"Qual a importância de ter os principais executivos das companhias mais próximos das políticas de relacionamento com os consumidores e como isso potencializa melhores resultados?"
*//||\\* Por Bruno Garcia || 01/04/2013
Outro ponto que se fortalece com a presença direta do CEO nas estratégias de relacionamento é a criação de uma cultura de atendimento bem definida. Diante das agendas apertadas dos executivos, torna-se impossível que eles acompanhem o relacionamento com os clientes diariamente. Por isso, sua principal função passa a ser de direcionamento. “Qual é a nossa opinão sobre o CRM? Como queremos atender a um cliente? A política de atendimento é determinada pelo CEO, falando em atenção, formato e nível de qualidade. Com isso, criamos métricas e políticas que podem ser acompanhadas: estamos atendendo da maneira combinada e dentro dos padrões estabelecidos? Isso tem que ser monitorado e temos que intervir quando algo foge dos trilhos”, avisa Celso Kasurrito Sato.
A participação da liderança também garante o engajamento de toda a companhia em prol do CRM. No mercado de hotelaria, este é um ponto importante, pois o sucesso é ditado pelo bom relacionamento entre a marca e os hóspedes, o que exige que todos os colaboradores estejam comprometidos com a política. “O que procuro fazer é identificar a partir da percepção geral que tenho de todas as áreas, avaliando tanto pelo ponto de vista do cliente quanto pelo ponto de vista da operação interna e a partir disso chegar a uma estratégia que seja benéfica tanto para o consumidor quanto para o negócio. Não me envolvo diretamente na execução, mas me envolvo na definição de estratégia que usamos para abordar o nosso público”, conta Guilherme Martini, CEO da Costa do Sauípe.
A rede de resorts possui uma equipe de Marketing alocada especificamente para olhar para o CRM, além do fornecedor da solução que auxilia na operação e na definição da estratégia e abordagem. O CEO faz o acompanhamento monitorando os resultados e traçando eventuais rotas de correção. “Esta cultura tem que ser top-down. Para muitas empresas, o CRM fica apenas no discurso, mas ele tem que estar refletido nas atitudes, nos prazos e nas políticas que devem ser cumpridas tanto pelo CEO quanto pelo atendente do help desk”, complementa o CEO da Accesstage.
CRM mais relacional que transacional
Outra mudança importante é a utilização do CRM para focar mais na construção de valor para o cliente e não apenas com o objetivo de gerar vendas. Os sistemas integrados permitem que as marcas realizem ações de Marketing Direto mais contextualizadas, o que gera um diferencial para o negócio.
“A comunicação estabelecida pelo CRM se transforma em uma prestação de serviço. É uma combinação do relacional com o transacional. A empresa não quer apenas vender e usa o serviço para agregar produtos. É uma forma inteligente e diferenciada de estimular a compra, mais de acordo com o momento do cliente”, explica Daniel Brumatti, CEO da Ad Agency, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Na Costa do Sauípe, o CRM é pensado e estruturado para recolher informações em todos os pontos de contato com o público e a partir disso oferecer experiências que encantem o visitante. “Conseguimos juntar todos os dados que coletamos de diversas fontes da operação hoteleira, enriquecemos a nossa base e a partir daí tentamos fazer um CRM mais preditivo, antecipando a necessidade das pessoas: tanto aquelas que ainda não conhecem, mas gostariam de conhecer o resort, quanto as que já estiveram conosco e pretendem retornar”, diz Guilherme Martini, CEO da rede.
A estratégia estabelecida pelo presidente da companhia vem gerando resultados, embora nem sempre seja possível medir com precisão o impacto criado diretamente pelo CRM.
“Temos a percepção muito forte que este impacto é positivo, pois percebemos o aumento do interesse das pessoas em buscar informações diretamente em nossos canais de relacionamento. Nosso sistema de venda direta vem sendo mais demandado também. Este é um indicativo de que o cliente está querendo se relacionar com o hotel. É um bom termometro, pois neste mercado, o mais natural é que as pessoas comprem a partir de um operador de turismo ou de uma agência”, complementa o executivo.
Ferramenta se recupera do descrédito junto aos executivos
Mesmo com sistemas que exigem investimentos menores e que podem ser implementados em períodos mais curtos, poucas companhias possuem soluções bem estruturadas. “Na parte teórica todos sabem o que deve ser feito e como. Mas na hora de implantação, existem dificuldades. A mudança ocorre quanto os líderes percebem que a resposta do cliente para a marca é muito diferenciada, pois existe um relacionamento de fato ao invés de apenas discurso”, complementa o executivo.
Nas empresas que foram bem sucedidas em suas estratégias de CRM, o envolvimento do CEO também ajudou a convencer as pessoas da relevância do projeto não apenas para o Marketing, mas para todos os departamentos da organização. “Concordo que a ferramenta serve para compilar dados e aumentar os resultados em vendas. Mas no nosso caso, usamos também para o atendimento, olhando pelo aspecto relacional. É a construção da marca que está em jogo e todo o grupo precisa estar consciente desta importância”, concorda o CEO da Accesstage, Celso Kasurrito Sato, em entrevista ao portal.