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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A receita do sucesso da Cacau Show

 

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Na empresa, a oferta para consumo próprio e para presente se baseia em um modelo de negócio que inclui a trufa de R$ 1 como produto de entrada


Se você, leitor, fizer uma degustação cega de chocolates, confundirá um produto Cacau Show com um suíço como o da Lindt? A resposta correta é sim – por exemplo, se o produto Cacau Show for o Mais Leite. É que as diferenças básicas entre chocolates europeus e brasileiros estão no uso, no Velho Mundo, de açúcar de beterraba e leite mais gordo e o Mais Leite se faz com leite importado de lá.

Por conta do nome, a Cacau Show até pode ter sido confundida com empresa de shows de samba com mulatas, mas o fato é que essa organização fundada em 1988, que hoje tem mais de mil funcionários e mil lojas, receita de R$ 400 milhões em 2010 (ou R$ 1 bilhão, se contabilizado o movimento das lojas), 96% de reconhecimento de marca e produtos sofisticados como o Mais Leite, tem uma gestão empreendedora respeitável.

A entrevista em que o fundador e presidente Alexandre Tadeu da Costa detalha isso, concedida com exclusividade à editora-executiva Adriana Salles Gomes, foi realizada com a fábrica trabalhando a toda em função da Páscoa – a empresa detém 10% do mercado de ovos de chocolate. No prédio-sede, que combina com bom gosto madeiras claras e escuras como se fossem chocolates, Tadeu da Costa detalhou seu modelo de negócio do “luxo democrático e feliz”, nos moldes do posicionamento das sandálias Havaianas, os desafios que isso impõe e seus planos de expansão, que incluem uma fazenda de cacau e uma fábrica de chocolates na Bélgica, além de outra novidade guardada a sete chaves.

Às vezes, ficamos procurando nossos Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg na tecnologia, mas talvez, no Brasil, eles se encontrem em outros ramos. Alexandre Tadeu da Costa fundou sua empresa aos 17 anos de idade.

Você fundou sua empresa com 17 anos? Se fosse na Califórnia do século 21, você seria o Mark Zuckerberg? [risos] É, mas eu não era muito nerd... eu era cabeludo, guitarrista, jogador de vôlei federado. E minha família era muito humilde – meu pai, tecelão; minha mãe, vendedora porta a porta –, então, trabalho para mim era algo que tinha muito valor e, junto com criatividade e ousadia, sempre tive disciplina. Por exemplo, aos 13 anos, eu calibrava pneus num posto de gasolina às sextas-feiras – foi como comprei minha primeira bicicleta. Aos 14, quando minha mãe criou a Cacau Show, eu pegava os pedidos com as vendedoras porta a porta, passava ao fabricante e, quando vinha, punha o produto dentro da caixa, faturava etc.

Aí meus pais descontinuaram o negócio e eu, então com 17 anos, pedi que me deixassem tocá-lo. Peguei uns US$ 500 emprestados de um tio e vendi 2 mil ovos de chocolate. Aí ganhei dos meus pais um Fusca branco 1978.

Por que você fez isso? Pelo Fusca?
Também [risos]. O Fusca ajudou o negócio porque pude me movimentar melhor, comprando a matéria-prima de manhã e vendendo o chocolate detarde para as padarias. Mas o grande pulo do gato foi o que descobri quando comprei as barras para fazer os 2 mil ovos: a diferença de preço entre 1 quilo de chocolate e 1 quilo de bombom fino feito dele era de mais de 10 vezes –ou seja, o que se comprava por 10 conseguia-se vender por 100. Logo vi que era uma margem grande demais e que, se eu comprasse por 10 e vendesse por 20, ainda seria um ótimo negócio. Foi o que fiz, numa salinha 3 por 4 metros, dentro da empresa dos meus pais.

O maior pulo do gato não foram as franquias, em 2003? As franquias nos deram visibilidade até que a marca estourou, três anos atrás. O pulo foi por acaso. Já tínhamos duas marcas em 2003: a Cacau Show, de venda porta a porta, e a Gardner, que criamos para varejo em geral, para a vendedora por catálogo não achar que havia competição direta.

Uns clientes nossos em Piracicaba, interior paulista –o casal João e Regina Caldas–, trabalhavam com ambas: ele vendia Gardner; ela, Cacau Show. Na Páscoa de 2002, compraram tanto chocolate que a família teve de sair do apartamento para a mercadoria entrar. Fui lá e propus alugarmos um local para ser a loja deles na frente e o depósito nos fundos. Sugeri que, para compensar o novo custo fixo, os filhos deles trabalhassem no negócio, como aconteceu na minha família. Estruturando isso, eu diria que tenho uma filosofia de controle de custos.

