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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Marcas buscam diferenciais para enfrentar a guerra dos tablets no Brasil


Concorrência no segmento cresce com entrada de marcas como Samsung e Motorola.




** - Por Cláudio Martins

Os tablets estão ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Impulsionada pelo iPad (foto), da Apple, a categoria recebe o investimento de marcas como Samsung, Motorola, LG, HP e a brasileira Multilaser, que estão de olho no potencial do segmento.


Segundo uma pesquisa realizada pela International Data Corporation (IDC), foram vendidos 100 mil aparelhos e a projeção para 2011 é de que esse número cresça para cerca de 350 mil unidades. Lançado em abril de 2010, o iPad conquistou o mercado mundial se tornando uma febre entre os aficionados por tecnologia. No fim do ano passado, no entanto, a Apple começou a perder sua soberania.


Durante o último trimestre de 2010, a companhia caiu dos 93% de market share para 73%, enquanto a concorrente Samsung, que havia lançando em novembro o Galaxy Tab, encerrou 2010 com 13% de participação. Ainda assim, a Apple vendeu 4,69 milhões de iPads no primeiro trimestre de 2011 e, em maio, apresentou o iPad 2.


Obstáculo do preço começa a ser vencido

Um dos primeiros desafios para a comercialização do tablets no Brasil foi o preço elevado. Com a aprovação da Medida Provisória 534 pelo Governo brasileiro, no último dia 23 de maio, empresas estrangeiras conquistaram o direito de produzir os aparelhos no Brasil, o que pode reduzir o preço dos aparelhos em até 30%. Mesmo antes da aprovação da chamada “Lei do Bem”, companhias como a Motorola, que lançou o tablet Motorola Xoom (foto, à esquerda) em abril, já comemoram a vendas.


“O desempenho do produto tem sido muito satisfatório e acima das previsões iniciais, considerando que contávamos com a aprovação dos incentivos fiscais em abril. O preço ficou um pouco acima do que desejávamos, mas estamos confiantes de que poderemos muito em breve oferecer o Xoom por um valor mais acessível ao consumidor brasileiro”, diz Rodrigo Vidigal, Diretor de Marketing da Motorola Mobility para a América Latina Leste, em entrevista ao Mundo do Marketing.


Para atrair o consumidor, a Motorola aposta na oferta de conteúdos. Quem adquirir o produto da empresa ganha assinatura grátis de até cinco revistas da editora Abril durante três meses e download de seis best sellers da Livraria Saraiva. Outro diferencial que o aparelho possui são as saídas HDMI e Mini USB, que dão liberdade de conexão aos usuários para equipamentos da marca e de outros fabricantes.


Samsung aposta na diversificação do mercado
Outra marca que investe neste mercado é a Samsung, que trouxe o Galaxy Tab (foto) em 2010 para o Brasil. Para atingir diversos públicos, a empresa pretende diversificar sua produção de tablets e retirar alguns recursos de alguns produtos para tornar o preço mais acessível, de acordo com a segmentação do mercado e as necessidades dos consumidores. Em 2011 estão previstos lançamentos de modelos de 5, 8.9 e 10 polegadas.


“Acreditamos que na medida em que a oferta no mercado se amplia, os consumidores procurarão tablets segundo necessidades específicas. Haverá aqueles que buscarão mais conectividade, outros desempenho e preço. Os lançamentos da Samsung têm o objetivo de atender a todas essas expectativas”, acredita Benjamin Sicsú, Vice-Presidente de Novos Negócios da Samsung, em entrevista ao portal.


Não é apenas a Samsung que tem preparado lançamentos para este ano. Outra empresa que aposta no mercado brasileiro é a LG, que trará para o país o LG Optimus Pad, com o diferencial da gravação de imagens em 3D. A novidade estará disponível no Brasil neste semestre e será produzida na fábrica da empresa, em Taubaté, no estado de São Paulo.


Concorrência começa a aumentar
Marcas como HP também entraram no segmento. A empresa lançou este ano o TouchPad, tablet que usa o sistema operacional WebOS, diferente da maioria do mercado, que opera com a plataforma Android. A HP tem planos de comercializar o aparelho no Brasil ainda em 2011. Já a Flyer, se diferencia da concorrência oferecendo uma caneta que permite ao usuário escrever ou desenhar na tela do equipamento, sem precisar usar os dedos. O produto foi lançado no Estado Unidos em maio e ainda não tem previsão de chegar ao Brasil.


