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domingo, 28 de maio de 2023

As habilidades profissionais que inteligência artificial ainda não consegue replicar

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Em meio ao debate sobre a substituição de trabalhadores por inteligência artificial, especialistas dizem que há algumas funções que os computadores não vão assumir — pelo menos por enquanto.
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TOPO
Por Kate Morgan, BBC

Postado em 28 de maio de 2023 às 07h45m

Post. N. - 4.632

Especialistas afirmam que existem alguns tipos de trabalho que a inteligência artificial não consegue fazer — ainda — Foto: GETTY IMAGES/via BBC
Especialistas afirmam que existem alguns tipos de trabalho que a inteligência artificial não consegue fazer — ainda — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

Desde o início da Revolução Industrial, surgem ameaças de que novas máquinas — de teares mecanizados a microchips — podem se apropriar dos empregos humanos. Na maior parte das vezes, os humanos levaram a melhor.

Mas, agora, já podemos ver a inteligência artificial onipresente no horizonte. E especialistas afirmam que esta ameaça está se tornando realidade: os robôs realmente estão chegando para assumir parte dos empregos humanos.

Um relatório do grupo financeiro Goldman Sachs, publicado em 2023, estima que a inteligência artificial capaz de gerar conteúdo pode fazer um quarto de todo o trabalho atualmente realizado por seres humanos. Segundo o relatório, 300 milhões de empregos podem ser perdidos para a automação em toda a União Europeia e nos Estados Unidos.

As consequências podem ser desastrosas, de acordo com Martin Ford, autor do livro Rule of the Robots: How Artificial Intelligence Will Transform Everything ("A regra dos robôs: como a inteligência artificial irá transformar tudo", em tradução livre).

"Não é algo que pode acontecer apenas individualmente, pode ser bastante sistêmico", diz ele.

"Pode acontecer com muita gente, talvez subitamente, talvez com todos ao mesmo tempo. E isso traz consequências não só para aqueles indivíduos, mas para toda a economia."

Felizmente, nem tudo são más notícias. Os especialistas fazem uma ressalva: ainda existem coisas que a inteligência artificial não consegue fazer — tarefas que envolvem qualidades claramente humanas, como a inteligência emocional e o pensamento criativo.

Por isso, mudar para funções centralizadas nestas habilidades pode ajudar a reduzir as chances de ser substituído pela inteligência artificial.

"Acho que existem três categorias gerais que vão estar relativamente protegidas no futuro próximo", afirma Ford.

"Primeiro, os empregos genuinamente criativos. Você não está fazendo um trabalho previsível, nem simplesmente reorganizando as coisas. Você está genuinamente criando novas ideias e construindo algo novo."

Os robôs podem fornecer diagnóstico mais rápido de certas doenças, mas os pacientes ainda querem ser informados e orientados por seres humanos — Foto: GETTY IMAGES/via BBC
Os robôs podem fornecer diagnóstico mais rápido de certas doenças, mas os pacientes ainda querem ser informados e orientados por seres humanos — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

Isso não significa, necessariamente, que todos os empregos considerados "criativos" estejam seguros. Na verdade, atividades como o design gráfico e relacionadas às artes visuais podem estar entre as primeiras a desaparecer. Algoritmos básicos podem orientar um robô a analisar milhões de imagens, permitindo que a inteligência artificial domine instantaneamente a estética.

Mas existe alguma segurança em outros tipos de criatividade, segundo Ford:

"Na ciência, na medicina e no direito... pessoas cujos empregos geram novas estratégias legais ou comerciais. Acho que, ali, continuará a haver um lugar para seres humanos."

A segunda categoria protegida, de acordo com Ford, é a dos empregos que exigem relações interpessoais sofisticadas. Ele destaca enfermeiros, consultores comerciais e jornalistas investigativos.

Para ele, estes são empregos "nos quais você precisa de compreensão muito profunda das pessoas. Acho que vai levar muito tempo até que a inteligência artificial tenha a capacidade de interagir da forma que realmente estabelece relacionamentos."