Daí nasceu a primeira loja, depois eles fizeram a segunda, a terceira, e outros distribuidores vieram... E a gente descobriu o canal três em um, que era, na mesma loja, o camarada poder vender direto ao consumidor, atender a vendedora por catálogo e ser distribuidor para o varejo.

A loja Cacau Show continua três em um?
Não. A marca Gardner foi descontinuada, pela explosão da Cacau Show. Em um único ano, 2008, abrimos quase 300 lojas; hoje são 1.040. Resolvemos focar o que nos interessa mais.

Como você explica a explosão?
Oferecemos um produto diferenciado a um preço democrático. Fizemos o artesanal em larga escala, com alta produtividade, com foco em tecnologia. Agora, também “surfamos” no crescimento de renda da sociedade.

Seu cliente é a classe ascendente?
Não rotulamos nossos clientes por classe social; eles são os apaixonados por chocolate em geral. O produto de entrada é a trufa, que custa R$ 1 ou R$ 1,80 a grande. Com ela, o cliente entende: “Com o mesmo dinheiro com que compro um bombom industrial posso comprar uma trufa dessa loja bonita, com a moça bonita me atendendo bem?”. E ele perde o medo da loja.

Explique esse medo, por favor...
Sete anos atrás, a loja Cacau Show do Shopping D, em São Paulo, não decolava e eu disse: “Põe na vitrine que tem trufa a R$ 1”. Deslanchou. As pessoas de menor poder aquisitivo viam lojas especializadas como inacessíveis; agora, essas lojas estão virando um hábito.

Como a loja Cacau Show se diferencia de concorrentes como Kopenhagen e Brasil Cacau, que veio na cola de vocês?
Nós atendemos a classe C, e também a B e a A. Temos preço competitivo, mas investimos muito em qualidade de chocolate e em design –ganhamos oito prêmios de design em 2010 e 2011. Investimos muito em marca: somos top of mind da categoria “lojas de chocolate” pelo Datafolha, com 96% de recall, até na classe A. A gente tem boa performance tanto nas lojas de periferia como nos shoppings sofisticados. Nós resolvemos o dilema dos produtos de consumo e de presente.

Que dilema é esse? Se um chocolate é caro demais, ele é comprado só para presente, o que é um problema, porque não dá ticket médio ao lojista. O que conseguimos fazer foi:

• A classe C compra Cacau Show 65% para presente e 35% para consumo.
• A classe B compra nossos produtos com intenções meio a meio.
• A classe A compra 65% para consumo e 35% para presente.

Você tem certeza de o produto ser consumido pela classe A?
Sim, temos vários indicadores disso. Um deles é o de que vendemos, em dezembro de 2010, 2 milhões de panetones a R$ 39,90 cada um. Esse é um preço de classe A, não é?

Nessa filosofia de manter os pés nas duas canoas, a do luxo e a do popular, como as Havaianas, fazia sentido mesmo descontinuar a Gardner? Produzimos para terceiros, como marcas próprias de supermercados, aí com o nome IBAC –Indústria Brasileira de Alimentos de Chocolate. Isso, que já é 10% do nosso negócio, faz sentido pela nossa capacidade produtiva, que agora é muito grande.

Na Casa Verde, comprando os terrenos vizinhos, cheguei a ter 5 mil metros quadrados de fábrica. Aqui em Itapevi, vizinha de São Paulo, são 40 mil metros quadrados de área construída. E dá para ampliar turnos de trabalho.

Qual é o horizonte de crescimento?
Enquanto o consumo anual de chocolate na Europa é de 12 quilos per capita, o nosso é de 2 quilos. Então, tem muito para crescer aqui, porque os brasileiros adoram chocolate.

Até no Nordeste? Reza a lenda que lá não se come chocolate...
Das 10 lojas que mais vendem no nosso sistema, 5 estão lá.

E a internacionalização? Sei que você acaba de voltar da Bélgica...
Este ano já fui três vezes para a Bélgica e irei mais. Tenho conhecido empresas lá, sim, porque queremos comprar uma este ano ainda.

Há muitas oportunidades para explorar ali. A empresa belga é muito engessada, consegue fazer só um tipo de produto: só chocolate moldado, ou só chocolate coberto, ou só chocolate centrifugado, ou só massa de chocolate. Quem chegar com a flexibilidade de saber fazer tudo terá um potencial de ganho enorme.

