Desafio promovido pela SAE tem 13 equipes inscritas e apoio da Mercedes-Benz. Atualmente, não há carros que usam hidrogênio como combustível à venda no país.
Por André Paixão, G1
15/08/2020 06h01 Atualizado há 9 horas
Postado em 15 de agosto de 2020 às 16h00m
* Post.N. -\- 3.825 *
Cerca de 150 estudantes de engenharia de 13 equipes trabalham para
aproximar os carros movidos a hidrogênio da realidade brasileira.
Eles fazem parte do SAE Brasil & Ballard Student H2 Challenge, uma
competição para promover o desenvolvimento da tecnologia no país, e, de
quebra, capacitar os alunos para trabalharem com uma matriz energética
que deve crescer muito nos próximos anos.
O desafio é organizado pela SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da
Mobilidade), que já realiza outros tipos de competição de estudantes em
todo o mundo. Para esse específico, ainda há o apoio da Ballard, empresa
canadense que produz as células de combustível para veículos a
hidrogênio e da Anfavea, a associação das fabricantes de veículos.
Nos próximos meses, os alunos das 13 equipes terão que projetar um
carro de corrida que seja movido a hidrogênio. Para isso, os estudantes
participaram de 9 cursos oferecidos pela SAE.
Os projetos serão julgados considerando critérios técnicos e
financeiros, como as especificações do veículo, desempenho do conjunto
elétrico com célula a combustível, o sistema de segurança para o
hidrogênio. Também serão avaliados aspectos menos objetivos, como
organização da equipe e design do produto.
“O grande desafio não é fazer o carro mais rápido ou mais bonito, mas fazer os primeiros veículos a hidrogênio no Brasil”, disse Daniel Lopes, mentor em Tecnologia e Inovação para Mobilidade com Hidrogênio da SAE Brasil.
Após a eliminatória, restarão 10 times, que receberão um conjunto de
célula de combustível da Ballard, para poder construir a versão
definitiva do carro. Lopes explica que a maior parte das equipes já
desenvolveu seus modelos para outras modalidades de competição.
“Com base neles, vão transformar os veículos para usar as células de combustível e rodar com hidrogênio”, completou.
Um carro movido a hidrogênio utiliza um motor elétrico, assim como
aqueles modelos que são recarregados na tomada. A diferença é que
energia necessária para colocá-lo em funcionamento pode ser gerada em
uma reação química usando água e eletricidade, na chamada eletrólise, ou
até mesmo usando etanol como combustível.
Nos dois casos, os líquidos passam por uma reação química que separa o
hidrogênio dos demais elementos. Posteriormente, ele vira a eletricidade
que vai recarregar a bateria e chegar aos motores.
A Nissan testa veículos elétricos com célula de combustível a etanol no Brasil desde 2017, mas ainda não há qualquer indício de chegada de um carro desse tipo.
Aliás, atrair as fabricantes para apoiar os universitários é outro
objetivo do H2 Challenge. Até agora, segundo a SAE, apenas a
Mercedes-Benz se propôs a “adotar” uma das universidades.
A
relação com a indústria traz um benefício duplo. Para as fabricantes,
isso significa ter a tecnologia mais próxima de si, enquanto os
estudantes têm a oportunidade de mostrar suas habilidades.
“Está sendo muito empolgante porque os alunos, de forma geral, estão
desmotivados com toda a realidade da pandemia, com aulas remotas. E o
desafio tem trazido brilho para os olhos deles. Eles estão sendo
guerreiros”, disse Lopes.
Os carros são monopostos do tipo “fórmula”, que pesam aproximadamente
200 kg. A potência máxima é de cerca de 6 cavalos, a mesma de algumas
outras competições promovidas pela SAE.
O formato da fase final da competição, quando os alunos precisarão
colocar os carros na pista, ainda está sendo discutido. A expectativa é
conseguir realizar um evento em algum campo de provas, mas tudo depende
da evolução do coronavírus no país.
A SAE planeja anunciar a equipe vencedora em novembro, em um evento de mobilidade.
“Temos o desejo que se torne um evento anual. Aí, a partir de então,
deve virar uma competição em formato mais tradicional”, disse o mentor
da entidade.
Esse maior interesse também pode ajudar a colocar o Brasil na rota do hidrogênio.
Hoje, mesmo em países mais ricos, como Alemanha e Japão, carros com
essa tecnologia ainda são mais caros do que similares elétricos.
No entanto, o Brasil pode ter um trunfo nessa questão. “Quando pensamos
no veículo a hidrogênio, precisamos pensar na infraestrutura de
abastecimento. No caso do Brasil, temos condições de ser protagonista.
Nenhum outro país no mundo tem um combustível renovável em todo posto,
como é o etanol”, afirmou Lopes.
Veja as equipes participantes do desafio para construir um carro a hidrogênio:
- Baja UFABC – Universidade Federal do ABC (SP)
- B’Energy – Centro Universitário Facens (SP)
- Cheetah E-racing – Universidade Federal de Itajubá (MG)
- DEDA Team – Centro Universitário Facens (SP)
- EEP Baja- Escola de Engenharia de Piracicaba (SP)
- Fórmula FEI H2 – Centro Universitário FEI (SP)
- Mack Gear – Instituto Presbiteriano Mackenzie (SP)
- Mauá Racing – Instituto Mauá de Tecnologia (SP)
- Minerva Baja – Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ)
- Tec H2 Racing – Senai Cimatec (BA)
- Tesla UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
- UFPR Fórmula SAE – Universidade Federal do Paraná (PR)
- Unicamp Baja SAE – Universidade Estadual de Campinas (SP)
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