"Era do “made in” dá lugar ao “designed by”e reforça mais uma vez o papel deste campo do conhecimento como vetor de inovação para as empresas do futuro."
*#.||.#* Por Bruno Garcia || 28/10/2013
De um período em que os consumidores valorizavam a origem de fabricação de um produto, com a famosa expressão “made in”, as marcas hoje começam a vivenciar um novo paradigma, o do “designed by”. O novo posicionamento lançado pela Apple há alguns meses, com ações de Marketing que reforçam que seus produtos são concebidos na sede da empresa na Califórnia, EUA, é apenas um indício de como o design thinking consolidou-se como um dos vetores para a inovação nas empresas.
Mais ligado à experiência do consumidor e à entrega de valor, a área se destaca como um dos pilares para a inovação e para a criação de diferencial competitivo. Da engenharia à medicina, passando obviamente pela tecnologia, diferentes companhias vêm incluindo designers em suas equipes para pensar em soluções criativas, inovadoras e sustentáveis, reforçando seus propósitos e seus valores enquanto marca.
Empresas de pesquisa também se unem a profissionais deste campo com o objetivo de entender as reais necessidades do mercado, desenvolvendo produtos que sejam melhores para os usuários e gerem mais vendas.
Dentro deste novo modelo de consumo, onde o local em que as peças são montadas ou um determinado servidor está instalado não importa mais, o principal é saber quem está por trás de determinada solução criativa.
“Entramos em um novo momento, que chamo de paradigma da Apple. Quando ela grava em seus produtos que eles foram desenhados na Califórnia pela própria empresa, estão dando um recado muito claro de que não importa mais onde um item está sendo fabricado, desde que saibamos onde ele foi pensado. Este é o momento em que estamos e por isso o design tem um papel cada vez mais relevante”, explica Daniel Kraichete, Consultor de Design e Inovação do Senac.
Modelo de produção tradicional será modificado
A força da assinatura de onde um produto ou serviço foi idealizado mostra que o modelo de produção tradicional está pouco a pouco sendo transformado. Com um mercado mais pautado pela inovação e pela experiência de uso, as marcas de maior valor serão aquelas que transmitirem aos consumidores seus benefícios de forma clara. “Há uma mudança nas relações de consumo com diversos desafios em curso.
Tudo isso impacta no comportamento das pessoas, na cultura e na maneira como elas se relacionam com produtos e serviços. Com isso surgem novos paradigmas e também novas oportunidades”, comenta Daniel Kraichete.
Apesar das empresas lançarem milhares de itens novos no mercado todos os anos, ainda há muito espaço para a criação de negócios, produtos ou serviços diferenciados. Isso porque grande parte das companhias ainda se baseia no modelo de produção tradicional.
“Em muitos casos, estamos colocando no mercado coisas que já sabemos que as pessoas utilizam, mesmo que nem sempre elas gostem de usar aquele produto ou serviço. Outras se mantêm com itens que elas já sabem produzir, sem entender verdadeiramente quais são os desejos e necessidades do público.
Então, para quem quer realmente reinventar o seu negócio a partir da inovação, é preciso voltar ao começo para entender quais são as oportunidades atuais. Existem muitas lacunas e espaços”, alerta Hugh Musick, Diretor de Educação Executiva do Illinois Institute of Technology e do Institute of Design, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Ao unir o design thinking com outros campos de pesquisa e tecnologia, novos empreendimentos, projetos e iniciativas são potencializados. Trabalhando em conjunto com a nanotecnologia, por exemplo, ele permitirá a criação de objetos menores, mais eficazes e funcionais que poderão ser utilizados para resolver demandas que vão da saúde à microeletrônica.
“Design para mim sempre foi inteligência. Ou seja, ele parte de dados, transforma-os em informações e depois em conhecimento. Inteligência nada mais é que o conhecimento aplicado”, complementa Daniel Kraichete.
Design thinking associado à pesquisa de mercado
Seguindo este princípio, empresas e profissionais de design thinking também se associam a projetos de pesquisa de mercado com o propósito de identificar desafios e propor soluções diferenciadas para cada um deles.
A Johnson & Johnson recorreu a uma destas parcerias para desenvolver saídas inovadoras para a sua linha de lenços umedecidos para bebês. Deixando de lado as ferramentas tradicionais como focus groups e entrevistas, a marca usou câmeras instaladas na cabeça dos adultos enquanto estes realizavam a troca de fraldas em seus filhos com o auxílio dos lenços.
Ter a perspectiva de visão de quem usa o produto ao invés de olhar a cena como um espectador externo gerou insights tanto para melhorar as embalagens quanto para entender os fatores que agradavam ou desagradavam as crianças. “Com isso, pudemos perceber o que era necessário para gerar uma melhor experiência para o adulto e para o bebê.
Se fosse uma pesquisa tradicional, com o pesquisador observando ao lado, as conclusões seriam totalmente diferentes e não teríamos a mesma percepção dos problemas. Quando olhamos do ponto de vista do usuário, a experiência com o produto é outra”, diz Alessandro Vassalo, Sócio Diretor da VRD, empresa de design thinking que participou do projeto.
A pesquisa do design pode ser aplicada ao desenvolvimento de soluções em qualquer tipo de empresa, pois seu foco não está diretamente nos itens que são comercializados e sim nas demandas e desejos das pessoas em suas vidas.
“A inovação surge do olhar mais cuidadoso para os seres humanos. O foco é entender as reais necessidades das pessoas para desenvolver um produto que seja melhor para o usuário e gere mais vendas. Os dois lados devem ser atendidos neste processo. O desafio é esse: traduzir micro informação em benefícios.
