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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Guerra cibernética: como as empresas de tecnologia se posicionam na guerra na Ucrânia e quais sanções sofreram

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Plataformas sinalizam informações falsas e desmonetizam canais da mídia estatal da Rússia; país acusa censura e bloqueia redes sociais como retaliação.
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Por g1

Postado em 28 de fevereiro de 2022 às 15h35m

Post. N. - 4.287

Facebook, Twitter, YouTube e Telegram são algumas das marcas envolvidas na guerra cibernética entre Rússia e Ucrânia — Foto: Alessandro Feitosa Jr/G1
Facebook, Twitter, YouTube e Telegram são algumas das marcas envolvidas na guerra cibernética entre Rússia e Ucrânia — Foto: Alessandro Feitosa Jr/G1

Algumas das maiores plataformas de tecnologia do mundo têm se posicionado contra a invasão da Ucrânia, ordenada pelo presidente russo, Vladmir Putin, na última quinta-feira (25). O conflito deflagrado na última semana também tomou o espaço cibernético no fim de semana, com sites oficiais sendo atacados e sanções às plataformas de noticias estatais russas.

Entenda como cada uma das empresas foi afetada e se posicionou a respeito do conflito.

Facebook (Meta)

A Meta, empresa responsável pelo Facebook, é uma das gigantes de tecnologia envolvidas em sanções contra páginas controladas pelo governo da Rússia. A questão envolve a verificação de notícias em relação à invasão da Ucrânia divulgadas por quatro meios de comunicação russos, incluíndo o canal de notícias RT e a agência Sputnik.

O Facebook decidiu impedir a monetização de conteúdos dessas páginas por conta da divulgação de informações falsas. A plataforma se recusa a parar de checar fatos e rotular conteúdo de organizações de notícias estatais. A rede social defende que a checagem de fatos é realizada por agências parceiras, com atuação independente.

A Meta também decidiu proibir a mídia estatal russa de veicular anúncios na plataforma em qualquer lugar do mundo. No domingo, a companhia afirma que seu time de segurança derrubou uma rede de perfis falsos que espalhava fake news contra a Ucrânia.

Em resposta, a reguladora de comunicações da Rússia anunciou que estava limitando o acesso ao Facebook. Segundo os russos, a rede social está praticando censura.

Google

Outra represália aos russos veio do Google, que também bloqueou a monetização de sites, aplicativos e canais no YouTube da imprensa estatal russa. Na prática, isso significa que sites russos não poderão lucrar com os anúncios que aparecem antes e durante os vídeos no YouTube e nem usar a plataforma de publicidade do Google para arrecadar com banners e outras peças publicitárias em sites e aplicativos.

"Em resposta à guerra na Ucrânia, interrompemos a monetização dos veículos financiados pelo Estado russo em nossas plataformas", disse um porta-voz do Google, em um comunicado. "Estamos monitorando ativamente o desenrolar dos acontecimentos e tomaremos mais medidas, se necessário", aponta a companhia.

Mapas desativados

O Google ainda desativou temporariamente dados de tráfego ao vivo do Google Maps na Ucrânia, incluíndo as informações em tempo real sobre as condições de trânsito e quão movimentados estão diferentes lugares. A empresa disse que a decisão foi tomada para a segurança dos ucranianos, após consultar autoridades regionais, informou a agência de notícias Reuters.

Twitter

O Twitter foi quase totalmente bloqueado na Rússia, de acordo com os especialistas da ONG de segurança cibernética NetBlocks. A medida acontece após vídeos e imagens da invasão dos russos viralizarem nas mídias sociais.

O perfil oficial de suporte do Twitter informa que a rede social tem conhecimento da restrição e trabalha para que a plataforma volte a funcionar para os russos.

Nesta segunda, a rede social anunciou que está adicionando avisos em postagens da mídia estatal russa, além de reduzir a visibilidade desses conteúdos. Desde o início da invasão russa, o Twitter registrou cerca de 45 mil postagens com links para os canais de comunicação russos. De acordo com a empresa, a maioria desses posts é visto em perfis de usuários comuns e não nos canais oficiais da mídia russa, que já são rotulados na plataforma.

Telegram

Fundado pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, o Telegram vem sendo uma ferramenta poderosa para divulgação de notícias falsas. O CEO do Telegram, Pavel Durov, chegou a afirmar no domingo (27) que considerava restringir parcial ou totalmente alguns canais do aplicativo de mensagens se a situação na Ucrânia piorasse.

No entanto, no mesmo dia, o executivo mudou de ideia por conta de pedidos dos usuários do aplicativo de mensagens. Durov, porém, pede que os usuários tenham cuidado com o que lêem nos canais do app.

