"Empresas inovam e transformam a visita à loja física em uma experiência única."
O ateliê de produção é completamente aberto e funcionários explicam o processo por meio de uma abordagem lúdica. Uma estante feita de tabletes de chocolate também decora a loja, além de um balcão que mostra as criações antigas e renomadas da empresa dentro de ampolas de vidro, como os marshmallows e caramelos vintage.
“Uma das estratégias mais importantes é realmente contar a história da marca por meio do design da loja, pode ser pela decoração ou pela disposição de produtos antigos e notáveis. O shopper tem que ser levado a entrar na identidade da empresa, estando tudo disposto com coerência”, diz Nelly, que veio ao país para participar do Sim Varejo – Seminário Internacional do Marketing no Varejo, promovido pelo Popai Brasil, em São Paulo, entre os dias 4 e 5.
Os lemas e valores, ou aquela característica única da empresa, que ela quer reforçar, devem estar presentes em forma de design no ponto de venda. “A identidade da marca precisa estar muito clara na loja, e também em todas as formas de apresentação”, diz Nelly.
Um exemplo de marca que fez isso no Brasil foi a Asics, que recentemente inaugurou uma loja conceito em São Paulo, com a decoração das vitrines seguindo o visual das peças gráficas dos tênis, conectadas ainda a um vídeo wall que mostra imagens dos produtos e explica suas características.
Outra loja que fez sucesso no concurso francês, graças à habilidade de traduzir seu conceito no ambiente, foi a Pas de Printemps pour Marnie. O nome da loja de sapatos (foto) é o título em francês do filme “Marnie”, de Hitchcock, e o visual da loja dá continuidade ao conceito já expresso no título. Da iluminação aos móveis do estabelecimento, o clima remete ao suspense e elegância típicos dos filmes do diretor inglês, com espaços monocromáticos e objetos dos anos 1950. “O ideal é definir um ponto chave para nortear o estilo de toda a ambientação da loja”, diz Nelly.
Experiência sensorial
Uma estratégia para se sobrepor à concorrência é utilizar meios que agradem a todos os sentidos do cliente, e não só o visual, no ponto de venda. “O design não é só para os olhos, mas também para o tato, a audição e todos os outros sentidos, que estimulados em conjunto criam um verdadeiro sentimento”, conta Nelly.
Lançada com o conceito “Sensações doces para fãs de chocolate”, o local tem o cheiro do produto no ar. O estabelecimento também brinca com o visitante em outros sentidos, com performances de animadores fantasiados das mascotes da marca e ações interativas, como um local onde os clientes podem criar seu próprio M&M’s customizado, escolhendo as cores e sabores. É preciso, é claro, saber o público-alvo e criar algo especial para ele, escolhendo entre técnicas intimistas e de relacionamento próximo ou usar a maior quantidade de atrativos possível.
Sinta-se em casa
Seguindo a ideia de competir com a praticidade das compras pela internet, algumas marcas também oferecem “mimos” para os consumidores em seus pontos de venda. É o caso do projeto Carrefour Planet, já inaugurado pela rede de hipermercados na França, Espanha e Bélgica e com planos de outros 500 a serem construídos na Europa até 2013.
A remodelação das lojas consistirá em tornar o ambiente mais amigável, confortável e aconchegante. Em uma área, profissionais ensinam a cozinhar e demonstram receitas. Já no setor de produtos de beleza, o cliente conta com especialistas dando dicas e até rápidas “transformações” em termos de maquiagem e cabelos.
Para as mulheres grávidas, funcionários carregam as compras e pediatras estão disponíveis para conselhos. Além disso, há uma área dedicada somente ao lazer, com tablets, e-books e TVs em 3D disponíveis para uso.
Conexão com o site
Apesar dos esforços em atrativos para o ponto de venda, não dá para esquecer as formas de apresentação da marca no meio digital. “Para o sucesso ser absoluto, todos os pontos de contato devem estar alinhados, como no site ou em fan pages do Facebook”, diz Nelly.
O tema básico do ambiente nos pontos de venda deve se relacionar com o design do site. A identidade da empresa, ou de um lançamento que ela queira reforçar devem estar complementados no meio digital e no físico.
Uma marca que fez isso recentemente foi a Olympikus, com o lançamento da linha MOV. Seguindo o conceito da ação de divulgação dos tênis, que era de elasticidade, a empresa criou um site em que o usuário poderia “torcer e girar” o conteúdo.
“O visual do ponto físico e o layout do site devem ser desenhados da mesma maneira. A identidade principal precisa estar presente nos dois para que haja uma comunicação e que um até faça a divulgação do outro, assim eles podem se fortalecer juntos”, diz Nelly (foto).