"Expressão deu lugar a outros termos devido aos modismos do mercado, mas ações continuam sendo desenvolvidas. Agora, porém, com a amplificação permitida pelas redes sociais."
*||=||* Por Ana Paula Hinz || 23/07/2013
O número de ações feitas pelas marcas para surpreender o público, seja por meio de materiais inusitados em locais públicos ou iniciativas que envolvem a participação inesperada das pessoas, cresceu nos últimos anos. A expressão Marketing de Guerrilha já foi muito utilizada para definir iniciativas do tipo, mas aos poucos tem sido menos usada. O enfraquecimento do termo não representa, no entanto, uma descontinuação dos projetos que apostam no inusitado para diferenciar uma marca das demais.
A criação de diferentes definições para ações iguais ou semelhantes tirou o foco do Marketing de Guerrilha e abriu espaço para outros nomes. Além disso, o próprio mercado tem dificuldade em definir determinadas iniciativas. Quase tudo repercutido na internet agora, por exemplo, é nomeado como sendo um viral, mesmo que tenha nascido como uma intervenção offline com o público que depois foi viralisada no online.
O Marketing de guerrilha parte da ideia de desenvolver ações de alto impacto, baixo custo e muita reverberação, mas os próprios profissionais de Marketing têm dificuldade em saber os limites entre o que chamar ou não assim. “Algumas iniciativas custam mais de 300 mil reais e são nomeadas dessa forma. O baixo custo é relativo, principalmente porque o mais importante é o impacto, não o preço”, opina Rafael Liporace, Sócio da A Vera! e um dos fundadores da Biruta Ideias Mirabolantes, em entrevista ao portal.
Amadurecimento natural
A ideia de expor uma determinada marca sem ter um grande investimento acabou gerando até certo ponto um efeito negativo para o segmento, já que algumas empresas pensavam em procurar ações consideradas alternativas apenas quando não havia dinheiro para as mídias tradicionais. “Na verdade, quanto menor a verba, maior terá que ser a criatividade para gerar a propagação da mensagem. Se é possível investir mais, então maiores as chances de você promover o compartilhamento do conteúdo”, avalia Eric Eustáquio, Planner da Heads Propaganda, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Soma-se a isso o fato de as agências buscarem sempre novas terminologias para destacar os seus serviços como diferente dos demais, o que sempre gera modismos, e o fato de as ações poderem agregar mais de um conceito, seja below the line, promo, street marketing ou brand experience. Tudo isso influencia para um menor uso da expressão Marketing de Guerrilha, especialmente porque ações que se enquadram nessa categoria são vistas com maior naturalidade hoje.
“O que ocorre atualmente é uma fase de adequação natural ao mercado, com um melhor entendimento do que efetivamente essas ações envolvem e oferecem. Elas não estão em declínio, enfrentam um momento de maturidade”, aponta Eduardo Murad, do Ibmec.
O crescimento do uso das redes sociais também mudou a forma como as ações menos convencionais difundem suas mensagens. O que antes era feito mais fortemente por boca a boca ganhou uma dimensão ainda maior por meio do compartilhamento na internet. A Espalhe é uma das agências precursoras do Marketing de Guerrilha no Brasil e, para o sócio Gustavo Fortes, a grande diferença entre o que era feito há cinco anos e hoje tem relação com a maior diversidade de plataformas sociais que permite a amplificação do alcance do conteúdo.
Falta de integração e de ousadia atrapalham
Apesar de o mercado estar acostumado com a criação de ações cada vez mais surpreendentes, muitas empresas ainda tem receio de buscar algo muito diferente do que já foi feito. “O Marketing de guerrilha tem que ter um pouco de irreverência e agressividade, mas às vezes as empresas não estão dispostas a fazer algo muito ousado. As marcas que são líderes têm mais possibilidade de trilhar caminhos seguros, mas as que não são precisam apostar no diferente justamente para se destacar”, avalia Rafael Liporace, Sócio da A Vera!.
Justamente por isso, algumas empresas buscam desenvolver ações consideradas diferentes, mas que não têm mais o caráter inédito. Usar a ideia de outra marca, no entanto, faz com que a iniciativa tenha menos repercussão. “Mesmo adaptando, a cópia perde a força”, destaca Eduardo Murad, Coordenador Adjunto de Comunicação Social do Ibmec, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Outro fator que pode tornar o projeto menos eficiente é a falta de sinergia entre as agências responsáveis pela mesma campanha e a pouca integração das várias ações desenvolvidas. A iniciativa de Marketing de Guerrilha é mais um ponto de contato com o público e deve colaborar para a construção de uma mensagem única.