A terceira zona segura, na opinião de Ford, é a dos "empregos que realmente exigem muita mobilidade, agilidade e capacidade de solução de problemas em ambientes imprevisíveis".

Muitos empregos no setor de serviços — eletricistas, encanadores, soldadores etc. — se encaixam nesta classificação.

"São tipos de trabalho em que você lida com uma nova situação o tempo todo", ele acrescenta ele.

"Provavelmente, são os de mais difícil automação. Para automatizar trabalhos como estes, você precisaria de um robô de ficção científica. Você precisaria do C-3PO de Star Wars."

Embora os empregos que se enquadram nestas categorias provavelmente vão continuar sendo ocupados por seres humanos, isso não significa que essas profissões estejam totalmente protegidas contra a ascensão da inteligência artificial.

Na verdade, segundo a professora de economia trabalhista Joanne Song McLaughlin, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, a maioria dos empregos, independentemente do setor, tem aspectos que provavelmente serão automatizados pela tecnologia.

Para ela, "em muitos casos, não existe ameaça imediata aos empregos, mas as tarefas vão mudar". Os empregos humanos vão ficar mais concentrados nas habilidades interpessoais, segundo McLaughlin.

Empregos no setor de serviços e que exigem grande mobilidade provavelmente estão mais protegidos contra a automação — Foto: GETTY IMAGES/via BBC
Empregos no setor de serviços e que exigem grande mobilidade provavelmente estão mais protegidos contra a automação — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

"É fácil imaginar, por exemplo, que a inteligência artificial vai detectar câncer muito melhor do que os seres humanos", ela explica.

"No futuro, imagino que os médicos vão usar essa nova tecnologia. Mas não acho que todo o papel do médico será substituído."

McLaughlin afirma que, embora um robô possa ostensivamente fazer um trabalho melhor de diagnóstico do câncer, a maioria das pessoas ainda vai querer um médico — uma pessoa de verdade — para informá-las.

Ela acrescenta que isso é válido para quase todos os empregos e, por isso, desenvolver habilidades distintamente humanas poderá ajudar as pessoas a aprender a fazer seus trabalhos em parceria com a inteligência artificial.

"Acho que é inteligente pensar: 'Que tipo de tarefas no meu trabalho serão substituídas ou feitas com melhor qualidade pelo computador ou pela inteligência artificial? E quais são minhas habilidades complementares?'"

McLaughlin menciona o exemplo dos caixas bancários, que, antigamente, precisavam contar dinheiro com muita precisão. Agora, esta tarefa foi automatizada, mas ainda existe lugar no banco para os caixas.

"A tarefa de contar dinheiro ficou obsoleta devido à máquina", ela explica.

"Mas, agora, os caixas se concentram mais em criar um relacionamento com os clientes e apresentar novos produtos. As habilidades sociais ficaram mais importantes."

É preciso observar, segundo Ford, que um nível de escolaridade avançado ou um cargo com alto salário não são defesas contra a chegada da inteligência artificial.

"Podemos pensar que as pessoas em cargos administrativos estão em posição superior na cadeia alimentar em relação a alguém que dirige um carro para viver", ele afirma.

"Mas o futuro do funcionário de escritório está mais ameaçado do que o do motorista de Uber, pois ainda não temos carros autônomos, enquanto a inteligência artificial pode certamente escrever relatórios."

"Em muitos casos, os profissionais formados serão mais ameaçados do que aqueles com menos formação. Pense na pessoa que trabalha limpando quartos de hotel — é muito difícil automatizar esse serviço."

Em resumo, procurar trabalho em ambientes dinâmicos e versáteis, que incluem tarefas imprevisíveis, é uma boa forma de evitar perder o emprego para a inteligência artificial. Pelo menos, por enquanto.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.

