Caso é especialmente sensível para a Apple, que usa o tema da privacidade como parte fundamental do marketing de seus produtos.
Por G1
Postado em 03 de agosto de 2019 às 19h00m
Postado em 03 de agosto de 2019 às 19h00m
A Apple disse nesta sexta-feira (2) que suspendeu um programa de análise de gravações de voz, que eram feitas quando usuários de produtos da empresa interagiam com a assistente de voz Siri, que está disponível no Brasil em celulares iPhone.
O anúncio veio um dia depois de o Google anunciar que também suspenderia a prática em seu programa de assistente de voz, depois de ter admitido que mantinha projeto semelhante.
A decisão da empresa veio depois que o jornal britânico "The Guardian", na semana passada, levantou preocupações de privacidade sobre os usos da Siri. A reportagem apontou que pessoas contratadas pela Apple ao redor do mundo revisavam gravações e conversas que os usuários faziam com a assistente de voz.
O caso é especialmente controverso para a Apple, uma empresa que usa o argumento da privacidade dos usuários como parte determinante do marketing em seus produtos. Executivos da empresa, como o presidente Tim Cook, já afirmaram publicamente que consideram a privacidade como "um direito humano fundamental".
"Estamos comprometidos com entregar uma grande experiência da Siri, enquanto protegemos a privacidade dos usuários", disse a empresa em nota. "Enquanto realizamos uma revisão completa, estamos suspendendo as análises da Siri globalmente. Adicionalmente, em um update futuro do software, os usuários terão a possibilidade de escolher não participar dos programas de análise de conteúdo".
Em um esforço para melhorar as respostas da assistente de voz, os contratados classificaram as respostas da Siri conforme as perguntas dos usuários, relatou o "The Guardian". Eles também analisaram se a resposta foi acionada acidentalmente, sem uma consulta deliberada do usuário, disse o jornal.
Em outros mercados, fora do Brasil, a Siri está também nos dispositivos HomePod — automatizador de residências da Apple. A assistente permite, entre outras funções, enviar mensagens, fazer chamadas e abrir vários aplicativos com comandos de voz.
Google fez o mesmo
Em um caso semelhante, também com o assistente de voz, o Google admitiu e defendeu a prática de que funcionários humanos ouçam conversas do Assistente para aprimoramento da inteligência artificial de reconhecimento de fala.
Na quinta-feira (1º), a empresa afirmou que também suspenderia os projetos de audição e transcrição de conversas que usuários mantêm com os assistentes de voz da empresa. A medida se estenderá por 3 meses e foi uma determinação da comissão de proteção de dados da Europa, que investigou o vazamento de áudios gerados por interações com o assistente.
"O uso de assistentes de voz por provedores como Google, Apple e Amazon está se mostrando de alto risco para a privacidade dos envolvidos", disse a Comissão Europeia.
A posição do Google veio depois de uma TV da Holanda ter publicado uma reportagem que mostrava como parceiros contratados pela empresa americana ouviam áudios sensíveis dos usuários holandeses.
Segundo a empresa, a análise, revisão e transcrição de "uma pequena quantidade de arquivos" de áudios é necessária para desenvolver uma inteligência artificial mais capaz de entender melhor requisições em linguagem natural.
"Nossos especialistas em linguagem revisam e transcrevem um pequeno montante de falas para nos ajudar a entender melhor as diferentes línguas. Essa é uma parte crítica para construir a tecnologia de reconhecimento de fala e é necessária para criar produtos como o Google Assistente", afirmou em nota David Monsees, o diretor de produto do Google que assinou a nota publicada no blog da empresa.