"Para o cientista e professor, o mercado será cada vez mais impactado pelas ondas de inovação e a empregabilidade vai depender de atualização constante."
*||-:-||* Por Bruno Garcia || 17/09/2013
As ondas de inovação serão cada vez mais impactantes e velozes, exigindo flexibilidade das marcas para se adaptarem às mudanças. Se a criação das primeiras máquinas capazes de imprimir alteraram o mercado de forma relativamente lenta e ao longo de anos, as inovações mais recentes criam e dissolvem segmentos com grande rapidez, o que demanda uma dinâmica diferente das organizações.
A afirmação é de Silvio Meira, cientista e pesquisador da área de engenharia de software, Chefe do Centro de Estudos Avançados de Recife (Cesar) e Presidente do conselho do Porto Digital, que esteve no Rio de Janeiro em evento organizado pelo O Globo.
O desenvolvimento de novos negócios de sucesso dependerá cada vez mais da flexibilidade e da capacidade de adaptação. As escolas de gestão e negócios também precisam passar por uma remodelagem.
Em um cenário que inclui o trabalho em rede e a competição baseada em ondas de inovação digital, os conceitos aplicados hoje em cursos MBA e com foco em Marketing podem não ser suficientes para garantir que marcas e profissionais continuem no mercado em um futuro próximo.
A pesquisa de Meira neste campo deu origem ao livro “Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil”, que será lançado em outubro. “O erro é parte do processo e devemos aceitá-lo como aprendizado.
Mas para isso é preciso sair da zona de conforto. Este é o jogo. O futuro é uma construção coletiva que não acontece para todos ao mesmo tempo, nem em todos os lugares.
Ele nunca estará homogeneamente distribuído na sociedade, mesmo que haja igualdade de recursos, pois nem todos aceitam as ideias no mesmo momento”, explica Silvio Meira. Veja os principais pontos defendidos pelo pesquisador.
Ondas de inovação: As primeiras ondas de inovação tiveram um baixo impacto no curto prazo e não atingiram tanto as pessoas na época em que surgiram. Exemplos que ilustram isso são a invenção da imprensa e a própria Revolução Industrial.
Os efeitos gerados por elas na sociedade foram sentidos ao longo de décadas e em alguns casos, séculos. Hoje, estes ciclos são bem mais velozes e os mercados podem se transformar de maneira brusca.
A evolução tecnológica é a grande responsável para que a inovação ganhe um ritmo intenso. “Isso traz um impacto radical na vida das pessoas e empresas que atuam em determinados negócios.
O que aprendemos é que o mundo não se acaba com estas ondas, mas muitas pessoas são obrigadas a procurar outras atividades para fazer, pois com a inovação também surgem novas necessidades. E a inovação verdadeira só acontece quando a ideia é introduzida no mercado”, explica Silvio Meira.
Maior desafio: A grande dificuldade para se manter na competição é Interpretar os sinais tênues das mudanças em cada segmento. As inovações podem ser categorizadas em três grupos: curto, médio e longo prazo. “O erro é parte do processo e devemos aceitá-lo como aprendizado. Mas para isso é preciso sair da zona de conforto. Este é o jogo.
O futuro é uma construção coletiva que não acontece para todos ao mesmo tempo, nem em todos os lugares. Ele nunca estará homogeneamente distribuído na sociedade, mesmo que haja igualdade de recursos, pois nem todos aceitam as ideias no mesmo momento”, diz Meira.
Formação executiva: As ondas de inovação têm um impacto radical na gestão das empresas e negócios, mas as escolas, em sua maioria, continuam focadas no passado para tentar explicar como acontecerá o futuro. O conceito da passagem do tempo como algo linear é questionado, pois nem sempre há relação direta entre as novas ideias e a maneira como os mercados funcionavam antes.
“A academia tende a olhar para o passado e daí tentar codificá-lo para entregar o futuro, como sendo um processo contínuo. É a noção equivocada de tempo como um fluxo contínuo, que trata o futuro como uma versão do passado mediada pelo presente. Só que o futuro não vem daí.