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sexta-feira, 26 de maio de 2023

5 negócios do Google e de outros gigantes que prometiam muito e fracassaram

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Blockbuster e site precursor das redes sociais também estão entre ideias promissoras que não duraram muito.
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TOPO
Por BBC

Postado em 26 de maio de 2023 às 15h05m

Post. N. - 4.631

Cofundador do Google, Sergey Brin, com seu Google Glass — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Cofundador do Google, Sergey Brin, com seu Google Glass — Foto: GETTY IMAGES via BBC

No mundo dos negócios, como em tantos outros, tudo começa com uma ideia.

Essa ideia recebe investimentos em tempo e dinheiro, até ficar pronta para ser lançada e observada para ver se faz ou não sucesso.

Algumas dessas ideias progridem muito, como o Facebook e a Amazon. Mas muitas outras fracassam, por uma série de razões.

Os entusiastas da tecnologia costumam citar frequentemente o caso do sistema de vídeo Betamax, da Sony. Ele recebeu enormes elogios por sua qualidade superior à do sistema VHS, mas acabou perdendo para o concorrente por falta de habilidade na sua campanha de marketing.

Da mesma forma, outras empresas de sucesso também foram responsáveis por alguns dos maiores fracassos da história. Por quê?

1. Google Glass

Indicado pela revista Times como uma das melhores invenções de 2012, o Google Glass foi um projeto que contou com o apoio apaixonado de Sergey Brin, um dos fundadores do mecanismo de busca.

O que não era de se estranhar. O Google Glass parecia ter saído de um filme de ficção científica — óculos de alta tecnologia com uma tela de visualização frontal, que mostrava informações que se deslocavam pela linha de visão do usuário, tudo ativado por gestos ou comandos de voz.

Com eles, você poderia encontrar seu caminho orientado por um mapa sobreposto à sua realidade; suas mensagens apareceriam diante dos seus olhos; um único gesto seria suficiente para você tirar fotos ou gravar vídeos; e um comando de voz faria você se comunicar com quem desejasse.

O produto foi criado em meio ao clamor permanente pela informática portátil. Mas, embora a utilidade e a imagem do Google Glass fossem atraentes, as preocupações com privacidade acabaram agindo contra ele, já que oferecia ao seu usuário a possibilidade de filmar e fotografar outras pessoas sem ser observado.

A ideia de que alguém pudesse ser gravado sem saber acabou sendo incômoda demais para as pessoas. E, para os estabelecimentos comerciais, como restaurantes e salas de cinema, a possibilidade de que seus clientes usassem óculos com câmeras também não foi bem recebida.

Três anos depois do lançamento, o Google Glass foi descartado.

O projeto foi ressuscitado em 2017, com o Glass at Work, orientado não ao público em geral, mas para as empresas. Eles eram úteis, por exemplo, para oferecer notificações em tempo real no ambiente médico ou para ler QR code.

Mas as tentativas de fazer reviver a ideia não foram suficientes para mantê-la por muito mais tempo. Em março de 2023, o Google colocou ponto final aos seus óculos futuristas.

2. Olestra

Descoberto por cientistas da empresa norte-americana Procter & Gamble na década de 1960, Olestra era um substituto da gordura que não era absorvido pelo corpo.

Olestra foi testado em bolos, rosquinhas e sorvetes, reduzindo seu teor de calorias em até 50%.

Ele prometia ser a panaceia para a dieta das pessoas, que poderiam desfrutar dos alimentos sem sofrer as consequências negativas. E era uma ótima solução para a multinacional, que ganharia muito dinheiro com a venda do produto.

Mas os comentários sobre os testes com Olestra foram desastrosos e repugnantes.

Todos tinham a mesma reclamação, explica o cientista de alimentos Peter Berry Ottaway, vazamentos anais que saem do reto sem nenhum controle.

A Procter & Gamble reformulou o produto, concentrando-se na produção de salgadinhos. E, em 1990, pediu a aprovação da Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês).