Outras novidades que devem estreiar no varejo brasileiro entre julho e agosto são os tablets Win Touch, da CCE, e o Eee Pad Transformer, da Asus. Os produtos foram apresentados na Eletrolar Show 2011, feira de informática, eletroeletrônicos e eletrodomésticos da América Latina, voltada para o segmento de B2B.


Neste mercado há ainda espaço para concorrentes nacionais, como o Oasis (foto, à esquerda) e o Life, da Multilaser. Os produtos utilizam o preço como forma de atrair os consumidores e estão sendo comercializados na internet e nos pontos de venda por valores que variam entre R$ 500,00 e R$800,00. Outra empresa que adotou inicialmente essa estratégia foi a ZTE, ao lançar o V9 em 2010, que chegou ao país custando cerca de R$ 900,00.


A tendência, entretanto, é que preço deixe de ser considerado um atrativo daqui para frente. “No início do ano, vimos o consumidor comprar tablets mais estimulado pela curiosidade do que pelo entendimento dos reais benefícios do produto. Hoje, começamos a enxergar um comportamento diferente, em que os clientes primeiro procuram compreender as vantagens para depois adquirir um tablet”, afirma o executivo da Motorola, em entrevista ao portal.


Tablets e a sustentabilidade
Os tablets também poderão ser grandes aliados da sustentabilidade, colaborando para a redução do uso de papel, principalmente no segmento educacional. O Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul, por exemplo, assumiu o compromisso de trocar os livros escolares por tablets até 2015. O projeto deve custar cerca de US$ 2 milhões ao país e prevê também a instalação de redes wireless nas escolas.


A Universidade Estácio de Sá realiza uma iniciativa semelhante no Brasil. Os estudantes que se matricularam em 2011 nos cursos de Direito, Gastronomia e Hotelaria da instituição ganharam o material didático em um tablet Android. O projeto-piloto, que beneficiará os alunos das unidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, pretende gerar uma economia de seis milhões de folhas de papel e, para os próximos cinco anos, a previsão é que sejam reduzidas 240 milhões, quando a universidade ampliará o programa para todos os campi.

Religião movimenta mercado de produtos segmentados


Além de livros, CDs e DVDs, setor abre espaço para alimentos e itens de decoração...




** Por Cláudio Martins

O mercado de produtos religiosos brasileiro mostra um potencial crescente de vendas. O melhor exemplo está no setor fonográfico, com o sucesso dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo e as cantoras evangélicas Aline Barros e Cassiane. Empresas como Sony Music, Som Livre, MK Publicitá e Paulinas estão entre as principais gravadoras que apostam neste segmento.

Mas não são apenas os CDs e DVDs que ganham popularidade neste mercado. A área editorial também é muito procurada pelos consumidores e disponibiliza diversas obras, além do livro mais vendido e traduzido em todo mundo: a Bíblia. Há ainda outros nichos para investimento, como a produção de alimentos para judeus e produtos ligados a crenças orientais, como Hinduísmo e Budismo.

Após analisar o mercado fonográfico brasileiro durante 10 anos, a Sony Music lançou em 2010 o selo “Gospel” e começou o processo de construção de seu casting nacional. Atualmente, a gravadora conta com 15 artistas e o plano para 2011 é a consolidação no segmento. “Nos Estados Unidos, a Sony Music é a principal gravadora gospel do país. Aqui no Brasil estamos entre as três primeiras em menos de dois anos”, afirma Maurício Soares, Diretor Executivo do Segmento Gospel da Sony Music, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Sony investe no público evangélico

Para alcançar este resultado, a empresa investe na distribuição em canais específicos. Estudando o comportamento do público evangélico, a gravadora compreendeu a importância que as livrarias têm para este tipo de consumidor. O ponto de venda é encarado pelos clientes como verdadeiras “lojas de conveniência”, onde eles encontram não somente livros e CDs, mas também camisas, canecas e objetos para decoração de igrejas e domicílios.

Outra grande aposta da companhia neste ano é a gravação do DVD da cantora Damares de Oliveira, intérprete do álbum “Diamante”, lançado em novembro do ano passado e que vendeu mais de 350.000 cópias. Também está previsto para setembro a produção de um DVD especial em comemoração aos 100 anos da Assembleia de Deus no Brasil, completados em junho, e a produção de materiais de merchandising, como canecas, camisetas e canetas.

Entre os evangélicos, os pentecostais, representados por grupos como a Assembleia de Deus, são os consumidores mais expressivos dos produtos do selo Gospel da Sony. Em sua maioria são pertencentes às classes C e D, que preferem adquirir CDs e DVDs em lojas físicas do que comprar pela internet. Segundo dados da empresa, 95% das vendas do selo Gospel ainda são originadas nas revendas.

