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No Pará, uma iniciativa ganhou força após a pandemia e foi uma saída para alguns produtores venderem produtos. Por outro lado, ferramentas ainda se deparam com problemas antigos do campo, como dificuldade de acessar internet, de produzir em grande quantidade e falta de tecnologia nas lavouras.===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Paula Salati, G1
Postado em 18 de setembro de 2021 às 09h00m
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O Compras Coop-Pa no Pará conectado diretamente o consumidor final a agricultores familiares do estado. — Foto: Divulgação
Aplicativos de compra e venda de comida não são uma novidade, mas quando se trata de comercializar alimentos da agricultura familiar, a ferramenta pode ser inovadora para esses pequenos produtores, que têm dificuldades de acessar mercados.
E a pandemia deu o "start" para que algumas ideias começassem a sair do papel. É o caso Compras Coop-Pa, um aplicativo que tem conectado diretamente o consumidor final a agricultores familiares do estado do Pará, sem intermediários e taxas administrativas.
"Por não ter taxa, o preço que o agricultor coloca no produto é o que ele recebe e é o que o consumidor paga", diz o gerente de desenvolvimento do Sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras no Pará (OCB-PA), Diego Andrade.
O aplicativo, desenvolvido pela OCB em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), foi uma das saídas encontradas por produtores do estado para escoar mercadorias durante a pandemia, que interrompeu, temporariamente, os principais canais de venda do setor: as feiras livres e compras públicas, como as para a merenda escolar.
Outra iniciativa, como a da Associação da Rede de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (RedeCoop), quer criar um canal direto entre agricultores familiares e redes de varejo do Mato Grosso.
O app, chamado de RedeCoop, já está pronto, mas enfrenta gargalos antigos do campo para ser colocado em prática, como a dificuldade de produzir em larga escala, falta de acesso à internet e de tecnologia nas lavouras.
Agricultores familiares lideram produção de frutas e legumes — Foto: Arte/G1
Drive-thru digital do campo
O app Compras Coop-Pa começou a funcionar em um sistema de "drive-thru", onde o consumidor checava onde estaria a feira, fazia o pedido, combinava a hora de retirada e a forma de pagamento por mensagens de textos.
"A partir disso a gente conseguia minimizar a aglomeração", diz Andrade, da OCB - PA.
Lançado como projeto-piloto em meados de 2020, o app foi suspenso temporariamente em julho deste ano para melhorias e será lançado de vez no mercado no próximo mês.
Pelo app Compras Coop-Pa, o consumidor checa a localização feira, faz o
pedido e combina a hora de retirada e a forma de pagamento. — Foto:
Divulgação
Os agricultores familiares da Cooperativa dos Produtores Rurais do município Paragominas (Coopruraim) foram alguns dos que aderiram à ferramenta em seu início, quando as feiras começaram a voltar em alguns pontos do Pará.
"A gente teve uma procura bem grande. Foi uma novidade aqui no município. Pelo aplicativo, a gente disponibilizava em qual feira estaríamos e o nosso cardápio. Muitos clientes ainda tinham receio de sair de casa, então isso ajudou a gente, pois as feiras eram a nossa única fonte de renda", conta Samara Costa Silva, responsável técnica da Coopruraim.
"Uma das coisas que percebemos é que a aceitação do consumidor está relacionada com o fato dele saber quem está produzindo o alimento, uma garantia de segurança alimentar", acrescenta Andrade.
Agricultora da Cooperativa dos Produtores Rurais de Paragominas (Coopruraim). — Foto: Divulgação
A Coopruraim, que trabalha com produção e venda de verduras, legumes, frutas e polpas para sucos, pretende voltar para o aplicativo assim que este for retomado, já disponibilizando ao consumidor a opção do delivery.
O sistema de entregas, inclusive, é uma das funções que deve entrar na nova versão do app, segundo Andrade. "Isso já acontece, muitos cooperados já fazem a entrega para o consumidor, mas não formalmente por meio do aplicativo", afirma Andrade.
Outra melhoria é que ele será disponibilizado para o sistema iOS (dos iPhones) - antes só funcionava nos celulares Android.
"Estamos estudando também junto com a Ufra melhorar a forma de pagamento. Queremos implementar, dentro do próprio aplicativo, opções de pagamento por cartão de crédito, transferência bancária", afirma o gerente de desenvolvimento da OCB.
O app tem 3 versões: para o produtor, consumidor final e atacadistas.
