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domingo, 8 de janeiro de 2012

Tendência: “Sozinhos juntos”. O detonador? A web 2.0


ARTIGOS: POR COLABORADORES



*\\* Postado por Berenice Ring - 03/01/2012



Já somos 2,1 bilhões de usuários da Internet no planeta, totalizando 30% da população mundial! E, claro, atualmente existem incontáveis modelos de celulares, laptops, tablets e todas estas maravilhas que a tecnologia nos trouxe. Não conseguimos viver sem elas! Em visita a amigos na última semana, encontrei a seguinte cena na sala da casa: o pai, publicitário, trabalhando em seu IMac. A mãe, decoradora, escolhendo tecidos em seu IPad. A filha no PC, fazendo uma pesquisa na Internet para seu trabalho de escola, sem sair do Facebook, ouvindo musica no iTunes, “multitasking”, e o filho jogando videogame. Todos, sem dúvida, com seus celulares ligados. Cena corriqueira, não é? A questão é: estavam juntos na sala de casa?


Esta é a tendência mais recente que anda se manifestando por aí, motivada pelo avanço da tecnologia e pela web 2.0: “Sozinhos Juntos”. Tendências são comportamentos que definem padrões de mudanças, que estão em formação há alguns anos e que se espera que durem por outros tantos anos. Seria ela boa ou má para a sociedade? Como tudo na vida, existem vários lados.

A professora do MIT e especialista em etnografia Sherry Turke publicou um livro no início deste ano entitulado “Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other” – “Juntos Sozinhos: Porque Esperamos Mais da Tecnologia E Menos Uns Dos Outros.” Turke argumenta que o que nós humanos precisamos ainda, instintivamente, é da proximidade física e ela observou a falta de satisfação e a alienação entre usuários que pesquisou.

Em 2004 a banda inglesa Keane gravou a musica “Can’t Stop Now”, que se tornou um enorme sucesso, onde canta “...não posso parar agora,... o tempo é curto, me sinto solitário e cansado demais para conversar... não posso ir mais devagar, por ninguém nesta cidade... o movimento faz meu coração continuar.”

Com a recente explosão da tecnologia e das redes sociais, poderíamos concluir que as relações humanas estão prosperando como nunca! Mas o que Turke sugere é que estamos destinando atributos humanos a objetos e tratando uns aos outros como coisas. Ela mostra um quadro paradoxal de desconexão humana causado pela expansão das conexões virtuais no celular e nos computadores.

Realmente estamos sozinhos na sala, alienados de nossa família e de todos no ambiente. Mas veja só: em viagens de carro com a família, antes da existência desta parafernália de sites, minha filha já anunciava que iria ligar seu “kit de isolamento”, leia-se iPod, durante a viagem. Então pergunto: nossos filhos da Geração Y já não se isolavam da família em seus quartos muito antes de todas estas ferramentas surgirem?

E se de um lado estamos sozinhos na sala da casa, de outro estamos mais unidos do que nunca aos nossos amigos através do Facebook e do Orkut, às pessoas com hobbies e gostos comuns aos nossos através das comunidades que escolhemos participar e aos profissionais de nossa área através do Linkedin e do Twitter. Além disto, a tecnologia nos possibilita conectar-se com indivíduos para criar em conjunto através de wikis, o que acabou resultando no fabuloso fenômeno wikipedia.

A força das massas de mesmos interesses já elegeu até o presidente americano! E usando um olhar inverso foi criado o Foursquare, já com 10 milhões de usuários, que pretende unir pessoas no mundo físico, em bares e restaurantes, por exemplo, usando sua ferramenta digital de “check-in” onde informamos a conhecidos onde estamos.

Vale a pena lembrar que há uma faceta de confraternização nesta mesma história. Um viral recebido por um pai, por exemplo, pode ser um assunto de conversa com um filho, e vice-versa. Não há dúvidas que há muito ainda o que se falar sobre as consequências desta tendência tanto para a família como para a sociedade. E para as empresas?

Empresas que estão de olho nas tendências - sempre podemos retirar insights. Aquelas que conseguem utilizar tendências corretamente podem enxergar direções para onde estamos indo, o que lhes permite montar cenários futuros possíveis com mais precisão. Desta forma, estruturam suas estratégias para o presente com muito mais chances de acerto! Não apenas isto, mas chegando à frente no mercado, ganham considerável vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Não há dúvidas que grandes oportunidades de negócios estão aí nos aguardando, tanto no mundo físico como no digital e móvel.
E você, já começou a pensar na sua?

[*] Berenice Ring é Coordenadora do curso “Branding: Construção e Gestão de Marcas” da FGVPEC, Professora de Cursos de MBA da FGV São Paulo e Diretora da Fox Branding.