A aprovação chegou seis anos depois, mas os produtos que usavam Olestra precisariam declarar que podem causar cólicas abdominais e fezes moles.

Inicialmente, os consumidores não desaminaram. Paralelamente, começaram a surgir resultados médicos melhores sobre os efeitos secundários do produto.

Mas surgiu uma campanha feroz e contínua contra o uso de Olestra pelo Centro para a Ciência no Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês). E, como se não bastasse, o produto se tornou alvo de piadas dos comediantes da televisão norte-americana.

Tudo isso levou ao fim do Olestra.

"Realmente, foi uma guerra de relações públicas", segundo o milionário empreendedor Sam White. Ele declarou que, se fosse a Procter & Gamble, "teria continuado lutando".

3. Blockbuster

Há 20 anos, a Blockbuster fazia parte da paisagem urbana ao redor do mundo — Foto: Ron Heflin/AP
Há 20 anos, a Blockbuster fazia parte da paisagem urbana ao redor do mundo — Foto: Ron Heflin/AP

Lançado em 1985 em Dallas, no Estado americano do Texas, o videoclube Blockbuster ("sucesso de bilheteria", em inglês) fez jus ao seu nome por quase 30 anos.

No seu auge, em 2004, a empresa gigante do aluguel de filmes chegou a ter 9 mil lojas em todo o mundo, 84 mil funcionários e receita de quase US$ 5,9 bilhões (cerca de R$ 29,5 bilhões).

Mas, naquela altura, a empresa já havia cometido um erro grave: no ano 2000, deixou passar a oportunidade de comprar a Netflix.

A plataforma de streaming norte-americana havia sido fundada em 1997, oferecendo um serviço de aluguel de DVDs pelo correio.

A Netflix ofereceu à Blockbuster a possibilidade de acrescentar uma plataforma online à sua operação de aluguel de fitas e DVDs. Em troca, a Blockbuster dedicaria um espaço à Netflix nas suas lojas.

A Blockbuster recusou esta e outras oportunidades, segundo a Netflix, que acabou se tornando sua principal ameaça. Foi o momento decisivo para a sua queda.

"É muito fácil para as pessoas intoxicar-se com o sucesso e começar a acreditar que nada irá se interpor no seu caminho, o que não acontece, pela minha experiência", observa White.

A Blockbuster havia se interessado em oferecer seus próprios serviços de transmissão. Este enfoque mudou depois de 2005, quando a gigante da comunicação Viacom vendeu a companhia, deixando-a repleta de dívidas. E uma compra posterior por "investidores ativistas" impediu a inovação da empresa.

Lançado pela engenheira da computação Julie Pankhurst e seu marido Steve em julho de 2000, o site Friends Reunited (Amigos reunidos, em inglês) ajudava as pessoas a encontrar seus velhos amigos da escola.

Precursor das redes sociais, o site teve crescimento inicial extremamente modesto. Mas, depois que foi mencionado em um programa de rádio da BBC, o Friends Reunited ganhou força. No final de 2002, já havia atraído 8 milhões de usuários.

A transição do acesso gratuito para a assinatura paga foi inevitável, mas não reduziu o entusiasmo, nem a má publicidade, alimentada por histórias de velhos amigos de escola tendo casos e professores caluniados.

O Friends Reunited conseguiu se manter até ser vendido para o canal de TV britânico ITV em 2005, por 175 milhões de libras (cerca de R$ 1,08 bilhão). Mas a aquisição foi um fracasso e, em 2009, a ITV se desfez do site por apenas 25 milhões de libras (cerca de R$ 154,5 milhões).

O canal de televisão pagou demais por uma peça central da sua estratégia digital, mas que era um negócio que, culturalmente, não estava no lugar certo, segundo White. E, mesmo com o seu drástico destino, o empresário acredita que o Friends Reunited poderia ter enfrentado os Facebooks da vida.