O Telegram está, inclusive, envolvido em uma investigação sobre a propagação de discurso de ódio e fake news no Brasil. No sábado, o aplicativo suspendeu contas após decisão do STF.

SpaceX

Além das redes sociais, algumas plataformas disponibilizaram sua tecnologia para ajudar na crise gerada na Ucrânia. É o caso da SpaceX, que ativou o serviço de internet via satélite Starlink na Ucrânia. O fundador da empresa espacial, Elon Musk, revelou no sábado (26) que a companhia estava enviando equipamentos para o país, em resposta a um telefonema do governo ucraniano.

"O serviço Starlink está em funcionamento. Outros terminais estão a caminho", declarou o executivo, que é CEO da montadora de carros elétricos Tesla e do grupo de empresas espaciais SpaceX, em sua conta no Twitter.

As cidades ucranianas de Kharkiv e Mariupol registraram interrupções parciais do serviço de internet após a invasão russa ao país. A primeira interrupção de internet foi registrada em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, que fica ao leste do país. A conectividade na região caiu de quase 100% para 75% na madrugada de quarta para quinta-feira, período da invasão da Rússia.

Airbnb

Outra empresa que anunciou medidas para ajudar os ucranianos foi a plataforma americana Airbnb, que vai oferecer acomodação gratuita de curta duração para 100 mil ucranianos que fogem da invasão russa. As acomodações serão financiadas pela empresa, por doadores do fundo Airbnb para refugiados e por anfitriões, informou a companhia nesta segunda-feira (28).

Ucrânia convoca guerra cibernética

No sábado (26), o ministro de Transformação Digital ucraniano, Mykhailo Fedorov, convocou um "exército de TI" para ajudar a Ucrânia no front digital. Em uma mensagem postada no perfil oficial de Fedorov, há uma convocação de especialistas em tecnologia da informação dispostos a ajudarem os ucranianos.

O principal pedido do governo ucraniano é para que os voluntários realizem ataques de negação de serviço (DDoS) para derrubar sites de empresas, bancos e do governo da Rússia. No começo do sábado, um ciberataque deixou o site oficial do Kremlin fora do ar.

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domingo, 27 de fevereiro de 2022

Google suspende monetização da imprensa estatal russa em suas plataformas

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Na sexta-feira (25), o Facebook também proibiu a mídia estatal russa de monetizar publicações.
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TOPO
Por France Presse

Postado em 27 de fevereiro de 2022 às 14h20m

Post. N. - 4.286

Uma loja do Google é vista no bairro do Chelsea em Manhattan, Nova York, nos EUA, em foto de arquivo de novembro de 2021 — Foto: Andrew Kelly/Reuters/Arquivo
Uma loja do Google é vista no bairro do Chelsea em Manhattan, Nova York, nos EUA, em foto de arquivo de novembro de 2021 — Foto: Andrew Kelly/Reuters/Arquivo

O Google se tornou, neste domingo (27), o mais recente gigante de tecnologia a impedir a imprensa estatal russa de monetizar conteúdo em suas plataformas, em represália pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Em resposta à guerra na Ucrânia, interrompemos a monetização dos veículos financiados pelo Estado russo em nossas plataformas", disse um porta-voz do Google, em um comunicado.

"Estamos monitorando ativamente o desenrolar dos acontecimentos e tomaremos mais medidas, se necessário", acrescentou.

O anúncio surge horas depois de o YouTube anunciar que os veículos russos financiados pelo Estado não poderiam monetizar seus vídeos na plataforma, entre outras restrições.

"À luz das circunstâncias excepcionais na Ucrânia, estamos tomando uma série de medidas", declarou um porta-voz da empresa.

"Nossas equipes começaram a suspender a possibilidade de que alguns canais gerarem receita no YouTube, incluindo os canais RT em todo mundo", detalhou.

Rússia ataca Ucrânia também no front cibernéticoRússia ataca Ucrânia também no front cibernético

Criada em 2005 como "Russia Today", a RT é acusada, com frequência, pelas autoridades ocidentais de contribuir para a desinformação.

Na sexta-feira, o Facebook anunciou a restrição da atividade da mídia estatal russa, que também não poderá fazer publicidade, nem gerar receita em sua plataforma.

A Alemanha proibiu a RT no início de fevereiro, o que levou a Rússia a fechar o escritório da Deutsche Welle em Moscou.

Vários países anunciaram sanções contra empresas, bancos e autoridades russas depois que Moscou invadiu a Ucrânia na última quinta-feira (24).

