Simon Weckert caminhou pelas ruas de Berlim puxando um carrinho com 99 aparelhos, o que fez o algoritmo do aplicativo pensar que trechos estavam congestionados.
Por G1
postado em 04 de fevereiro de 2020 às 16h30m
Weckert caminha pelas ruas de Berlim com um carrinho cheio de smartphones, o que faz com o que o Google Maps mostre ruas vazias como se estivessem cheias de carros. — Foto: Divulgação/Simon Weckert
postado em 04 de fevereiro de 2020 às 16h30m
Weckert caminha pelas ruas de Berlim com um carrinho cheio de smartphones, o que faz com o que o Google Maps mostre ruas vazias como se estivessem cheias de carros. — Foto: Divulgação/Simon Weckert
Um artista alemão chamado Simon Weckert fez uma instalação inusitada pelas ruas de Berlim.
Puxando um carrinho carregado com 99 smartphones de segunda mão ligados, ele caminhou pelas ruas da cidade apenas para enganar o aplicativo Google Maps — cujo algoritmo aponta quais ruas estão cheias ou não, baseadas no número de dispositivos operantes.
Com tantos aparelhos concentrados no mesmo ponto, Weckert conseguiu enganar o app, que começou a mostrar ruas vazias como se estivessem com trânsito pesado.
De acordo com Weckert, que explicou a ação em uma publicação em seu site, esse tipo de ação tem um impacto no aplicativo que se reflete também no mundo real.
"Com essa atividade é possível transformar uma rua verde em vermelha, o que causa um impacto no mundo físico, com os carros indo para outras rotas para evitar o tráfego", escreveu.
Em entrevista ao site Motherboard, o autor explicou que alugou os 99 smartphones e comprou 99 cartões SIM para eles. Em seguida, passou algumas horas circulando pelos mesmos lugares.
Com a ação, o artista questiona o valor que damos aos dados e o impacto que algoritmos e tecnologias têm em nossas vidas.
"Nós estamos altamente focados nos dados e tendemos a vê-los como objetivos, não ambíguos e livres para interpretação", disse ele ao Motherboard. "Ao fazer isso, existe uma cegueira nos processos que geram os dados e a suposição que números falam por si só. Não só a coleta dos dados dá espaço para interpretação, mas processos de computador também permitem outras interpretações".
O Google, em posicionamento enviado à revista americana "Wired", encarou a ação de maneira positiva. "Nós apreciamos usos criativos do Google Maps como este, já que nos ajuda a melhorar o serviço".