A gente faz desde a massa do cacau até o produto acabado em todos os tipos de tecnologia possíveis. Não temos medo da complexidade.

De onde vem tanta flexibilidade? A criatividade nasce da escassez. Éramos pequenos, tínhamos uma máquina apenas e nenhum dinheiro, então ficávamos chamando o técnico e adaptando-a para fazer tudo o que precisávamos fazer.

A marca Cacau Show pegaria lá fora?
Não trabalharíamos uma marca Brasil lá fora, só a gestão brasileira.

Você pensa em contrair dívidas para crescer? Abrir capital? Até vender parte da Cacau Show? Sei que tem 97,5% da empresa e seu sócio 2,5%. Eu nunca cresço me endividando; sempre reinvisto capital próprio. Meu “barato” é fazer chocolate, então eu me distanciar disso está fora de cogitação. Vejo a abertura de capital com bons olhos, principalmente para perenizar o negócio, só que traz mais complexidade. Estamos acompanhando experiências que incluem canal proprietário de franquias.

Você falou em escassez criadora... E na gestão? Quanto menos gestão, melhor? Eu diria que o princípio é o de uma estrutura enxuta. Por exemplo, temos diretoria faz apenas um ano; não havia antes. O nome –bonito– que dou para a estrutura vir depois da receita é de uma empresa “extremamente empreendedora”. Sabe por quê? Porque, para oferecer um negócio com qualidade e bom preço, você tem de ter custos controlados. Somos uma empresa de 1,1 mil funcionários que não tem uma copeira, por exemplo. Cada um que nos visita, você inclusive, tem de pegar a própria água e trazer. Mas pensamos em contratar uma.

Como você trabalha qualidade?
Com investimento em tecnologia, rigor na escolha de matérias-primas, controle rigoroso e constante, tomando cuidados (por exemplo, abrimos outra fábrica para chocolates diet, sem açúcar, para não haver risco de mistura) e incorporando os últimos conhecimentos na área. Acompanhamos de perto a maior das novidades, que é interferir no sabor do cacau. Procuramos uma fazenda de cacau na Bahia neste momento para comprar e fazer isso. Tenho estudado muito o assunto.

A Cacau Show está verticalizando?
O objetivo principal não é verticalizar, embora isso não seja ruim em si, e sim mostrar para o consumidor nosso expertise de ponta a ponta e estar à frente nessas pesquisas com fermentação de cacau.

E o design? A apresentação? De novo, é a criatividade que vem da escassez. Custava muito caro fazer embalagem com um estúdio de design. Então, chamei um amigo do tempo de vôlei, o Rafael, para vir fazer isso aqui. Compramos um Macintosh de segunda mão e saímos usando. Eu era dupla de criação dele, depois fiquei só num comitê que opina sobre o assunto e hoje até do comitê me expulsaram [risos]. O Rafael está há 15 anos conosco e temos até estúdio de fotografia in house.

E o design do chocolate?
Eu também fazia dupla com o chocolateiro nisso, porque viajo e trago as referências. Mas hoje sofisticamos muito o processo e temos departamentos de desenvolvimento de produtos e de inteligência competitiva.

E o branding?
Construção de marca, na minha visão, é coerência. Ano após ano, mostramos para o consumidor o que a gente é e quer ser: uma empresa com produtos de alma artesanal feitos em larga escala e com a proposta de ser feliz, alto-astral e democrática. Está no nome: temos de oferecer cacau e show, que é a experiência do consumidor –show no ponto de venda, show no design, show em produtos inovadores... Somos a empresa que mais lança chocolates novos –disparado. A gente põe no mercado 100 novos produtos por ano –uma renovação de metade do meu portfólio de 200–, enquanto a maioria lança três, se tanto.

O bacana é que a gente está passando da fase de ir atrás das tendências da Europa ou dos Estados Unidos para a de criar tendências. Tenho visto coisas fora que a gente já fez há um tempo, como ter embalagens desenhadas por artistas ou fazer sticks salgados cobertos de chocolate.

Mas como se transmite isso aos consumidores? Basta publicidade? Não! Há o investimento de mídia –já estamos entre os 100 maiores anunciantes do Brasil– e também nas redes sociais. Há a experiência toda que acontece nas lojas e, cada vez mais, a gente melhora o departamento de treinamento. Para a motivação, eu mesmo vou para as convenções com as vendedoras –brinco que é meu momento Fábio Jr., pois beijo 2 mil mulheres em um dia.

