Empresa tem ações negociadas na bolsa depois de captar US$ 8,1 bilhões com oferta inicial. É o maior valor desde que o Alibaba abriu capital em 2014.
Por Thiago Lavado, G1
Postado em 11 de maio de 2019 às 21h00m
CEO da Uber, Dara Khosrowshahi ao lado de Austin Geidt, uma das primeiras funcionárias da empresa, que toca o sino de abertura do pregão na Bolsa de Nova York — Foto: Richard Drew/AP
Com a venda inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a empresa foi avaliada em US$ 82,4 bilhões. A quantia levantada foi a nona maior de um IPO nos EUA e a maior desde que o Alibaba veio a público em 2014 e arrecadou cerca de US$ 21,8 bilhões.
Veja quais foram as maiores aberturas de capital da história dos EUA:
- Alibaba - US$ 21,8 bilhões (2014)
- General Motors - US$ 20,1 bilhões (2010)
- Enel - US$ 19 bilhões (1999)
- Visa - US$ 17,9 bilhões (2008)
- Facebook - US$ 16 bilhões (2012)
- Deutsche Telekom - US$ 13 bilhões (1996)
- AT&T - US$ 10,6 bilhões (2000)
- Kraft Foods - US$ 8,6 bilhões (2001)
- Uber - US$ 8,1 bilhões (2019)
Uber estreia na bolsa de valores de Nova York
A entrada da Uber no mercado acionário também mostra o amadurecimento das empresas de tecnologia que foram criadas na época dos aplicativos, após o surgimento dos smartphones. Outros IPOs grandes desse período foram de empresas como a Snap e a Lyft, concorrente da Uber.
Fundada em 2008 para tentar solucionar o problema simples de pedir um carro, a empresa ficou conhecida pela agressividade com que entrava em novos mercados e pelo modelo que inspirou outras startups — muitas sucederam a companhia tentando ser "a nova Uber" em outros setores que também precisavam de inovação.
Ex-presidente e fundador da Uber, Travis Kalanick, que deixou a empresa após escândalos, compareceu à estreia na bolsa — Foto: Andrew Kelly/Reuters
Ex-presidente e fundador da Uber, Travis Kalanick, que deixou a empresa após escândalos, compareceu à estreia na bolsa — Foto: Andrew Kelly/Reuters
Apesar de a Uber estar abrindo capital, os números da empresa ainda são bastante em linha com as startups que gastam muito para fidelizar consumidores e ganhar espaço no mercado. Nos documentos apresentados às autoridades americanas, a empresa mostrou um prejuízo de mais de US$ 3 bilhões nas operações de 2018, e um prejuízo total de cerca de US$ 1bilhão no primeiro trimestre deste ano.
"Não vejo a empresa gerando caixa no curto prazo por algumas questões operacionais e também de concorrência", disse Tiago Reis, fundador da Suno Research, casa de análise de investimentos.
Segundo os analistas Gene Munster e Will Thompson, da empresa de investimento Loup Ventures, a indústria de transporte por aplicativos continua em transição: do modelo de rede de motoristas parceiros para o modelo de "transporte como serviço", em que as pessoas deixam de comprar carros ou ter um meio de locomoção e passam a pagar por tempo de uso ou por corridas.
"Nós acreditamos que essa transição, especialmente no que diz respeito à autonomia [dos carros], vai ser mais longa e mais impactante do que as pessoas pensam. A expectativa é que 2019 trará investimentos pesados e ações imprevisíveis no curto prazo", escreveram os analistas em nota.
Os analistas afirmaram também que, no longo prazo, empresas como Uber e Lyft "serão bem-sucedidas em capitalizar em uma indústria que vê o modelo migrar da posse do carro para o transporte baseado em serviços".
Ações da Uber fecharam primeiro dia de negociação em queda de 7,62% — Foto: Spencer Platt/Getty Images North America/AFP
Ações da Uber fecharam primeiro dia de negociação em queda de 7,62% — Foto: Spencer Platt/Getty Images North America/AFP
Embora haja o otimismo dos analistas no longo prazo, a Uber tenta não repetir o destino da concorrente Lyft. A companhia estreou na bolsa no final de março e, com um resultado trimestral de grandes prejuízos, chegou a cair 11% na quarta-feira (8). Desde que abriu capital, a Lyft já perdeu 37% do seu valor de mercado.
O atual momento do mercado, com cautela dos investidores por tensões comerciais, também não ajudou a empresa, que venceu as primeiras ações perto do valor mínimo da faixa de preço, que estava entre US$44 e US$ 50. Inicialmente, a Uber esperava ser avaliada perto de US$ 100 bilhões, o que acabou não se tornando realidade.