Na pandemia, os leilões de animais e a assistência técnica rural também passaram a ser feitos de forma virtual. O Globo Rural fez uma reportagem neste mês mostrando essas mudanças. Confira abaixo:
População rural usa a internet para tirar dúvidas e participar de eventos durante a pandemia
Preço justo
Uma outra vantagem de ter um canal direto com o consumidor é eliminar a dependência dos agricultores dos chamados "atravessadores", que fazem a ponte do campo com o consumidor final.
Isso é comum no campo, pois pequenos produtores têm dificuldades de acessar mercados distantes e acabam vendendo para intermediários, por preços muitas vezes aquém do custo de produção, por medo de perderem a produção.
"A partir do momento que você elimina o atravessador, o agricultor coloca um preço melhor pra ele", diz Andrade.
Para participar do app, o produtor também não precisa pagar taxa, o que não afeta o seu lucro e barateia o alimento na ponta.
Isso porque a ferramenta é financiada pelo Sistema S, a partir do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que funciona com recursos das contribuições dos seus associados.
"Se um produtor for contratar a criação de um aplicativo no mercado, ele vai pagar em torno de R$ 30 mil, R$ 40 mil", diz Andrade.
Para usar o app, o produtor precisa estar associado à OCB. "Hoje, 90% das nossas 74 cooperativas são da agricultura familiar", acrescenta o gerente da OCB.
No Brasil, 70% das propriedades rurais de cooperados são formados por agricultores familiares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conectividade ainda é desafio aos produtores e tema muito discutido na Agrishow 2019. — Foto: Climate FieldView/Divulgação
A criação de novas tecnologias esbarra, entretanto, em gargalos antigos do campo, como a dificuldade de acesso à internet.
Das 5 milhões propriedades de agricultura familiar de até 100 hectares, 72% não têm acesso a uma conectividade adequada, segundo a Associação Brasileira de Internet (Abranet).
"Alguns agricultores não têm sequer nem um aparelho de telefone e muito menos acesso à internet [...] Dos que têm mais estrutura, nós percebemos que o uso de redes sociais cresceu, principalmente nas famílias com filhos mais jovens", afirma Vânia Marques Pinto, secretaria de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
Sobre isso, Andrade, da OCB, conta que a organização está desenvolvendo um trabalho junto ao governo do Pará para levar internet gratuita aos municípios do estado, a partir das cooperativas.
"A ideia é ter um ponto fixo de internet de onde os agricultores consigam estruturar a sua produção", diz Andrade.
Em Mato Grosso, uma outra iniciativa sonha em conectar agricultores familiares com as grandes redes de varejo do estado.
Ainda em 2019, a Associação da Rede de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (RedeCoop) criou o aplicativo RedeCoop com este objetivo, em parceria com a Cooperativa Central de Crédito (Sicredi) e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
O aplicativo RedeCoop já está pronto, mas enfrenta problemas como falta
de tecnologia e gestão para produzir em grande escala. — Foto:
Divulgação
Para Hudson Saturnino, presidente da Associação, um dos pontos importantes da iniciativa é que Mato Grosso, apesar de ser líder no agronegócio e maior produtor de soja do país, ainda importa boa parte dos alimentos básicos de outros estados.
A ferramenta está pronta, mas enfrenta problemas como falta de tecnologia e gestão para produzir em grande escala.
O desafio de vender para grandes supermercados é justamente conseguir entregar uma grande quantidade de alimentos, de forma periódica, explica a assessora técnica da Comissão Nacional de Empreendedores Familiares Rurais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Marina Zimmermann.
"A parte de distribuição foi acertada com governo do estado, com a disponibilização de veículos para fazer a logística, mas não temos ainda produção continuada para alcançar as gôndolas dos supermercados", diz Saturnino.
Para ganharem escala, seria preciso que agricultores juntassem a sua produção, assim como é feito pelas cooperativas, por exemplo.
Um outro gargalo, segundo Saturnino, é que muitos deles não têm tecnologias básicas, como fertirrigação, por exemplo, para poderem produzir melhor.
"Então, vai demandar um tempo ainda para conseguirmos resolver essas questões e ganharmos a confiança das grandes redes", diz Saturnino, acrescentando que, neste caso, os problemas seriam resolvidos com maior atenção de políticas públicas.
Agricultura familiar produz quase metade do milho, frango e leite no Brasil
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