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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sustentabilidade infantil: como marcas veem os consumidores do futuro


"Tang, Danone e Pritt focam em conteúdo sobre o meio ambiente e desenvolvem oficinas, brigadas de reciclagem e jogos educativos para o público menor de 12 anos."


*\\* Por Fernanda Salem || 15/12/2011


Com o mundo mais atento à sustentabilidade e cada vez mais empresas alinhando sua estratégia ao conceito, as crianças ocupam um papel de destaque como os consumidores do futuro. Muitas já tomam iniciativas de proteção ao meio ambiente e chamam a atenção dos pais, usando os ensinamentos que aprendem nas escolas. Aproveitando esta tendência, marcas como Tang, Pritt e Danone focam em passar ideias de consumo consciente para o público infantil, utilizando linguagem lúdica.

 
Sustentabilidade infantil: como marcas veem os consumidores do futuro
A questão ambiental já está presente na vida cotidiana das crianças, por meio dos educadores e da mídia, e as gerações atuais estão mais preocupadas com o tema. Se hoje as empresas já não estão mais alheias à sustentabilidade, quando seu público alvo são as crianças, o fato torna-se mais importante. As companhias passam também a focar na educação dos mais novos, por meio de jogos, material para professores e oficinas, para valorizar a imagem de suas marcas e aproximar produtos e serviços dos pequenos consumidores.


“O consumidor tem um poder nas mãos. Suas escolhas abrangem vários aspectos, como economia, sociedade e meio ambiente, e direcionam as ações das empresas. Estamos em um processo de transformação significativo que não sabemos onde vai dar. Ainda não somos sustentáveis, mas talvez nossos netos sejam”, diz Mirna Folco, Coordenadora de Capacitação Comunitária do instituto Akatu Mirim, voltado para ensinar sustentabilidade às crianças, em entrevista ao Mundo do Marketing.


Aprender jogando

Na hora de levar o assunto sério às crianças, é necessário torná-lo atraente. “Para falar de um tema como esse, que envolve mudança de prática e de comportamento, é preciso também ser lúdico e interativo. Os jogos são uma boa ferramenta”, diz Mirna.


Assim como o portal do Akatu Mirim, do qual é patrocinadora, a Tang criou um game para reforçar o tema junto ao público infantil, importante consumidor da categoria. O Planeta Verde Tang, lançado em julho, é uma espécie de The Sims na qual os participantes constroem uma cidade, lembrando-se da preocupação de recolher o lixo, enviá-lo para o local certo e criar novos objetos a partir de usados. “O mais importante é mostrar à criança que ela pode realizar ações leves e divertidas, mas que tenham uma importância”, diz Juliana Macedo, Gerente de Marketing da Tang, marca da Kraft Foods, em entrevista ao portal. Sustentabilidade infantil: como marcas veem os consumidores do futuro
A Estrela também investiu na proposta, com o lançamento do Banco Imobiliário Sustentável. O jogo tradicional, no mercado desde 1944, ganhou a versão ecologicamente correta. Além de ser feito 100% com matérias-primas renováveis, a temática busca fazer as crianças aprenderem brincando. Ao invés de bairros e ruas, as casas do tabuleiro são reservas naturais, como a bacia do Rio São Francisco. As companhias de transporte foram substituídas por empresas como Companhia de Reciclagem Energética e de Reflorestamento e as punições e sortes são, por exemplo, “sua empresa foi multada por poluir demais” e “você protegeu suas terras do desmatamento e faturou com o turismo ecológico”.


Plantando no pote de Danoninho
Outra empresa que tem as crianças como público alvo e deseja ter sua imagem relacionada à sustentabilidade é a Danone. Com o mote “Danoninho Para Plantar”, a companhia empreende uma ação na vida real e virtual. Em cada embalagem vem um pacote com sementes para as crianças plantarem no pote do produto, com instruções direcionadas a elas.


No produto, também é encontrado um código exclusivo que permite ao participante criar uma floresta virtual no site da mascote Dino. A cada árvore plantada virtualmente, a empresa custeia o reflorestamento de um metro quadrado da Mata Atlântica, realizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), parceiro da Danone na ação. Em 2011, até agora, foram reflorestados 88.318 metros quadrados com a iniciativa.


Para manter os pequenos interessados, a empresa, por meio de Dino, oferece prêmios para o participante acrescentar à sua floresta virtual e realiza entrega de medalhas. Recentemente, a companhia também lançou um jogo para iPhone em que o usuário deve fazer a mascote espalhar sementes. Quem conclui o game ganha mudas exclusivas para plantar no site.


