugar em faturamento, a alimentação ainda é o destaque entre os segmentos mais seguros na hora de investir em um novo negócio. Sem ousadia, o Griletto pretende passar das 104 lojas atuais para 120 até o fim do ano e 150 até 2013. “Quem quer mais segurança acaba indo para a alimentação, o que não significa facilidade. Não adianta o franqueado achar que irá uma vez por semana na loja e ficará de longe, administrando o negócio. Cobramos um perfil pró-ativo e escolhemos alguém que vá entender e vivenciar isso diariamente”, avalia Ricardo José, fundador da marca.
Para a Hope, mais do que um investidor, é necessário um empreendedor. Hoje com 92 lojas, o objetivo é fechar 2012 com 130 e, até 2015, ter 350. “O modelo ideal não é aquela pessoa que tem muito dinheiro, mas que quer irá fazer do negócio algo de fato importante. Não precisa ter experiência, mesmo porque experiência a gente cria”, diz Sylvio Korytowski, Diretor de Expansão da Hope, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Marca mais rentável da Grendene, o grupo não aponta dificuldades para o plano ousado. “A marca tem personalidade e credibilidade. É apoiada por uma grande empresa com excelente situação financeira, a Grendene. Também tem uma comprovada capacidade de criar produtos de vanguarda. Atrai pessoas competentes e dedicadas. O resto é detalhe, só não expande se os clientes não quiserem”, indica Francisco Schmitt, diretor da companhia.
O calcanhar de Aquiles
Ainda que haja adaptação e definição do perfil do investidor, o grande vilão que pode impedir o crescimento pleno do sistema de franchising é o mercado imobiliário. Citado como o maior empecilho por todos os grupos de diferentes segmentos, segundo a Associação Brasileira de Franchising, o alto custo dos imóveis, incluindo luvas e aluguéis, inibiu a abertura de novos pontos de venda.