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Depois que os perfis são hackeados, os criminosos passam a fazer anúncios e enganar seguidores. Modalidade se destaca entre as tentativas de fraudes que somaram mais de 4 milhões de casos no país em 2021, segundo dados da Serasa Experian - alta de 16,8%.===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Clara Velasco e Fernando Mancini, g1 e TV Globo
Postado em 09 de março de 2022 às 14h35m
Post. N. - 4.297
Especialistas dão dicas para evitar golpes digitais nas redes sociais
Basta uma navegada despretensiosa nas redes sociais para encontrar anúncios de produtos que vão de veículos a eletrodomésticos. Em geral, os preços são bem atrativos. Mas como saber se o produto existe mesmo ou não?
A dúvida surge porque uma modalidade de crime digital está crescendo e chamando a atenção nos últimos meses: é a invasão de redes sociais. Depois que os perfis são hackeados, os criminosos passam a fazer anúncios e aplicar golpes nos seguidores.
Foi o que aconteceu com o professor Carlos Rodrigues, de 57 anos. No dia 9 de fevereiro, enquanto aguardava por uma reunião, ele recebeu uma notificação de acesso ao seu perfil do Instagram. Ao ver o que tinha acontecido, já era tarde demais. "Descobri que haviam hackeado o meu Instagram e eu já não tinha mais acesso", diz.
A partir disso, vários anúncios de produtos que Carlos nunca teve foram publicados em sua rede social. Foram oferecidos produtos de eletrônicos como celular e console de videogame, bem como de móveis e eletrodomésticos.
Carlos conta que sua filha e seus sobrinhos desconfiaram dos anúncios assim que viram, já que ele não costumava fazer esse tipo de publicação.
"Eu nunca vendi nada no Instagram, aí começaram a vender produtos, eletrodomésticos. O meu perfil sempre foi de colocar coisas de família. Comemorações, conquistas, um perfil totalmente diferenciado do que estava acontecendo", diz.
Ele fez um boletim de ocorrência e começou a avisar a maior quantidade de conhecidos e seguidores sobre o golpe. Mas, mesmo assim, duas pessoas caíram nas fraudes dos criminosos.
"Uma pessoa chegou a efetuar uma parte de um pagamento de Playstation e perdeu [o dinheiro]. E tive uma outra colega que teve o Instagram dela hackeado porque eles mandaram em meu nome um link. Ela achou que fosse eu e acessou o link", diz Carlos.
Ele conta que tem medo do que os criminosos podem fazer com a sua conta. "Vai saber que tipo de publicação pode fazer, e pode até mesmo detonar a minha imagem perante toda uma sociedade", diz. "[Me senti] invadido, desrespeitado."
Anúncios começaram a ser postados na rede social de Carlos depois que sua conta foi roubada — Foto: Reprodução
Em nota, o Instagram informou que trabalha na implementação de recursos que, quando acionados, são capazes de barrar a invasão de contas, bem como a detecção e a remoção de perfis falsos.
Casos aumentam no país
Assim como Carlos, muitos outros brasileiros são vítimas de golpes todos os dias. Só no ano de 2021, foram mais de 4 milhões de tentativas de fraudes no Brasil, segundo dados da Serasa Experian - um aumento de 16,8% em relação a 2020. Isso quer dizer que, a cada sete segundos, há uma tentativa de fraude no país.
"Esse tipo de golpe acontece basicamente explorando a confiança que os seguidores têm na conta. Esses seguidores não sabem que essa conta foi invadida, foi tomada por um criminoso", diz Hiago Kin, presidente da Associação Brasileira de Segurança Cibernética.
"Quanto menos seguidores a pessoa tem, a gente considera que as pessoas que seguem são mais de confiança. São familiares, são amigos, são pessoas próximas. Então esse tipo de golpe em particular é um golpe mais orientado à confiança que os seguidores têm na pessoa", diz Kin.
Os roubos de perfis costumam acontecer por conta de vazamentos de dados. Uma pessoa pode clicar em algum link fraudulento e fornecer as suas informações sem saber que se trata de um golpe, por exemplo.
Inclusive, o Brasil está entre os países com mais ataques de phishing (mensagens fraudulentas) do mundo, segundo um levantamento feita pela companhia de segurança digital Kaspersky. Considerando a proporção de usuários atacados em 2021, o Brasil está na primeira colocação do ranking, com 15,4% dos internautas registrando tentativas.
O advogado Luiz Augusto D'Urso, especialista em crimes digitais, diz que, desde novembro de 2021, houve um aumento muito grande de casos parecidos com o de Carlos. "No nosso escritório, tivemos um aumento de 1000% nos últimos quatro meses", diz.
Segundo D'urso, há dois perfis de vítima nestes golpes: o que tem a rede social roubada e a que se envolve com os anúncios feitos pelos criminosos.
"A vítima que faz a transferência para adquirir aquele produto do criminoso deve lavrar o boletim de ocorrência. Também deve ligar imediatamente para o banco da sua conta e também na conta do destino para denunciar a transação ilícita e solicitar o bloqueio das transferências", diz.
"O titular do perfil [da rede social] também deve fazer o boletim de ocorrência, uma vez que alguém está se passando por ele em sua conta e vitimando pessoas."
D'Urso ainda lembra que, no ano passado, golpes digitais tiveram suas penas ampliadas para até oito anos de prisão. "Já há previsão do crime em si. Por exemplo, o crime de invasão de dispositivo informático, o crime da fraude eletrônica e o de estelionato. (...). Mas o grande problema é encontrar esses criminosos. Então o país ainda carece de investimento público na polícia científica judiciária para que se investigue melhor os crimes da internet, os chamados cibercrimes", diz.
Dicas para evitar cair em golpes nas redes sociais
Diante do aumento dos casos, os especialistas dão algumas dicas de como evitar se tornar uma vítima desses golpes nas redes sociais:
- Fazer confirmação em duas etapas: "As redes sociais disponibilizam opções de segurança além da própria senha, que são as chamadas confirmações em duas etapas ou autenticação de dois fatores. Então, além da senha, pode pedir a verificação através de uma mensagem de texto ou um aplicativo com token", diz D'urso.
- Conversar com a pessoa antes de comprar algo anunciado na redes social: "O primeiro passo é você fazer perguntas para aquela pessoa, perguntas particulares. Isso é muito importante. Se for o caso, você pode ligar diretamente para essa pessoa", diz Kin. Dessa forma, você garante que está conversando com alguém de confiança, e não com um golpista.
- Não emprestar dinheiro pela internet: "Não emprestar dinheiro por Whatsapp ou pela internet. Marque um encontro. (...) Quando você toma esse posicionamento, o golpista foge", diz.
- Nunca passar a senha para outras pessoas Mesmo para familiares e pessoas próximas.
- Ter cuidado antes de clicar em links desconhecidos: "Tem que ter muita cautela com links recebidos através destas plataformas, seja por rede social ou por aplicativo de mensagem", diz D'urso. Segundo ele, uma das formas mais comuns de roubar as redes sociais das pessoas é através do roubo de dados, que costuma acontecer quando as pessoas clicam em links suspeitos.
- Evitar se expor: "É bom ficar atento a qualquer tipo de dado que você coloca na internet. rede social não exige nenhum tipo de informação oficial de dados pessoais, como nome completo ou CPF. Você pode colocar seu nome e a inicial do seu sobrenome, por exemplo", diz Kin.
- Deixar seu perfil privado: "Quanto menos público for o seu perfil, menor é a chance de você ser vítima de um crime cibernético", diz Kin.