Um reforço ao orgulho das crianças
Com o Esquadrão Verde, a Tang também realiza ações virtualmente e na vida real. Para participar do projeto, realizado em parceria com a Terracycle, as crianças devem se cadastrar no site, que abriga jogos. A marca propõe algumas ações para os internautas realizarem em casa, como um filme mostrando como fazer fantasias com materiais reciclados e pedindo para os participantes postarem fotos e vídeos provando que realizaram a iniciativa.


Sustentabilidade infantil: como marcas veem os consumidores do futuroNo ambiente físico, um cadastro é realizado por um adulto, que forma brigadas de coleta de embalagens de suco em pó. Cada grupo deve recolher um mínimo de 100 embalagens e enviar para o instituto, sem pagar pela postagem. Cada item vale R$ 0,02, que são revertidos para uma instituição escolhida pela brigada. Hoje são 272.946 agentes e mais de 1,5 milhão de embalagens recicladas. Uma atividades proposta foi a construção de um robô de materiais reutilizados (foto) que entrou no Guiness Book, o livro dos recordes, como a maior escultura de papel reciclado do mundo. “As crianças adoraram, ficaram orgulhosas e, neste caso, fizemos um vídeo nos comunicando com os pais, para mostrar do que elas são capazes”, diz Juliana. O empowerment das crianças é valorizado como forma de incentivá-las.


“Realizamos pesquisas e começamos a entender melhor o que era importante para as crianças. Percebemos, principalmente no público de oito a 12 anos, que eles deixam de se ver como criancinhas e começam a ter liberdade, com limites, então querem conquistar seu espaço e mostrar aos pais que são capazes de fazer coisas legais. Notamos uma vontade das crianças em relação a melhorar o meio ambiente, e por outro lado elas não sabiam como fazer”, diz Juliana.


Fidelizando educadores

Apesar da comunicação direta com as crianças, também é importante falar com os pais e educadores. Dentro da estratégia da Tang, há um projeto embrionário com professores, ainda em fase de testes. O objetivo é levar conteúdo educativo e treinar os profissionais a comunicarem o tema de uma maneira que interesse às crianças. Os professores recebem as informações sem haver a presença da marca nas escolas.


Outra empresa que tem planos para reforçar este braço de capacitar os educadores no assunto é a cola Pritt. A marca da Henkel tem um projeto de desenvolver um programa de fidelização para professores, disponibilizando conteúdo no site da marca para ser utilizado na sala de aula. Entre o material, estarão propostas de atividades para serem feitas em casa e na escola, passo a passo de reciclagem, dicas e ideias sustentáveis.

 
Sustentabilidade infantil: como marcas veem os consumidores do futuro
Com presença constante no dia a dia dos estudantes, a Pritt abraçou o compromisso de passar sustentabilidade a seu público, unindo-o ao tema de criatividade. Por meio da Campanha Pritt Volta às Aulas 2012, sob o slogan “Recicle e Crie seu Mundo”, a marca oferece oficinas de artes manuais com materiais reciclados. As Oficinas Pritt, realizadas em parceria com o canal de TV Nickelodeon, funcionarão em janeiro nas praias de São Paulo, aproveitando o verão. Além disso, a empresa lançou um produto especialmente para a campanha, a cola Pritt Hobby, que é desenvolvida a partir de cana de açúcar, em um processo de produção que não agride a natureza.


Publicidade infantil
Quando o assunto é a comunicação de empresas direcionada a crianças, se esbarra nas regulamentações e na discussão pública sobre publicidade infantil. “Tem que ter cuidado ao direcionar publicidade a crianças. Por isso mesmo as empresas seguem outros caminhos, porque não dá mais para simplesmente falar para a criança que ela deve consumir”, diz Mirna, do Akatu Mirim.



A Kraft Foods, por exemplo, tem uma política interna quanto a isso. Foram selecionados produtos que, de acordo com seus valores nutricionais, poderiam ter ações de divulgação direcionadas a crianças acima de seis anos, entre eles o Tang, que atende aos requisitos de possuir menos de 40 calorias e 10g de açúcares adicionados. Já as ações nas escolas com a divulgação das marcas foram abolidas. Nos projetos de Tang para instituições de ensino, as crianças não têm contato com a marca.