Se olharmos os negócios de alta performance e os mais inovadores, descobriremos que nenhum deles saiu dos melhores MBAs ou das melhores universidades do mundo. Pelo contrário: os seus empreendedores na maioria das vezes desistiram das universidades que cursavam. Exemplos surgem o tempo todo”, argumenta Silvio Meira, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Com a ascenção das plataformas digitais, as escolas perderam a privilégio sobre a criação e disseminação do conhecimento. Esta descentralização é outro fator que gera dificuldades para a academia se adaptar aos novos tempos. Da mesma forma, diversos mercados que antes detinham o monopólio sobre produtos, serviços e processos, foram atingidos pela dinâmica do digital.
“Temos exemplos antiquíssimos, como a Enciclopédia Britânica, que foi tornada redundante por um esforço comunitário que é o Wikipedia.
E se olharmos sob a perspectiva de valor a autoridade contra a comunidade, veremos que a qualidade é a mesma. Em outras palavras, remunerar a autoridade para construir conhecimento gera o mesmo efeito que articular a comunidade.
A diferença é que a segunda opção gerada do esforço individual tende a ter um custo zero. Esta é uma contraposição dramática com o modelo clássico universitário”, complementa o Pesquisador Chefe do Cesar.
Empregabilidade: A inovação impacta os modelos de negócio e também o mercado de trabalho. Cada área tem suas regras, mas em linhas gerais a empregabilidade vai depender cada vez mais da capacidade de se articular, criar valor em rede e reaprender sempre. Ao mesmo tempo em que as ondas de mudança criam mercados e tornam obsoletos outros, são criadas novas oportunidades profissionais.
“Na informática, por exemplo, um recém formado tem cinco anos de validade. Isso vale até para um aluno que se gradua na melhor universidade do mundo. A pergunta que devemos fazer é: qual o tempo de vida médio para o profissional em outros mercados? Quanto tempo leva para o futuro chegar até nós? Esta é a brincadeira: temos que chegar primeiro que ele. Quando o futuro nos alcança, ficamos em desvantagem”, destaca Silvio Meira.
Aproveite e leia também: Perfil do empreendedor digital no Brasil. Conteúdo exclusivo para assinantes + Mundo do Marketing. Acesse aqui.
A afirmação é de Silvio Meira, cientista e pesquisador da área de engenharia de software, Chefe do Centro de Estudos Avançados de Recife (Cesar) e Presidente do conselho do Porto Digital, que esteve no Rio de Janeiro em evento organizado pelo O Globo.
O desenvolvimento de novos negócios de sucesso dependerá cada vez mais da flexibilidade e da capacidade de adaptação. As escolas de gestão e negócios também precisam passar por uma remodelagem.
Em um cenário que inclui o trabalho em rede e a competição baseada em ondas de inovação digital, os conceitos aplicados hoje em cursos MBA e com foco em Marketing podem não ser suficientes para garantir que marcas e profissionais continuem no mercado em um futuro próximo.
A pesquisa de Meira neste campo deu origem ao livro “Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil”, que será lançado em outubro. “O erro é parte do processo e devemos aceitá-lo como aprendizado.
Mas para isso é preciso sair da zona de conforto. Este é o jogo. O futuro é uma construção coletiva que não acontece para todos ao mesmo tempo, nem em todos os lugares.
Ele nunca estará homogeneamente distribuído na sociedade, mesmo que haja igualdade de recursos, pois nem todos aceitam as ideias no mesmo momento”, explica Silvio Meira. Veja os principais pontos defendidos pelo pesquisador.
Ondas de inovação: As primeiras ondas de inovação tiveram um baixo impacto no curto prazo e não atingiram tanto as pessoas na época em que surgiram. Exemplos que ilustram isso são a invenção da imprensa e a própria Revolução Industrial.
Os efeitos gerados por elas na sociedade foram sentidos ao longo de décadas e em alguns casos, séculos. Hoje, estes ciclos são bem mais velozes e os mercados podem se transformar de maneira brusca.