5. Sinclair C5

O triciclo elétrico C5 (com pedalagem assistida) foi um veículo individual lançado com grande alarde no dia 10 de janeiro de 1985.

Ele foi anunciado como o futuro do transporte — uma máquina não poluente, capaz de levar seu motorista aonde precisar, substituindo os automóveis superdimensionados e pouco eficientes.

Idealizado pelo célebre inventor britânico Clive Sinclair (1940-2021), o Sinclair C5 prometia ser mais uma de suas criações bem sucedidas, ao lado da primeira calculadora eletrônica de bolso e do seu popular microcomputador doméstico ZX Spectrum.

Mas, junto com o DeLorean (o carro que ganhou fama nos filmes da série De Volta para o Futuro), o C5 acabou sendo um dos fracassos de transporte mais espetaculares da década de 1980.

E, neste caso, o baque veio logo no princípio. O veículo havia passado da mesa de desenho direto para o protótipo, sem nenhuma pesquisa de mercado, e teve um problema de imagem quase instantâneo.

A imprensa e o público não observaram o Sinclair C5 como um novo modo de transporte, mas como um brinquedo de alto custo. E ele recebeu críticas por questões de segurança, já que era extremamente baixo, o que o tornava praticamente invisível para os outros veículos.

Além disso, a aparente vantagem de poder ser dirigido por qualquer pessoa com mais de 14 anos, sem habilitação nem capacete, acabou se tornando motivo de preocupação.

Com a má recepção do público, a quantidade de pedidos foi mínima e a produção foi encerrada depois de cerca de oito meses. Mas, mesmo tendo sido ridicularizado de quase todos os lados, o C5 ainda tem seus admiradores.

Com os avanços da tecnologia de baterias e dos sistemas de controle eletrônico de segurança e estabilidade, além da busca de alternativas aos automóveis com motor a gasolina, especialistas se perguntam se o Sinclair C5 não teria sido lançado 30 anos antes do seu tempo.

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quinta-feira, 25 de maio de 2023

Homem paraplégico volta a andar com implantes eletrônicos no cérebro

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Britânico conseguiu voltar a andar simplesmente pensando nisso, graças a implantes cerebrais eletrônicos.
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Por Pallab Ghosh, BBC

Postado em 25 de maio de 2023 às 12h35m

Post. N. - 4.630

Homem paraplégico volta a andar após receber implantes no cérebro em técnica pioneira — Foto: WEBER GILLES
Homem paraplégico volta a andar após receber implantes no cérebro em técnica pioneira — Foto: WEBER GILLES

Um homem paraplégico conseguiu andar simplesmente pensando nisso graças a implantes cerebrais eletrônicos, uma tecnologia da medicina que, segundo ele, mudou sua vida.

Gert-Jan Oskam, um holandês de 40 anos, perdeu o movimento das pernas em um acidente de bicicleta há 12 anos.

Os implantes eletrônicos transmitem sem fio seus pensamentos para suas pernas e pés por meio de um segundo implante em sua coluna.

O sistema ainda está em estágio experimental, mas foi considerado "muito promissor".

"Eu me sinto como uma criança aprendendo a andar de novo", disse Oskam à BBC.

Ele também pode agora ficar em pé e subir escadas.

"Foi uma longa jornada, mas agora posso me levantar e tomar uma cerveja com meu amigo. É um prazer de que muitas pessoas não têm ideia."

A tecnologia, publicada na revista científica Nature, foi desenvolvida por pesquisadores suíços.

A neurocirurgiã Jocelyn Bloch, professora da Universidade de Lausanne (Suíça) que realizou a delicada cirurgia de inserção dos implantes, destaca que o sistema continua em estágio de pesquisa básica e faltam muitos anos para estar disponível para pacientes com paralisia.

Ela diz à BBC News, no entanto, que o objetivo da equipe era tirá-lo do laboratório e colocá-lo em operação o mais rápido possível.