E o Carnaval de 2010? O que foi aquilo em termos de branding, hein?!
Sabe como surgiu? Fiz um livro lindo sobre chocolate registrando uma expedição de 15 dias, em 2008, por fazendas de cacau do Nordeste, com o fotógrafo Laílson Santos, e enviei para todas as escolas de samba de São Paulo sugerindo o tema; a Rosas de Ouro comprou o projeto. E a Rosas foi a grande vencedora do Carnaval. Cacau Show é alegria, isso tinha tudo a ver conosco. Eu saí em cima do carro alegórico a 5 metros de altura, como destaque, jogando chocolate para a avenida. Foi um desfile emocionante.

Como a Alpargatas enviou Havaianas para as estrelas do Oscar... Você é um daqueles brand leaders “by the book”, Alexandre. A empresa tem a sua cara...
Nosso diretor de marketing, que veio do varejo e tem seis meses de casa, me disse isto: “Ô, cara, a marca é você, entendeu?”. Ele quis dizer que é o jeito que eu sou e vivo: sem frescura, feliz, analisando o sabor e o custo das coisas.

Não existe mais a venda porta a porta? A Nestlé está fazendo isso agora...Praticamente não, mas foi uma distribuição importantíssima por 18 anos; foi o que pulverizou a marca.

Você não é mais dupla de criação de chocolates nem de embalagens. Qual é seu papel hoje na empresa? Essa é uma pergunta interessante... Acho que uma das virtudes de um empreendedor é entender qual é seu papel em cada momento, porque os papéis mudam; a gente tem de saber se desapegar de um e se preparar para outro. Meu papel atual é o de inspirar e formar as pessoas. Tenho de aprender a delegar, o que não é simples, porque é dar meu filho para outro cuidar.

Dizem que o segredo para envolver as pessoas continua sendo “pão + circo”, remuneração e bom ambiente... É? É. No ano gerencial que terminou em abril de 2011, começamos o programa “Excelência Show”, de dar bônus de até oito salários anuais para diretoria, gerência, supervisão e liderança, que é na fábrica. E temos rituais que nos unem, como o almoço de Sexta-Feira Santa, em que cozinho para todos.

* Esta reportagem foi publicada pela Revista HSM Management (br.hsmglobal.com) 

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quinta-feira, 28 de julho de 2011

O desafio de comunicar a sustentabilidade


Empresas precisam desenvolver meios próprios para divulgar iniciativas com credibilidade e transparência...

 

Por Cláudio Martins,  | 28/07/2011




!!*\^::^/*!! Comunicar iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social de forma transparente é um desafio presente na agenda das empresas. Cabe a cada companhia encontrar uma maneira de construir este diálogo, não somente com o consumidor, mas com todos os públicos de interesse. É necessário criar uma linguagem capaz de convencê-los do compromisso das marcas com estes temas.

Manter esta conversa, no entanto, tem sido uma tarefa árdua. Segundo dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), 85% dos consumidores brasileiros não acreditam no discurso sustentável das empresas. Outra dificuldade encontrada pelas companhias que de fato querem investir no conceito é a falta de uma literatura específica, algo que oriente o trabalho dos departamentos de Marketing e Comunicação.

Tentando encontrar uma forma própria de apresentar seu trabalho no pilar social, a Endesa Cachoeira criou vídeos para dar visibilidade ao Projeto Descobrindo a Música, realizado em Goiás. A iniciativa da empresa de distribuição de energia elétrica promoveu dois concertos com a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás, para os estudantes das escolas de Cachoeira Dourada em 2009.

Endesa aposta em vídeos corporativos 
 
O desafio era comunicar a ação com credibilidade. Umas das primeiras medidas adotadas foi priorizar o depoimento das crianças e dos professores, e não apresentar porta-vozes da companhia. “Nos filmes há uma ausência da imagem corporativa. O objetivo é mostrar o projeto e não a empresa falando de si mesma. O que nos fez escolher este formato é o apelo e a capacidade de atrair públicos distantes”, afirma Bonança Mouteira (foto), responsável pela área de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa da Endesa Brasil.

Os vídeos foram apresentados durante o V Fórum de Sustentabilidade e Responsabilidade Social, realizado no último dia 21, no Rio de Janeiro. A proposta da empresa não era impactar somente os internautas. A sustentabilidade é encarada como um negócio para a Endesa e as gravações pretendiam gerar confiança de grupos de interesse, como acionistas.

