Serviço de pagamento e transferência digital será disponibilizado para consumidores a partir de julho deste ano e concorrerá com aplicativos como PicPay.
Por Thiago Lavado, G1
Postado em 13 de maio de 2019 às 19h00m
Postado em 13 de maio de 2019 às 19h00m
O Itaú anunciou nesta segunda-feira (13) a criação de uma plataforma de carteira digital gratuita, que se chamará Iti. Atualmente em fase de testes, o Iti será disponibilizado para o público a partir de julho.
A ideia é um sistema digital para pagamentos e transferências sem a necessidade de um banco, mais parecido com uma carteira virtual. O serviço não é voltado somente para clientes do Itaú, mas para qualquer pessoa. Segundo Livia Chanes, diretora do Iti, mesmo pessoas sem conta em banco poderão baixar e utilizar o app.
Veja algumas das funcionalidades anunciadas:
- Para colocar dinheiro numa conta do Iti, o cliente pode utilizar cartão de crédito de qualquer banco, boleto bancário ou transferência;
- O cadastro não precisa de submissão de documento nem de comprovação de renda. Apenas CPF, nome, nome da mãe (para evitar homônimos) e uma selfie;
- O cliente não precisa ser bancarizado, nem mesmo ter conta no Itaú;
- Pagamentos podem ser feitos por transferência e código QR;
- Comerciantes poderão receber também usando um código, disponível em um celular, uma tela, ou até impresso;
- Para os contatos que estão na agenda do celular, e também possuírem conta na plataforma, a transferência será facilitada. Entre contas do Iti, as transferências serão gratuitas;
- Libera a transferência por meio de cartão de crédito. Se um cliente tem um cartão cadastrado no Iti e quer transferir para um amigo, pode fazer essa cobrança no cartão;
- Os executivos afirmaram que há conversas com as operadoras de telefonia para disponibilizar o uso do aplicativo sem consumo de dados para o cliente;
- O usuário poderá fazer saques, primeiro em caixas 24h, por meio da geração de um código. A princípio esse serviço será livre de taxas, até o final do ano.
A executiva afirmou que não há um plano de integração do Iti com outras plataformas — serviços de mensagem como o WhatsApp, por exemplo. “Existe um portal de desenvolvedores atualmente, mas com uso restrito para plataformas de automação do varejo, por enquanto”, disse Chanes.
De acordo com a executiva, até mesmo a criação de um cartão físico, vinculado ao Iti, está nos planos futuros.
O Iti é diferente de outros serviços de pagamento digital, como Apple Pay e Google Pay, que funcionam vinculados necessariamente a um cartão de crédito e dependem do uso de maquininha.
Esse modelo de pagamentos e transferências, com base em códigos QR, é muito comum na China, onde a tecnologia permitiu à população pular os pagamentos em cartão de crédito, indo do dinheiro para o digital.
Um exemplo é o uso de pagamentos na plataforma WeChat, espécie de WhatsApp da China, que conta também com uma carteira digital para transferência e pagamentos. Por conta desse sistema, é facilitado para consumidores na China comprar comida em barracas na rua, por exemplo.
Apesar disso, segundo Chanes, o aplicativo foi desenhado para resolver os problemas do Brasil. “Nossa decisão não foi nos espelhar no que já existe nesse mercado no país, não pode ser comparado com o que pode ser disponibilizado e testado no Brasil”, afirmou.
A concorrente Cielo já havia lançado, no final do ano passado, um sistema de pagamento via código QR, que poderia ser usado para realizar pagamentos em outras carteiras digitais, como PicPay. Questionado sobre a baixa adesão a essa forma de pagamento no Brasil, Márcio Schettini, diretor geral do banco Itaú, afirmou que "nenhuma das soluções do mercado tem a abrangência que nós propusemos ter o Iti".
Sem maquininha para as lojas
A solução também conta com uma interface para uso por comerciantes no varejo. De acordo com Chanes, será possível para lojistas usar o aplicativo para receber pagamentos, sem a necessidade de cartão de crédito ou maquininha.
Um comerciante pode receber pagamentos pelo Iti gerando um código QR em um celular ou disponibilizando um código impresso para os consumidores, por exemplo. O serviço não terá mensalidade e nem necessitará de maquininha.
Nesse método de pagamento, o comerciante paga 1% como taxa pela transferência e recebe o dinheiro na hora, independente do horário em que a transação tenha sido feita. Mesmo que o cliente pague com cartão de crédito vinculado ao Iti, o dinheiro cairá na hora na conta do lojista.
Máquinas da Rede, que também é do Itaú, receberão uma função para gerar os códigos QR para receber pagamentos também. “É um serviço a mais disponibilizado pela máquina da Rede”, disse Marcos Magalhães, presidente da Rede, que afirmou não acreditar que os dois serviços competirão entre si.
O banco não revelou o quanto investiu para desenvolver o Iti, mas afirmou que a quantia é grande e que tem mais de 300 pessoas trabalhando no projeto há pelo menos um ano.