"O importante para nós não é apenas realizar um experimento científico, mas eventualmente dar mais acesso a mais pessoas com lesões na medula espinhal que estão acostumadas a ouvir dos médicos que precisam se acostumar com o fato de que nunca mais terão movimentos."

Desejo de Gert-Jan de mover as pernas é traduzido por programa de computador em instruções para os músculos das pernas — Foto: WIMAGINE
Desejo de Gert-Jan de mover as pernas é traduzido por programa de computador em instruções para os músculos das pernas — Foto: WIMAGINE

Harvey Sihota é executivo-chefe da ONG britânica Spinal Research, que não participou da pesquisa. Segundo ele, embora haja um longo caminho a percorrer antes que a tecnologia esteja disponível, ela é "muito promissora".

"Embora ainda haja muito a melhorar com essas tecnologias, este é outro passo promissor no campo da neurotecnologia e seu papel na restauração da função e independência de nossa comunidade de lesões na medula espinhal".

A cirurgia para restaurar o movimento de Gert-Jan foi realizada em julho de 2021.

Bloch fez dois orifícios circulares em cada lado do crânio dele, com 5 cm de diâmetro, acima das regiões do cérebro envolvidas no controle do movimento. Em seguida, inseriu dois implantes em forma de disco que transmitem sinais cerebrais sem fio — os desejos de Gert-Jan — para dois sensores presos a um capacete em sua cabeça.

A equipe suíça desenvolveu um algoritmo que traduz esses sinais em instruções para mover os músculos das pernas e pés por meio de um segundo implante inserido ao redor da medula espinhal de Gert-Jan — que Bloch ligou às terminações nervosas relacionadas ao ato de andar.

Os pesquisadores descobriram que, após algumas semanas de treinamento, o paciente conseguia ficar de pé e andar com o auxílio de um andador. Seu movimento é lento, mas suave, segundo o professor Grégoire Courtine, da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), que comandou o projeto.

"Vê-lo andar tão naturalmente é muito comovente", disse. "É uma mudança de paradigma em relação ao que existia antes".

Os implantes cerebrais se baseiam no trabalho anterior de Courtine, quando apenas o implante espinhal era usado para restaurar o movimento. O implante espinhal amplificou sinais fracos do cérebro para a parte danificada da coluna vertebral e foi impulsionado ainda mais por sinais pré-programados de um computador.

Em 2018, a BBC News noticiou como David M'zee foi o primeiro paciente a se beneficiar do implante espinhal, tanto que conseguiu ter um bebê com sua esposa, algo que não era possível anteriormente.

E no ano passado Michel Roccati se tornou a primeira pessoa com uma medula espinhal completamente lesionada a andar como resultado da tecnologia.

Ambos se beneficiaram muito, mas o movimento de caminhada é pré-programado e parece robótico. Eles também têm que manter seus movimentos pretendidos em sintonia com o computador, além de parar e redefini-los se ficarem fora de sincronia.

Gert-Jan tinha apenas o implante espinhal antes de ter os implantes cerebrais. Ele diz que agora tem um controle muito maior. Antes eu sentia que o sistema estava me controlando, mas agora eu o estou controlando.

Nem os sistemas anteriores nem os novos podem ser usados constantemente. São volumosos e ainda em fase experimental.

Em vez disso, os pacientes os usam por cerca de uma hora, algumas vezes por semana, como parte de sua recuperação.

O ato de caminhar treina seus músculos e restaura um certo grau de movimento quando o sistema é desligado, indicando que os nervos danificados podem estar crescendo novamente.

O objetivo final é miniaturizar a tecnologia. A Onward Medical, empresa do professor Courtine, está fazendo melhorias para comercializar a tecnologia para que ela possa ser usada no dia-a-dia das pessoas.

"Está chegando", diz Courtine. "Gert-Jan recebeu o implante 10 anos após o acidente. Imagine quando aplicarmos nossa interface cérebro-espinha algumas semanas após a lesão. O potencial de recuperação é tremendo", conclui ele.

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