O Banco da Providência, instituição que apoia famílias em situação de risco social, também vê na responsabilidade social uma forma negócio. A organização não governamental gera renda a partir de eventos como a Feira e o Arraial da Providência e conta ainda com a marca Providência comercializando colares e bolsas confeccionadas por mulheres atendidas pelo Banco.

CEBDS cria guia para orientar empresas 


Em 2010, 63% da receita do Banco da Providência foi gerada a partir de eventos e a marca da instituição colaborou com apenas 8%. “Uma das grandes dificuldades para o terceiro setor é própria sustentabilidade do empreendimento. A falta de recursos acaba interferindo na comunicação deste tipo de iniciativa”, ressalta Clarice Linhares, Superintendente do Banco da Providência, durante o fórum.

A falta de verba, no entanto, não impede as empresas de comunicar suas ações sustentáveis. Na tentativa de facilitar este processo, o CEBDS criou um Guia de Comunicação e Sustentabilidade para orientar as companhias. O desenvolvimento do livro, disponível para download na página da instituição, surgiu a partir de uma pesquisa realizada pelo Conselho que verificou a necessidade de unificar os esforços em torno do tema.

A publicação apresenta formas de se relacionar com os públicos das companhias, destacando objetivos claros e utilizando os canais adequados para ter transparência no diálogo. “Só a existência do guia não basta. É preciso implementar estas práticas, que vão desde o relacionamento com os colaboradores até a escolha do suporte para a divulgação do Relatório de Sustentabilidade”, afirma Lia Lombardi (foto), Coordenadora da Câmara de Comunicação do CEBDS.

Esforços para mensurar ações sustentáveis
 
Mesmo com a implementação destas iniciativas, existe uma dificuldade em medir o quão sustentável é uma empresa. Em uma tentativa de parecerem “verdes”, as marcas entram na corrida por selos, como o Despoluir e a Norma ISSO 26000. Ao lançarem mão de práticas como essas, as companhias podem estar se esquecendo que estes indicadores fazem parte das obrigações com o meio ambiente, e por si só não provam que a empresa é sustentável.

Em um esforço para medir o impacto da sustentabilidade na comunicação, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) está desenvolvendo indicadores, em parceira com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade. “O programa está em fase de teste e pretende ser um banco de dados para as empresas mensurarem como estão posicionadas no mercado quando o assunto é sustentabilidade e responsabilidade social”, explicou o Professor Hiran Castello, Vice Presidente da ESPM.
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terça-feira, 26 de julho de 2011

Marcas buscam diferenciais para enfrentar a guerra dos tablets no Brasil


Concorrência no segmento cresce com entrada de marcas como Samsung e Motorola 

 