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Dona do Facebook diz ter sido sancionada na Rússia por se negar a parar de checar informação

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Mais cedo nesta sexta-feira, o governo russo declarou que iria impor limites ao acesso à plataforma da Meta no país.
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TOPO
Por France Presse

Postado em 25 de fevereiro de 2022 às 19h25m

Post. N. - 4.285

Rússia ataca Ucrânia também no front cibernético
Rússia ataca Ucrânia também no front cibernético

A dona do Facebook, Meta, informou nesta sexta-feira (25) que a Rússia aplicou restrições a esta e outras redes sociais da empresa depois que a plataforma se negou a parar de checar informação.

"Os russos estão usando nossos aplicativos para se expressar e organizar atos", disse o vice-presidente da Meta, Nick Clegg, em um comunicado.

A reguladora de comunicações da Rússia anunciou nesta sexta-feira que estava "limitando o acesso" ao Facebook, que acusa de censurar e impor restrições a quatro meios de comunicação russos, coincidindo com a invasão da Ucrânia pelos militares russos.

Nick Clegg, vice-presidente da Meta, disse que a plataforma "verifica" as informações publicadas por esses meios.

O Facebook garante que um verificador externo - autorizado pela plataforma, mas independente - encontrou informações duvidosas em notícias e vídeos.

"Ontem, autoridades russas nos mandaram parar de verificar e alertar sobre o conteúdo publicado por quatro meios de comunicação controlados pelo Estado russo", escreveu Clegg.

"Nós recusamos. Como consequência, elas anunciaram que iriam restringir o acesso aos nossos serviços."

A invasão da Ucrânia deu origem a uma explosão de fake news na internet, principalmente nas redes sociais, fenômeno que se tornou recorrente sempre que há uma guerra.

Nick Clegg, vice-presidente da Meta, disse que a plataforma "verifica" as informações publicadas por esses meios.

Mais cedo, o órgão de controle de comunicações da Rússia, Roskomnadzor, informou que estava "limitando o acesso" ao Facebook, acusando a rede social americana de censurar a mídia russa e violar os direitos humanos dos cidadãos russos.

"De acordo com a decisão do procurador-geral sobre a rede social Facebook, a partir de 25 de fevereiro, o Roskomnadzor adota medidas para limitar seu acesso", disse a agência, sem especificar a natureza das limitações.

O órgão de controle russo reprova o fato de a rede social americana ter restringido as contas oficiais em sua plataforma da emissora russa Zvezda, vinculada ao Ministério da Defesa, da agência pública de notícias RIA Novosti e dos veículos russos online Lenta.ru e Gazeta.ru.

"O Roskomnadzor pediu à administração da Meta que levante as restrições impostas pelo Facebook aos meios de comunicação russos e que explique a razão de sua imposição. No entanto, a solicitação foi ignorada pelos proprietários da rede social", continuou.

O órgão também garantiu ter observado 23 "casos de censura" contra os meios e recursos de internet russos por parte do Facebook desde outubro de 2020.

"O Ministério Público, em consulta com o Ministério de Relações Exteriores, decidiu reconhecer o Facebook como uma rede social envolvida na violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, assim como dos direitos e liberdades dos cidadãos russos".

Esta decisão acontece no momento em que a Rússia invade militarmente a Ucrânia e provoca uma grave crise geopolítica mundial.

Também faz parte de uma série de medidas adotadas pelas autoridades russas nos últimos anos contra as grandes redes sociais, em muitos casos com o pretexto de proteger os menores de idade e combater o extremismo.

Diversas plataformas - como Facebook, YouTube, TikTok e Twitter - receberam várias multas no país.

Além do Facebook, as autoridades russas determinaram restrições ao funcionamento do Twitter.

Entenda por que a Rússia invadiu a UcrâniaEntenda por que a Rússia invadiu a Ucrânia
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Ucrânia é alvo de ataque hacker que apaga dados de computador

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Empresas de segurança digital ESET e Symantec identificaram que centenas de computadores no país foram alvo de um data wiper, que limpa informações da máquina. Na quarta-feira (23), sites do governo ficaram fora do ar após serem atingidos por cibercriminosos.
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Por g1

Postado em 24 de fevereiro de 2022 às 23h20m

Post. N. - 4.284

Rússia invade a Ucrânia: veja como foram as primeiras horas de ataques
Rússia invade a Ucrânia: veja como foram as primeiras horas de ataques

Em meio à tensão no leste europeu, um novo ataque cibernético tem sido realizado para apagar dados de computadores na Ucrânia. A ação foi identificada na terça-feira (23) pelas empresas de segurança digital ESET e Symantec.

