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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estatísticas Mundiais de Embalagem revelam o mapa do consumo no mundo

Artigos de colaboradores


*//* Por Fabio Mestriner*


"Better Quality of Life Through Better Packaging for More People" é o slogan da WPO World Packaging Organisation, uma entidade que reúne as associações de embalagem de mais de cinquenta países para promover o desenvolvimento da embalagem no mundo. A WPO divulgou um relatório com as estatísticas de Marketing do setor que nos permite visualizar aspectos importantes do consumo no mundo. Neste relatório ficamos sabendo que o consumo de embalagem é um dos parâmetros utilizados para avaliar o estágio de desenvolvimento econômico de uma determinada sociedade e que, segundo este parâmetro, a America Latina ainda tem muito chão pela frente, pois o consumo de embalagem na região só é maior que o da África e da Oceania. Até mesmo o Oriente Médio com todos os seus problemas, tem um consumo de embalagem maior que a América Latina.

Isto, em vez de nos desanimar, pode ser entendido como uma grande oportunidade de crescimento, pois temos ainda bastante espaço para crescer. A Ásia é a região com o maior consumo de embalagem, seguida da America do Norte e da Europa. Estados Unidos, Japão, China e Alemanha são os países com o maior consumo de embalagem e não por acaso são as quatro maiores economias do planeta. O Brasil ocupa o 11º lugar no ranking dos países que mais consomem embalagens no mundo. Embora seja o 11º pais em consumo de embalagem, o Brasil é o 5º pais onde o consumo de embalagem mais cresce no mundo.

A embalagem é um componente importante da estrutura industrial de um país, pois fornece suporte para que as demais indústrias distribuam sua produção. Trata-se de um negócio que movimentou em 2010 mais de 780 bilhões de Dólares. O relatório da WPO foi elaborado pelo PIRA, instituto de estudos do Reino Unido, considerado uma das maiores autoridades mundiais em análises e estatísticas do setor de embalagem. Segundo a pesquisa realizada pelo PIRA, os fatores que são considerados críticos e estão influenciando o crescimento do setor, que também podem ser considerados como tendências do setor e consequentemente do consumo são:

Em primeiro lugar a “Saudabilidade” aparece como preocupação dominante entre os players do segmento de embalagem. A preferência por embalagens que atuam para proteger e conservar a naturalidade do produto sem necessitar da adição de conservantes tem promovido o desenvolvimento de novas tecnologias como os filmes anti-biológicos que evitam o desenvolvimento de micro-organismos patogênicos no interior da embalagem. Este tipo de embalagem mantém o produto isento de aditivos, pois o agente antibiótico é aplicado no filme e não no produto. A nanotecnologia é uma das ferramentas que vem sendo utilizada para gerar embalagens mais eficientes e que dispensam o uso de conservantes.

O segundo fator apontado na pesquisa é a “conveniência” que deixou de ser um item de comodidade para se tornar uma necessidade vital nestes tempos atribulados. O “Lifestyle”, estilo de vida atual que exige jornadas de trabalho cada vez mais longas e performances pessoais acima da media, consome o tempo das pessoas e elas precisam de produtos e embalagens que sejam práticas, funcionais e que economizem tempo. A conveniência passou a ser um valor reconhecido pelos consumidores.

Em terceiro lugar, mas de certa forma conectado com a conveniência, vem o que foi chamado na pesquisa de “On-the-go' lifestyles”, ou seja, produtos para serem consumidos em movimento. É cada vez mais comum vermos pessoas na rua comendo e bebendo enquanto caminham. Vemos isso nos filmes e seriados e nós mesmos fazemos isso sem restar muita atenção. O porta copos dos carros modernos transformou-se num ponto de venda para tudo que vem numa embalagem que encaixa nele. O estilo de vida contemporâneo precisa de embalagens que lhe dê sustentação e a indústria de embalagem está ciente desta necessidade.

Um fator de marketing que entrou no radar e aparece com destaque no painel de tendências é a necessidade de diferenciação das marcas, o que demanda embalagens personalizadas e que as diferenciem de seus concorrentes. Só depois de tudo isso é que aparecem os aspectos diretamente relacionados a embalagem propriamente dita. Embalagens menores, novos materiais, adequadas aos idosos e as residências menores. As tendências demográficas também foram analisadas e mostraram que o crescimento da população está impactando o consumo, sobretudo pela entrada da China e da Índia no padrão de consumo ocidental.