Já a Danone usa o site global The Food Profiler, uma metodologia de avaliação da qualidade dos alimentos, guiado por dados do NutriBrasil Infância. A ferramenta aponta os produtos destinados ao público de três a 12 anos que podem usar a publicidade, por seus perfis nutricionais. A empresa também não pratica distribuição de produtos em escolas, a menos que seja para fins educativos ou esportivos.


Além da reciclagem
Apesar das ações positivas, ainda é preciso investir muito mais na temática para revolucionar a forma de consumo e torná-la realmente sustentável quando as crianças de hoje forem adultas. “A sustentabilidade é um movimento que está acontecendo, já buscamos ter práticas melhores de consumo, mas há um caminho maior a percorrer. O consumo ainda é visto como um ato, mas é um processo em que se deve decidir de qual empresa comprar e como jogar fora ou reaproveitar”, diz Mirna.


É importante lembrar também que a sustentabilidade vai além da reciclagem, o tipo de iniciativa mais realizada com as crianças, principalmente pela complexidade de outros assuntos. “As empresas focam muito em reciclar, mas isso não é a solução. A reciclagem é a última saída, não dá para pensar só nela, temos principalmente que refletir, aprender juntos e, quanto mais pessoas fizerem parte do diálogo, melhor”, diz Mirna.

12 tendências globais para 2012 e o papel do Brasil nesse contexto


"Das características e demandas de consumo traçadas pelo trendwatching.com para o próximo ano, algumas já são vistas no país, enquanto outras estão longe de ser realidade."


*//* Por Sylvia de Sá || 16/12/2011


tendências,2012,trendwatching,consumoSites de recompra coletiva, telas espalhadas por todos os cantos, produtos e serviços que ofereçam conveniência acima de tudo. Essas são algumas das 12 TENDÊNCIAS de consumo globais para 2012 traçadas pelo trendwatching.com que já são vistas no Brasil. Foi-se o tempo em que o mercado brasileiro ficava para trás quando comparado ao de economias mais maduras como Estados Unidos e Europa.

Mais que isso: hoje, os países emergentes começam a ditar as regras e movimentar a dinâmica dos negócios mundiais. A primeira tendência destacada – Red Carpet – é uma prova disso. Os consumidores chineses, principalmente, são cada vez mais paparicados pelas empresas de todo o mundo, que buscam oferecer serviços e regalias feitos sob medida.

É o caso da Harrods, em Londres, que conta com 70 funcionários falando mandarim e instalou 75 caixas específicos para o sistema China UnionPay. Ou da rede Hilton Hotels Worldwide, que criou um serviço que tinha como alvo os viajantes chineses, disponível em 30 hotéis Hilton espalhados pelo mundo, e que oferece assistência personalizada aos hóspedes.

O interesse não é à toa. Residentes da China fizeram mais de 30 milhões de viagens para países estrangeiros apenas no primeiro semestre de 2011, 20% a mais em relação a 2010, de acordo com o Ministério de Segurança Pública da China. Na cola desta tendência, é provável que os indianos e brasileiros também ganhem um papel cada vez maior na estratégia das companhias.

“Há lojas no exterior que já contratam brasileiros para atender os próprios brasileiros, assim como a Harrods fez com os chineses”, destaca Luciana Stein, criadora do Trendroom, braço brasileiro do trendwatching.com no Brasil, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Saúde monitorada e produtos em oferta
A segunda tendência apontada pelo trendwatching.com também é vista por aqui, ainda que de maneira tímida. Diy Health – ou “Saúde: Faça você mesmo” – mostra que é crescente o número de aplicativos e aparelhos que permitem aos consumidores monitar a saúde, com discrição e autonomia.

“Os dispositivos pessoais para controlar sua saúde e das pessoas com quem se importa já são uma realidade dentro do mercado brasileiro. A indústria nacional vem se preparando para lançar esses produtos”, diz Luciana. O terceiro ponto indicado como tendência global também é praticado no Brasil. Dealer-Chic mostra que, para os consumidores, garantir a melhor oferta está se tornando uma fonte de orgulho e status.

“No último fim de semana (dias 10 e 11), alguns clientes ganharam um bônus para comprar uma máquina na loja da Nespresso, no Jardins (em São Paulo), com 50% de desconto. Marcas de Luxo normalmente não fazem ações com cupom. No momento em que a Nespresso deixa pessoas durante quatro horas esperando na frente da loja, nota-se que existe uma mudança de cultura”, acredita a especialista.

