"Como as organizações voltadas para o bem social evoluíram e ganharam destaque nas estratégias das marcas para criar um discurso transparente e coerente"
*||* Por Com:Atitude | 03/01/2012
Evolução
Entre 1996 e 2005, ocorreu um grande salto de fundações empresariais e organizações da sociedade civil (enquadradas pela legislação sob associações sem fins lucrativos): o número triplicou, passando de cerca de 108 mil para 340 mil. As organizações intermediárias também foram criadas neste período: a Associação Brasileira de ONGs (ABONG), em 1991; o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), em 1995; o Instituto Ethos, em 1998; dentre outras.
A organização do setor dois e meio
No fim da década de 90, uma grande quantidade de novos projetos e organizações com foco na mobilização social gerou uma confusão conceitual. As organizações intermediárias, especialistas e acadêmicos, debruçaram-se sobre o tema. O conceito de investimento social privado (ISP) foi criado pelo GIFE, para caracterizar “o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público”. E o conceito de responsabilidade social empresarial também passou por releituras (e ainda passa) e pela criação de indicadores, como os do Instituto Ethos, por exemplo.
O investimento de recursos privados para fins públicos, entretanto, deve passar por um planejamento estratégico alinhado ao negócio. A caridade e a assistência social, de acordo com Fernando Rossetti, secretário-geral do GIFE, seria o primeiro passo do ISP, que trata muito mais dos sintomas do que das causas dos problemas sociais.
O investimento social multi-projeto seria a próxima fase, baseada no desenvolvimento de grandes e diferentes projetos, mas sem um foco central. A busca deste foco de atuação representa a próxima fase para uma visão mais clara e organizada de investimento. Quando há um planejamento estratégico completo, com alinhamento dos interesses de negócio com os benefícios sociais a fundação torna-se estratégica e profissional. A ampliação deste conceito está no investimento em pesquisa e desenvolvimento e parcerias público-privadas.
Para Rossetti, que desenvolveu essa escala, começa uma discussão cada vez mais madura a respeito das fundações empresariais: “essas novas responsabilidades começam a ser discutidas de forma mais sistemática no mundo inteiro. Existe uma zona cinzenta em que não está claro o que é fim público ou privado. Por exemplo, uma empresa de cosméticos, cuja prática social é investir em áreas de extração sustentável de produtos naturais com foco no desenvolvimento local, está, ao mesmo tempo, trabalhando o interesse público e o privado”.
O que se pode atestar, todavia, é uma evolução da abordagem privada em relação a questões que reforcem de maneira sólida seus compromissos e propósitos. Quando este tipo de investimento responde simultaneamente aos desafios de um negócio, à essência de uma companhia e a causas de interesse público, estamos diante de iniciativas que caracterizam atitude de marca.