O relatório mostra a participação dos materiais na confecção das embalagens usadas no mundo. O Papel responde por 38% de todas as embalagens fabricadas no mundo, o plástico por 34%, o metal 16% e o vidro 6% ficando os outros materiais com 6% de share. Muitos detalhes e estatísticas são apresentadas para mostrar o desempenho dos diversos tipos de embalagem e sua participação no segmento. Os mercados emergentes aparecem com destaque no crescimento da embalagem no mundo, especialmente países como a Índia que estava fora do padrão de consumo ocidental e agora está entrando nele.

Na índia, até alguns anos atrás, não haviam supermercados e tudo era vendido no varejo tradicional. A indústria de alimentos era insipiente naquele país com apenas 5% dos alimentos sendo processados. Para se ter uma idéia, no Brasil, cerca de 85% dos alimentos são processados e embalados. As tendências apontadas no relatório da WPO representam o padrão mundial de consumo de embalagem e são as mesmas que se verificam em nosso mercado, pois o padrão de consumo no Brasil está totalmente alinhado com o modelo internacional.

* Fabio Mestriner é Professor Coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM, Coordenador do Comitê de Estudos Estratégicos da ABRE, Autor dos livros Design de Embalagem Curso Avançado e Gestão Estratégica de Embalagem.

Edutainment – Uma tendência no marketing infantil

Artigos de colaboradores


*\\* Por Arnaldo Rabelo*

Edutainment é uma palavra que junta os termos education e entertainment. É originalmente usada para descrever conteúdos de entretenimento que também educam. Alguns programas educacionais também usam o entretenimento e a diversão como estratégia para atrair a atenção dos alunos para o assunto ensinado. Mas quem tem aprendido muito com a técnica são os especialistas em marketing.

Publicitários e mercadólogos têm percebido que marcas não são construídas apenas com publicidade. É preciso construir um vínculo emocional com o público através de um diálogo que demonstre interesse no outro. Não se conquista alguém falando apenas de si mesmo. As empresas insistiram tanto em interromper o entretenimento das pessoas, empurrando mensagens comerciais, que todos agora procuram fugir dos anúncios. Desde o controle remoto da TV até a leitura de notícias através de RSS, a tecnologia tem dado às pessoas acesso ao conteúdo que desejam sem que precisem aturar os comerciais.

Isso levou as marcas a ser o conteúdo. Ao invés de invadirem a programação, marcas começaram a criar e oferecer conteúdos de entretenimento, alinhados com seu universo conceitual. Exemplos vão de revistas de companhias aéreas a curta-metragens em que o produto é um personagem. É o chamado conteúdo de marca. Isso é ainda mais importante para as marcas de produtos infantis porque as crianças compreendem melhor personagens e conteúdo lúdico do que o sentido abstrato que está por trás das marcas.

No entanto, a sociedade tem mostrado reações contra o uso de mensagens comerciais direcionadas às crianças. Procurando evitar abusos e problemas como a obesidade infantil e o consumismo, leis e regulamentações aumentam as restrições sobre a publicidade infantil. As empresas que atuam nesse mercado devem fazer o que é recomendável para todos: preocupar-se em gerar benefícios ao público a longo prazo. Às vezes, isso significa pedir para consumirem moderadamente. Também significa conscientizar e educar para o consumo sem excessos.

Além disso, os pais precisam aprovar o que é comunicado às crianças. Conteúdos educativos serão mais aceitos por eles. Assim, marcas infantis que têm levado conteúdos lúdicos e de entretenimento às crianças, reforçando o posicionamento da marca e educando ao mesmo tempo, têm conquistado a aceitação das famílias e da sociedade. É uma nova fase de diálogo e de construção conjunta, visando benefícios para os dois lados dessa delicada e importante relação.

* Arnaldo Rabelo é consultor em marketing infantil, MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas, diretor da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral) e coautor dos livros “Licensing” e “Marketing Infantil”. www.rabeloeassociados.com.br