Ano do mobile payment
O mesmo, no entanto, não pode ser dito sobre a quarta tendência: Eco-Cycology. A expectativa é que, em 2012, as marcas sejam cada vez mais responsáveis por recolher seus produtos e descartá-los da maneira mais adequada. No Brasil, isso ainda está distante de ser uma realidade. Diferente do Cash-Less, que indica um futuro próximo sem dinheiro vivo, graças a empresas como PayPal e a serviços como o Google Wallet.

Por aqui, a moda também deve pegar. “O Banco do Brasil foi muito ágil em instaurar o mobile payment e surpreendeu porque normalmente é um banco muito conservador. Acho que 2012 será o ano de estouro do mobile payment”, conta Luciana.

tendências,2012,trendwatching,consumoCom a expansão da base da pirâmide, outra tendência global perfeitamente aplicável ao Brasil é a Bottom of the Urban Pyramid (BOUP). Os consumidores emergentes estão nos espaços urbanos e é neles que têm experiências com as marcas. As empresas precisam criar INOVAÇÕES exclusivas para estes consumidores, que também têm desejos materialistas e estéticos, mas não contam com os salários da classe média.

Foi o que fez a NCR, que desenvolveu o caixa eletrônico Pillar com tecnologias biométricas para que seja adequado ao uso de populações analfabetas e semi-analfabetas. No terceiro trimestre de 2011, a empresa começou a testar cinco protótipos nos Estados Unidos, com a intenção de lançar o equipamento em mercados em desenvolvimento.

Sem stress
A busca por produtos e serviços que não exijam esforço e tragam uma sensação de conveniência é exemplificada pela sétima tendência, Idle Sourcing. No mercado nacional, o conceito já é traduzido por serviços como o “Sem Parar”, que dá passe livre nos estacionamentos e pedágios mediante o pagamento de uma mensalidade.

“Se eu pudesse traduzir para o português seria ‘sem stress’. Todo produto ou serviço criado sem barreiras. Não falamos mais de qualidade, mas de conveniência. Qualidade se tornou muito básico”, ressalta Luciana.

A oitava tendência, entretanto, ainda não faz parte da realidade dos brasileiros. Batizada de Flawsome, aponta que os consumidores querem marcas mais humanas, que mostrem suas falhas e saibam lidar com elas. Casos como o da Domino’s dos Estados Unidos, que incentivou os clientes a se manifestarem livremente, falando mal da marca, ainda são raros por aqui.

“Normalmente, as marcas brasileiras não têm estômago para lidar com esse confronto. Os Diretores de Marketing não suportam críticas negativas e isso é uma das coisas que mais poderia ajudar o mercado de consumo brasileiro: se abrir para que as marcas se mostrem como pessoas, e com condições de administrar tudo isso. No momento em que isso fosse adotado, os consumidores responderiam”, aponta a executiva.

Cultura das telas e recompra
Já as tendências seguintes fazem parte do dia a dia dos brasileiros. Screen Culture mostra um mundo onde os espaços urbanos estão tomados por telas e dão a oportunidade para que as marcas desenvolvam conteúdo relevante e específico para cada local. Por outro lado, o Recommerce projeta uma realidade em que as pessoas tendem a trocar produtos usados por descontos ou revender aquilo que já não querem mais.

Casos nacionais como o site Comprei e não vou!, que reúne anúncios de venda de ingressos de forma colaborativa, ou da HP, que oferece descontos em novos produtos na entrega de itens usados da marca, ilustram o Recommerce.

Entre as tendências de consumo para 2012, aparece ainda o Emerging Maturialism, indicando que as pessoas adotarão marcas que vão além dos limites convencionais, com produtos e serviços sinceros ou arriscados. “Hoje não encontramos exemplos no Brasil. A publicidade, por exemplo, passa a mão na cabeça dos consumidores, não confronta”, acredita Luciana.

A lista está completa com Point & Know, propondo que 2012 será um ano de recompensas instantâneas de informação visual, impulsionado por tecnologias como o QR code. Apesar de ter sido amplamente adotado pelas marcas brasileiras, o QR code ainda representa uma grande oportunidade para surpreender os consumidores, se usado de forma pertinente.

“Fico surpresa com a velocidade em que determinadas tendências tecnológicas são adotas, como os QR codes, que se disseminaram rapidamente no Brasil. Mas não acho que as pessoas façam uso deles. As marcas precisam criar ações relevantes, que atraim o interesse dos consumidores”, explica.