Ferramenta usada é o menos importante
Para evitar erros, as agências e organizações têm de avaliar profundamente o público a ser envolvido, os objetivos, a percepção que se pretende gerar e os riscos de a iniciativa dar errada. Tais cuidados minimizam os problemas, mas não são uma garantia. “Se uma agência faz uma ação de marketing de guerrilha, below the line ou algo que siga isso e disser que tem 100% de certeza sobre a entrega é mentira. O elemento do ao vivo tem uma influência grande e o que é feito é buscar formas de diminuir a porcentagem de erros”, avalia o Sócio da A Vera!.
A expectativa do resultado final é uma das grandes características do Marketing de guerrilha e, independente de nomenclaturas ou conceitos, os projetos que buscam surpreender o público trazem melhores resultados a partir do momento que os profissionais envolvidos traçam um objetivo claro e que a marca tem um propósito forte.
As ferramentas, os meios e os conceitos são parte do que realmente importa: engajar e criar identificação dos consumidores com as marcas. “Antes de ser um consumidor ou um shopper, aquele homem ou aquela mulher é um ser humano que tem família, aspirações, sonhos, motivações e as marcas precisam entender esse contexto para criar conteúdos e mensagens relevantes, aí sim há a chance de promover algo que permita essa identificação”, avalia Eric Eustáquio, da Heads Propaganda.
O crescimento do uso das redes sociais também mudou a forma como as ações menos convencionais difundem suas mensagens. O que antes era feito mais fortemente por boca a boca ganhou uma dimensão ainda maior por meio do compartilhamento na internet. A Espalhe é uma das agências precursoras do Marketing de Guerrilha no Brasil e, para o sócio Gustavo Fortes, a grande diferença entre o que era feito há cinco anos e hoje tem relação com a maior diversidade de plataformas sociais que permite a amplificação do alcance do conteúdo.
Falta de integração e de ousadia atrapalham
Apesar de o mercado estar acostumado com a criação de ações cada vez mais surpreendentes, muitas empresas ainda tem receio de buscar algo muito diferente do que já foi feito. “O Marketing de guerrilha tem que ter um pouco de irreverência e agressividade, mas às vezes as empresas não estão dispostas a fazer algo muito ousado. As marcas que são líderes têm mais possibilidade de trilhar caminhos seguros, mas as que não são precisam apostar no diferente justamente para se destacar”, avalia Rafael Liporace, Sócio da A Vera!.
Justamente por isso, algumas empresas buscam desenvolver ações consideradas diferentes, mas que não têm mais o caráter inédito. Usar a ideia de outra marca, no entanto, faz com que a iniciativa tenha menos repercussão. “Mesmo adaptando, a cópia perde a força”, destaca Eduardo Murad, Coordenador Adjunto de Comunicação Social do Ibmec, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Outro fator que pode tornar o projeto menos eficiente é a falta de sinergia entre as agências responsáveis pela mesma campanha e a pouca integração das várias ações desenvolvidas. A iniciativa de Marketing de Guerrilha é mais um ponto de contato com o público e deve colaborar para a construção de uma mensagem única.
Ferramenta usada é o menos importante
Para evitar erros, as agências e organizações têm de avaliar profundamente o público a ser envolvido, os objetivos, a percepção que se pretende gerar e os riscos de a iniciativa dar errada. Tais cuidados minimizam os problemas, mas não são uma garantia. “Se uma agência faz uma ação de marketing de guerrilha, below the line ou algo que siga isso e disser que tem 100% de certeza sobre a entrega é mentira. O elemento do ao vivo tem uma influência grande e o que é feito é buscar formas de diminuir a porcentagem de erros”, avalia o Sócio da A Vera!.
A expectativa do resultado final é uma das grandes características do Marketing de guerrilha e, independente de nomenclaturas ou conceitos, os projetos que buscam surpreender o público trazem melhores resultados a partir do momento que os profissionais envolvidos traçam um objetivo claro e que a marca tem um propósito forte.
As ferramentas, os meios e os conceitos são parte do que realmente importa: engajar e criar identificação dos consumidores com as marcas. “Antes de ser um consumidor ou um shopper, aquele homem ou aquela mulher é um ser humano que tem família, aspirações, sonhos, motivações e as marcas precisam entender esse contexto para criar conteúdos e mensagens relevantes, aí sim há a chance de promover algo que permita essa identificação”, avalia Eric Eustáquio, da Heads Propaganda.
Veja a entrevista completa com Eric Eustáquio, da Heads Propaganda. Na matéria do + Mundo do Marketing, ele fala sobre Marketing de Guerrilha e sobre a importância de as pessoas serem colocadas no centro das discussões. Exclusivo para assinantes. Leia aqui.