A evolução tecnológica é a grande responsável para que a inovação ganhe um ritmo intenso. “Isso traz um impacto radical na vida das pessoas e empresas que atuam em determinados negócios.
O que aprendemos é que o mundo não se acaba com estas ondas, mas muitas pessoas são obrigadas a procurar outras atividades para fazer, pois com a inovação também surgem novas necessidades. E a inovação verdadeira só acontece quando a ideia é introduzida no mercado”, explica Silvio Meira.
Maior desafio: A grande dificuldade para se manter na competição é Interpretar os sinais tênues das mudanças em cada segmento. As inovações podem ser categorizadas em três grupos: curto, médio e longo prazo. “O erro é parte do processo e devemos aceitá-lo como aprendizado. Mas para isso é preciso sair da zona de conforto. Este é o jogo.
O futuro é uma construção coletiva que não acontece para todos ao mesmo tempo, nem em todos os lugares. Ele nunca estará homogeneamente distribuído na sociedade, mesmo que haja igualdade de recursos, pois nem todos aceitam as ideias no mesmo momento”, diz Meira.
Formação executiva: As ondas de inovação têm um impacto radical na gestão das empresas e negócios, mas as escolas, em sua maioria, continuam focadas no passado para tentar explicar como acontecerá o futuro. O conceito da passagem do tempo como algo linear é questionado, pois nem sempre há relação direta entre as novas ideias e a maneira como os mercados funcionavam antes.
“A academia tende a olhar para o passado e daí tentar codificá-lo para entregar o futuro, como sendo um processo contínuo. É a noção equivocada de tempo como um fluxo contínuo, que trata o futuro como uma versão do passado mediada pelo presente. Só que o futuro não vem daí.
Se olharmos os negócios de alta performance e os mais inovadores, descobriremos que nenhum deles saiu dos melhores MBAs ou das melhores universidades do mundo. Pelo contrário: os seus empreendedores na maioria das vezes desistiram das universidades que cursavam. Exemplos surgem o tempo todo”, argumenta Silvio Meira, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Com a ascenção das plataformas digitais, as escolas perderam a privilégio sobre a criação e disseminação do conhecimento. Esta descentralização é outro fator que gera dificuldades para a academia se adaptar aos novos tempos. Da mesma forma, diversos mercados que antes detinham o monopólio sobre produtos, serviços e processos, foram atingidos pela dinâmica do digital.
“Temos exemplos antiquíssimos, como a Enciclopédia Britânica, que foi tornada redundante por um esforço comunitário que é o Wikipedia.
E se olharmos sob a perspectiva de valor a autoridade contra a comunidade, veremos que a qualidade é a mesma. Em outras palavras, remunerar a autoridade para construir conhecimento gera o mesmo efeito que articular a comunidade.
A diferença é que a segunda opção gerada do esforço individual tende a ter um custo zero. Esta é uma contraposição dramática com o modelo clássico universitário”, complementa o Pesquisador Chefe do Cesar.
Empregabilidade: A inovação impacta os modelos de negócio e também o mercado de trabalho. Cada área tem suas regras, mas em linhas gerais a empregabilidade vai depender cada vez mais da capacidade de se articular, criar valor em rede e reaprender sempre. Ao mesmo tempo em que as ondas de mudança criam mercados e tornam obsoletos outros, são criadas novas oportunidades profissionais.
“Na informática, por exemplo, um recém formado tem cinco anos de validade. Isso vale até para um aluno que se gradua na melhor universidade do mundo. A pergunta que devemos fazer é: qual o tempo de vida médio para o profissional em outros mercados? Quanto tempo leva para o futuro chegar até nós? Esta é a brincadeira: temos que chegar primeiro que ele. Quando o futuro nos alcança, ficamos em desvantagem”, destaca Silvio Meira.
Aproveite e leia também: Perfil do empreendedor digital no Brasil. Conteúdo exclusivo para assinantes + Mundo do Marketing. Acesse aqui.