Padre cantor desbanca Beyoncé
Os pentecostais não representam somente a maioria entre os consumidores da Sony. O censo do IBGE de 2000 indicou que cerca de 26 milhões dos 170 milhões de brasileiros recenseados no período eram evangélicos e, destes, 13,5 milhões, pentecostais. Para 2010, as estimativas do instituto são maiores, com um total de 36,5 milhões de evangélicos, sendo mais de 30 milhões pentecostais.

Mesmo sendo maioria no país, com 124,98 milhões de brasileiros, os católicos começaram a perder terreno não somente para os pentecostais, mas também para os chamados neopentecostais, membros da Igreja Universal do Reino de Deus e das tradicionais Batista, Metodista, Presbiteriana e Luterana. Nesse momento começaram a surgir figuras como o Padre Marcelo Rossi, em 1998, em uma tentativa de transformar a imagem ultrapassada que a Igreja Católica vinha apresentando.



O cantor fez sucesso, vendendo mais de três milhões de cópias com o CD “Músicas para louvar ao Senhor” (foto), álbum que encabeça a lista dos discos brasileiros mais vendidos no Brasil. O desempenho de Marcelo Rossi também estimulou o surgimento de outro artista, o Padre Fábio de Melo. O cantor conseguiu desbancar ícones nacionais e internacionais, como Chitãozinho e Xororó e Beyoncé, no ranking de 2009 da Associação Brasileira de Produtores de Discos, com o CD “Iluminar”, da gravadora Som Livre.

Bíblia para todos os gostos
Mas quando o assunto é o mercado religioso, a Bíblia ainda é o produto líder de vendas. Em 2011, a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) comemorou 100 milhões de impressões e lançou uma Bíblia especial para a celebração. Criada em 1948 por líderes cristãos, a organização conta hoje com vários tipos de Bíblias em seu portfólio para atender as demandas dos consumidores. Entre as opções, há Bíblias personalizadas para jovens, mulheres, crianças e até versões em braile (foto).

Os preços também variam entre a versão econômica de R$ 2,00, até publicações custando mais de R$ 100,00. “Os evangélicos também são maioria entre os compradores de Bíblias, mas nos últimos anos a importância do livro cresceu entre os católicos também. A distribuição é realizada segundo a demanda das igrejas protestantes e católicas, maior nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, diz Erni Seibert, Secretário de Comunicação e Ação Social da Sociedade Bíblica Brasileira, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Preocupada em difundir a leitura da Bíblia, a SBB também desenvolve programas específicos de atendimento social em diferentes situações. A organização distribui o livro após desastres naturais, como enchentes, e em regiões carentes do Nordeste e do Norte brasileiros. Na Região Amazônica, a instituição conta ainda com dois barcos para ampliar a distribuição de Bíblias. Mantendo estas iniciativas, a SBB conseguiu entregar quase seis milhões de cópias do livro sagrado entre 2009 e 2010.

Dificuldades para compreender o mercado

Mesmo com esse aspecto próspero, o setor precisa de informações detalhadas. Uma variante que interfere na busca de um conhecimento mais profundo sobre o perfil deste consumidor é a diversidade de crenças no Brasil. “Antigamente você poderia dividir o Brasil entre católicos, protestantes, judeus etc... Hoje, essa segmentação não funciona mais, porque precisamos conhecer também a qual linha religiosa dentro de cada crença o consumidor pertence para compreendê-lo melhor”, explica Mário René, professor da ESPM São Paulo e estudioso do comportamento deste mercado, em entrevista ao portal.

Para minimizar a falta de dados sobre o setor, a ESPM planeja a criação de um núcleo de estudos voltado para reunir informações especificamente sobre o assunto. Mas o professor ressalta que também se deve olhar para outras oportunidades além do setor de produtos cristãos. “Em São Paulo, por exemplo, existe a Kosher Mart, empresa que vende alimentos para judeus, grupo que possui uma série de restrições alimentares”.

Outro desafio para investir fora do segmento cristão é compreender a relação da religião com o consumo. Crenças como o Hinduísmo e o Budismo são pregadoras do desapego a bens materiais, mas existe uma grande oferta de produtos, como roupas com estampas de deuses indianos, objetos de decoração e incensos. Da mesma forma, podem ser incluidas as crenças afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. Assim como em qualquer outros nicho de mercado, é preciso entender para qual consumidor você está produzindo e conhecer cada detalhe de seu comportamento.



* Atualizado às 15h57, do dia 2 de agosto.