"Pesquisa do Ibope aponta que 66% dos brasileiros consomem o produto em confraternizações. Dori, Santa Helena e Agtal ampliam portfólio e criam kits promocionais."
*#.||.#* Por Luisa Medeiros, do Mundo do Marketing | 31/03/2014
As marcas de amendoim planejam um crescimento das vendas em 30% com os jogos da Copa do Mundo. O otimismo se baseia em uma pesquisa do Ibope encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoins, Balas e Derivados (ABICAB), que apontou a preferência de 66% dos brasileiros pelo produto para consumo durante confraternizações e encontro com amigos.
A fabricante Dori espera crescer em 30% o volume de fabricação em sua linha de amendoins. A Santa Helena, por sua vez, aposta na venda de aperitivos salgados e amplia seu portfólio de produtos para o evento com investimentos em kits promocionais e brindes temáticos com a expectativa de aumentar em 25% as vendas. Já a Agtal prevê um crescimento de 30% no consumo de seus itens.
"Comum no exterior e em cidades brasileiras turísticas, modalidade movimenta o setor hoteleiro ao se tornar alternativa aos visitantes. Ofertas duplicaram em dois anos."
*.#||#.* Por Rodrigo Schmitt | 31/03/2014
O aquecimento do turismo, estimulado principalmente pela realização dos eventos esportivos no país, movimenta um segmento que até pouco tempo atrás não tinha muita relevância para o setor hoteleiro nacional.
O aluguel por temporada vem se tornando mais que uma alternativa aos visitantes e sim uma necessidade em função da carência em hospedagem para os viajantes na Copa do Mundo e nas Olimpíadas.
Comum no exterior e em cidades brasileiras mais turísticas, essa modalidade permite ao inquilino ficar um período de até 90 dias no imóvel, podendo renovar o contrato por outros três meses. Os locais disponíveis ficam cadastrados em portais que funcionam como uma espécie de classificados online.
Esses sites também atuam como redes sociais ao permitirem a interação entre locatários e viajantes, seja por e-mail, telefone ou troca de mensagens. O aumento de anúncios e da procura de apartamentos demonstra o crescimento do setor.
Os portais duplicaram o número de acessos e de opções de hospedagem nos últimos anos nas mais diversas cidades, em um movimento que pode extrapolar os eventos esportivos. “Lançamos a empresa em 2011 e logo no primeiro ano conseguimos apenas em Santa Catarina, estado que não receberá nenhum jogo, 936 anúncios de imóveis”, afirma Thiago Morquesi, gerente comercial do portal Temporada Livre, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Novo modelo
A rentabilização dos portais ocorre por meio da cobrança de valores por anúncio postado. O investimento do proprietário varia de acordo com o tempo de exibição do anúncio no site.
Não há comissões nas transações entre locatários e turistas. As empresas também não participam da negociação entre eles e não influenciam na decisão final. Os portais faturam ainda com patrocínios e com a publicação de anúncios.
O aumento da procura de viajantes por esse tipo de serviço foi acompanhado pela oferta crescente de imóveis para alugar por temporada. “Essa modalidade será muito requisitada nos próximos meses em função da alta taxa de satisfação dos clientes.
O número de anúncios dobrou em um período curto. O boca a boca é gigantesco e o resultado é que por mês o site conta com um milhão de usuários”, conta Nicholas Spitzman, presidente do portal Alugue Temporada, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Entre os anunciantes da empresa é possível encontrar em sua maioria proprietários com dois ou mais imóveis que têm como objetivo alugar sua casa de férias para obter uma renda extra durante a temporada. Acessando os sites o viajante irá se deparar com casas, chácaras e apartamentos dos mais variados estilos e faixas de preço que despertam interesse de todos os apaixonados por conhecer novos lugares.
Vantagens do serviço
Na hora de competir com o quarto de hotel, o empresário tem que estar atento às vantagens de seu negócio em relação à hospedagem tradicional: no aluguel por temporada o viajante fica mais inserido no dia a dia da cidade por participar da rotina dos moradores.
Há ainda o lado emocional que o imóvel proporciona à viagem caso seja feita em grupo. O apartamento pode unir num mesmo local todos depois de realizarem atividades nas ruas da cidade, adicionando tempo de criação de memórias, em vez de apenas ter apenas lembranças fora do hotel.
Outro benefício explorado pelos portais é o valor cobrado pelo tempo passado no imóvel. “O preço em si é o principal fator convidativo, principalmente para quem viaja em grupos, em função do tamanho ser muito maior do que o quarto de um hotel e poder acomodar mais gente. Tem também a comodidade de estar num local onde você, sua família, cachorro e amigos estarão juntos em uma sala de jantar, cozinha, piscina e outros espaços da casa”, comenta Nicholas Spitzman.