Por Cláudio Martins, do Mundo do Marketing |




Os tablets estão ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Impulsionada pelo iPad (foto), da Apple, a categoria recebe o investimento de marcas como Samsung, Motorola, LG, HP e a brasileira Multilaser, que estão de olho no potencial do segmento.
Segundo uma pesquisa realizada pela International Data Corporation (IDC), foram vendidos 100 mil aparelhos e a projeção para 2011 é de que esse número cresça para cerca de 350 mil unidades. Lançado em abril de 2010, o iPad conquistou o mercado mundial se tornando uma febre entre os aficionados por tecnologia. No fim do ano passado, no entanto, a Apple começou a perder sua soberania.
Durante o último trimestre de 2010, a companhia caiu dos 93% de market share para 73%, enquanto a concorrente Samsung, que havia lançando em novembro o Galaxy Tab, encerrou 2010 com 13% de participação. Ainda assim, a Apple vendeu 4,69 milhões de iPads no primeiro trimestre de 2011 e, em maio, apresentou o iPad 2.
Obstáculo do preço começa a ser vencidoUm dos primeiros desafios para a comercialização do tablets no Brasil foi o preço elevado. Com a aprovação da Medida Provisória 534 pelo Governo brasileiro, no último dia 23 de maio, empresas estrangeiras conquistaram o direito de produzir os aparelhos no Brasil, o que pode reduzir o preço dos aparelhos em até 30%. Mesmo antes da aprovação da chamada “Lei do Bem”, companhias como a Motorola, que lançou o tablet Motorola Xoom (foto, à esquerda) em abril, já comemoram a vendas.
“O desempenho do produto tem sido muito satisfatório e acima das previsões iniciais, considerando que contávamos com a aprovação dos incentivos fiscais em abril. O preço ficou um pouco acima do que desejávamos, mas estamos confiantes de que poderemos muito em breve oferecer o Xoom por um valor mais acessível ao consumidor brasileiro”, diz Rodrigo Vidigal, Diretor de Marketing da Motorola Mobility para a América Latina Leste, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Para atrair o consumidor, a Motorola aposta na oferta de conteúdos. Quem adquirir o produto da empresa ganha assinatura grátis de até cinco revistas da editora Abril durante três meses e download de seis best sellers da Livraria Saraiva. Outro diferencial que o aparelho possui são as saídas HDMI e Mini USB, que dão liberdade de conexão aos usuários para equipamentos da marca e de outros fabricantes.
Samsung aposta na diversificação do mercado Outra marca que investe neste mercado é a Samsung, que trouxe o Galaxy Tab (foto) em 2010 para o Brasil. Para atingir diversos públicos, a empresa pretende diversificar sua produção de tablets e retirar alguns recursos de alguns produtos para tornar o preço mais acessível, de acordo com a segmentação do mercado e as necessidades dos consumidores. Em 2011 estão previstos lançamentos de modelos de 5, 8.9 e 10 polegadas.
“Acreditamos que na medida em que a oferta no mercado se amplia, os consumidores procurarão tablets segundo necessidades específicas. Haverá aqueles que buscarão mais conectividade, outros desempenho e preço. Os lançamentos da Samsung têm o objetivo de atender a todas essas expectativas”, acredita Benjamin Sicsú, Vice-Presidente de Novos Negócios da Samsung, em entrevista ao portal.
Não é apenas a Samsung que tem preparado lançamentos para este ano. Outra empresa que aposta no mercado brasileiro é a LG, que trará para o país o LG Optimus Pad, com o diferencial da gravação de imagens em 3D. A novidade estará disponível no Brasil neste semestre e será produzida na fábrica da empresa, em Taubaté, no estado de São Paulo.
Concorrência começa a aumentar Marcas como HP também entraram no segmento. A empresa lançou este ano o TouchPad, tablet que usa o sistema operacional WebOS, diferente da maioria do mercado, que opera com a plataforma Android. A HP tem planos de comercializar o aparelho no Brasil ainda em 2011. Já a Flyer, se diferencia da concorrência oferecendo uma caneta que permite ao usuário escrever ou desenhar na tela do equipamento, sem precisar usar os dedos. O produto foi lançado no Estado Unidos em maio e ainda não tem previsão de chegar ao Brasil.
Outras novidades que devem estreiar no varejo brasileiro entre julho e agosto são os tablets Win Touch, da CCE, e o Eee Pad Transformer, da Asus. Os produtos foram apresentados na Eletrolar Show 2011, feira de informática, eletroeletrônicos e eletrodomésticos da América Latina, voltada para o segmento de B2B.
Neste mercado há ainda espaço para concorrentes nacionais, como o Oasis (foto, à esquerda) e o Life, da Multilaser. Os produtos utilizam o preço como forma de atrair os consumidores e estão sendo comercializados na internet e nos pontos de venda por valores que variam entre R$ 500,00 e R$800,00. Outra empresa que adotou inicialmente essa estratégia foi a ZTE, ao lançar o V9 em 2010, que chegou ao país custando cerca de R$ 900,00. 
A tendência, entretanto, é que preço deixe de ser considerado um atrativo daqui para frente. “No início do ano, vimos o consumidor comprar tablets mais estimulado pela curiosidade do que pelo entendimento dos reais benefícios do produto. Hoje, começamos a enxergar um comportamento diferente, em que os clientes primeiro procuram compreender as vantagens para depois adquirir um tablet”, afirma o executivo da Motorola, em entrevista ao portal.
Tablets e a sustentabilidade Os tablets também poderão ser grandes aliados da sustentabilidade, colaborando para a redução do uso de papel, principalmente no segmento educacional. O Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, por exemplo, assumiu o compromisso de trocar os livros escolares por tablets até 2015. O projeto deve custar cerca de US$ 2 milhões ao país e prevê também a instalação de redes wireless nas escolas.
A Universidade Estácio de Sá realiza uma iniciativa semelhante no Brasil. Os estudantes que se matricularam em 2011 nos cursos de Direito, Gastronomia e Hotelaria da instituição ganharam o material didático em um tablet Android. O projeto-piloto, que beneficiará os alunos das unidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, pretende gerar uma economia de seis milhões de folhas de papel e, para os próximos cinco anos, a previsão é que sejam reduzidas 240 milhões, quando a universidade ampliará o programa para todos os campi.