E isso não tem qualquer relação com altos investimentos em tecnologia. A inovação equivale a um texto bem escrito, pois o leitor consegue captar com exatidão aquilo que está sendo comunicado”, acrescenta Alessandro Vassalo.
Aproveite e leia também: Entrevista com Hugh Musick, Diretor de Educação Executiva do Illinois Institute of Technology e do Institute of Design. Exclusivo para assinantes. Acesse aqui.
Mais ligado à experiência do consumidor e à entrega de valor, a área se destaca como um dos pilares para a inovação e para a criação de diferencial competitivo. Da engenharia à medicina, passando obviamente pela tecnologia, diferentes companhias vêm incluindo designers em suas equipes para pensar em soluções criativas, inovadoras e sustentáveis, reforçando seus propósitos e seus valores enquanto marca.
Empresas de pesquisa também se unem a profissionais deste campo com o objetivo de entender as reais necessidades do mercado, desenvolvendo produtos que sejam melhores para os usuários e gerem mais vendas.
Dentro deste novo modelo de consumo, onde o local em que as peças são montadas ou um determinado servidor está instalado não importa mais, o principal é saber quem está por trás de determinada solução criativa.
“Entramos em um novo momento, que chamo de paradigma da Apple. Quando ela grava em seus produtos que eles foram desenhados na Califórnia pela própria empresa, estão dando um recado muito claro de que não importa mais onde um item está sendo fabricado, desde que saibamos onde ele foi pensado. Este é o momento em que estamos e por isso o design tem um papel cada vez mais relevante”, explica Daniel Kraichete, Consultor de Design e Inovação do Senac.
Modelo de produção tradicional será modificado
A força da assinatura de onde um produto ou serviço foi idealizado mostra que o modelo de produção tradicional está pouco a pouco sendo transformado. Com um mercado mais pautado pela inovação e pela experiência de uso, as marcas de maior valor serão aquelas que transmitirem aos consumidores seus benefícios de forma clara. “Há uma mudança nas relações de consumo com diversos desafios em curso.
Tudo isso impacta no comportamento das pessoas, na cultura e na maneira como elas se relacionam com produtos e serviços. Com isso surgem novos paradigmas e também novas oportunidades”, comenta Daniel Kraichete.
Apesar das empresas lançarem milhares de itens novos no mercado todos os anos, ainda há muito espaço para a criação de negócios, produtos ou serviços diferenciados. Isso porque grande parte das companhias ainda se baseia no modelo de produção tradicional.
“Em muitos casos, estamos colocando no mercado coisas que já sabemos que as pessoas utilizam, mesmo que nem sempre elas gostem de usar aquele produto ou serviço. Outras se mantêm com itens que elas já sabem produzir, sem entender verdadeiramente quais são os desejos e necessidades do público.
Então, para quem quer realmente reinventar o seu negócio a partir da inovação, é preciso voltar ao começo para entender quais são as oportunidades atuais. Existem muitas lacunas e espaços”, alerta Hugh Musick, Diretor de Educação Executiva do Illinois Institute of Technology e do Institute of Design, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Ao unir o design thinking com outros campos de pesquisa e tecnologia, novos empreendimentos, projetos e iniciativas são potencializados. Trabalhando em conjunto com a nanotecnologia, por exemplo, ele permitirá a criação de objetos menores, mais eficazes e funcionais que poderão ser utilizados para resolver demandas que vão da saúde à microeletrônica.
“Design para mim sempre foi inteligência. Ou seja, ele parte de dados, transforma-os em informações e depois em conhecimento. Inteligência nada mais é que o conhecimento aplicado”, complementa Daniel Kraichete.
Design thinking associado à pesquisa de mercado
Seguindo este princípio, empresas e profissionais de design thinking também se associam a projetos de pesquisa de mercado com o propósito de identificar desafios e propor soluções diferenciadas para cada um deles.
A Johnson & Johnson recorreu a uma destas parcerias para desenvolver saídas inovadoras para a sua linha de lenços umedecidos para bebês. Deixando de lado as ferramentas tradicionais como focus groups e entrevistas, a marca usou câmeras instaladas na cabeça dos adultos enquanto estes realizavam a troca de fraldas em seus filhos com o auxílio dos lenços.
Ter a perspectiva de visão de quem usa o produto ao invés de olhar a cena como um espectador externo gerou insights tanto para melhorar as embalagens quanto para entender os fatores que agradavam ou desagradavam as crianças. “Com isso, pudemos perceber o que era necessário para gerar uma melhor experiência para o adulto e para o bebê.
Se fosse uma pesquisa tradicional, com o pesquisador observando ao lado, as conclusões seriam totalmente diferentes e não teríamos a mesma percepção dos problemas. Quando olhamos do ponto de vista do usuário, a experiência com o produto é outra”, diz Alessandro Vassalo, Sócio Diretor da VRD, empresa de design thinking que participou do projeto.
A pesquisa do design pode ser aplicada ao desenvolvimento de soluções em qualquer tipo de empresa, pois seu foco não está diretamente nos itens que são comercializados e sim nas demandas e desejos das pessoas em suas vidas.
“A inovação surge do olhar mais cuidadoso para os seres humanos. O foco é entender as reais necessidades das pessoas para desenvolver um produto que seja melhor para o usuário e gere mais vendas. Os dois lados devem ser atendidos neste processo. O desafio é esse: traduzir micro informação em benefícios.
E isso não tem qualquer relação com altos investimentos em tecnologia. A inovação equivale a um texto bem escrito, pois o leitor consegue captar com exatidão aquilo que está sendo comunicado”, acrescenta Alessandro Vassalo.
Aproveite e leia também: Entrevista com Hugh Musick, Diretor de Educação Executiva do Illinois Institute of Technology e do Institute of Design. Exclusivo para assinantes. Acesse aqui.