Com a crescente busca dos internautas, o setor vem se profissionalizando ainda mais. Uma das mudanças significativas nos últimos anos foi o fato de os portais criarem áreas específicas para fotos, localização e descrição dos imóveis. Esses serviços ajudam as empresas a fidelizarem os clientes que têm interesse em alugar um apartamento por temporada.
Desafios do setor
O principal desafio para os portais de divulgação de imóveis é atrair o consumidor. Atualmente, o maior obstáculo ao crescimento é o desconhecimento, em função de grande parte dos turistas ainda buscar somente hotéis e pousadas. Para conquistar o cliente, os sites estão realizando ações durante todo o ano nos meios de internet com investimento em links patrocinados e mídia.
O Google Adwords é a aposta do Temporada Livre. “Esta é a principal fonte de receita do portal. Outra questão que trabalhamos é de prospecção ativa em parceria com as imobiliárias, realizando desconto para quem anuncia mais de dois imóveis. Assim aumenta o portfólio e o portal apresenta ao viajante a variedade de apartamentos disponíveis para alugar”, explica Thiago Morquesi.
As ações, quando bem executadas, podem ser fortes aliadas da fidelização do cliente. No Temporada Livre, sempre que contratos de proprietários de imóveis vencem, sem serem renovados, o site entra em contato por telefone e pede uma avaliação do serviço, realizando uma pequena entrevista com o anunciante. Por este mecanismo oferecem novas propostas aos clientes.
Hospedagem durante os eventos esportivos
Faltando pouco mais de dois meses para o início da Copa do Mundo no Brasil, as 12 cidades-sede do evento esportivo estão se preparando para receber em torno de 2,4 milhões de viajantes brasileiros e estrangeiros que irão precisar de acomodação durante a competição, de acordo com o Ministério do Turismo.
O número de torcedores que circulará pelo Brasil e o déficit de hospedagem, ao lado do alto preço cobrado pelos hotéis durante o torneio, contribuem para o aumento da procura de serviços alternativos. “Existe uma procura muito grande para estes eventos esportivos e o preço já está alto. Isso está muito ligado ao momento.
Eu tenho visto imóveis de três quartos, na praia, sendo alugados por R$ 30 mil, que fora de temporada custam R$ 3 mil. Muitos proprietários e imobiliárias estão fechando negócio”, diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Ameaças aos hotéis
Que o segmento de aluguel por temporada está numa crescente os próprios números de anúncios e procura aos portais comprovam. O setor hoteleiro agora se questiona até que ponto esta oferta pode ameaçar os hotéis. Caso a demanda continue em expansão, o mercado brasileiro irá se aproximar aos dos países da Europa e dos Estados Unidos, onde famílias iniciam suas buscas por locais para ficar durante a viagem em portais com anúncio de imóveis, pois conhecem os benefícios deste serviço.
Esta alternativa tem conquistado espaço no mercado em função do alto custo de se ficar em um hotel durante a temporada ou na época de realização de algum evento na cidade. “Eu acho que é sim uma alternativa. Não deixa de ser uma modalidade que cresceu muito em função do alto preço da rede hoteleira no Rio de Janeiro e demais cidades. Este sistema pode vir a se tornar uma ameaça à rede hoteleira em médio prazo”, comentou o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider.
Riscos
Assim como ocorre com todos os segmentos, o aluguel por temporada também apresenta risco ao investidor. Por ser algo relativamente novo, muitos condomínios não possuem em seu regimento uma norma especifica para este tipo de serviço. Recentemente uma decisão judicial em primeira instância, no Rio de Janeiro, abriu precedentes para questionamentos a moradores que alugam quartos ou apartamentos por períodos curtos.
Num prédio em Ipanema, na Zona Sul da cidade, moradores ficaram incomodados com a alta rotatividade de inquilinos na residência de um dos vizinhos, que alugava quartos. O síndico entrou na Justiça e conseguiu a posição favorável, alegando que a entrada de pessoas desconhecidas no local levaria insegurança a todos que vivem ali. A juíza considerou que o serviço oferecido pelo locador caracterizaria uma atividade própria dos hotéis. Isso se deve ao fato do proprietário ofertar também café da manhã.
Outro caso que gerou polêmica foi a organização de uma orgia num apartamento alugado por jovens em Nova York por meio da empresa AirBnB. O grupo passou um fim de semana no imóvel e chegou a cobrar entrada das pessoas que estiveram na festa. O dono recebeu o espaço destruído, teve um prejuízo de US$ 87 mil e corre o risco de ser expulso do prédio pelos vizinhos.