Elas afirmam que os ataques envolvem um novo malware, um tipo de arquivo que tem como função invadir outros dispositivos. Mais especificamente, trata-se de um data wiper (limpador de dados, em uma tradução livre).

As vítimas do malware na Ucrânia incluem uma agência de governo e uma instituição financeira, de acordo com fontes da agência de notícias Reuters.

A ESET informou no Twitter que as suas análises apontam que o malware foi instalado em centenas de computadores na Ucrânia. A empresa analisou a primeira amostra do conteúdo por volta das 12h (horário de Brasília) de quarta-feira.

Segundo ela, o arquivo foi compilado em 28 de dezembro de 2021. Isso sugere que a preparação para o ciberataque acontece há cerca de dois meses, no mínimo.

O pesquisador da Symantec, Vikram Thakur, afirmou à Reuters que os ataques já chegaram a outros países. "Vemos atividade na Ucrânia e na Letônia", disse. A empresa acrescentou mais tarde que o malware também foi identificado na Lituânia.

As companhias de cibersegurança não indicaram qual é a provável origem do malware usado nos ataques a computadores na Ucrânia. A Rússia, que já foi acusada de realizar outros ciberataques contra a Ucrânia, negou as alegações de que esteja por trás desta ação.

Ataques a sites oficiais

Na quarta-feira, os sites do governo, do Ministério de Relações Exteriores e do serviço de segurança ucraniano ficaram fora do ar. Segundo o país, eles foram alvo de um ataque de negação de serviço (DDoS).

O DDoS é um tipo de ciberataque em que criminosos usam várias máquinas para enviar solicitações a um servidor para sobrecarregá-lo e impedir que ele seja usado por usuários verdadeiros.

No mesmo dia, o Ministério de Transformação Digital informou que outro ataque DDoS contra bancos foi identificado no país. O órgão não revelou quais bancos foram afetados por essa ação.

Mapa mostra localização da Ucrânia no mundo — Foto: Arte g1
Mapa mostra localização da Ucrânia no mundo — Foto: Arte g1

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

OnlyFans é acusado de sabotar usuários que têm contas em sites rivais

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​​OnlyFans é acusado de conspirar com uma empresa de mídia social não identificada para desativar contas de artistas de conteúdo adulto que trabalham para rivais.
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TOPO
Por BBC

Postado em 23 de fevereiro de 2022 às 17h05m

Post. N. - 4.283

OnlyFans — Foto: REUTERS/Andrew Kelly
OnlyFans — Foto: REUTERS/Andrew Kelly

O site OnlyFans foi acusado de conspirar para diminuir o alcance de perfis de redes sociais de artistas adultos que trabalham para sites rivais.

A BBC teve acesso com exclusividade a documentos de um processo na Justiça americana que indicam que o OnlyFans orientou uma empresa de mídia social não identificada a sabotar contas de artistas colocando seu conteúdo em um banco de dados de terrorismo.

Representantes do OnlyFans teriam pagado subornos aos funcionários dessa empresa para facilitar a prática. O OnlyFans diz que está ciente do processo, que descreveu como "sem mérito".

Sediado em Londres, no Reino Unido, o OnlyFans — mais conhecido por hospedar pornografia — cresceu muito nos últimos anos. A plataforma permite que usuários compartilhem videoclipes e fotos com assinantes de seus canais em troca de dinheiro.

Os artistas costumam usar contas de mídia social — incluindo Twitter e Instagram — para promover e vincular sites adultos com conteúdo mais explícito.

A BBC News foi informada que o site adulto rival FanCentro entrou com uma ação nos EUA contra o proprietário do OnlyFans, Leonid Radvinsky, e a empresa que recebe os pagamentos da plataforma, a Fenix​​Internet LLC.

O processo foi submetido a um tribunal na Flórida em novembro passado, mas não havia sido tornado público até agora.

Nele, a FanCentro alega que em 2018 o OnlyFans orientou uma empresa de mídia social não identificada a colocar sites adultos concorrentes em uma espécie de lista negra.

A FanCentro afirma que o conteúdo de mídia social de artistas adultos promovendo sites rivais ao OnlyFans foi colocado em um banco de dados internacional contra terrorismo — o Global Internet Forum to Counter Terrorism (Fórum Global de Internet para Combate ao Terrorismo, em tradução livre).

Esse banco de dados usa tecnologia avançada para impedir a disseminação de imagens de terroristas, ao registrar uma assinatura digital exclusiva para elas, conhecida como "hashes".

O banco de dados de hash é compartilhado entre todos os 18 membros do fórum — incluindo YouTube, Twitter, Facebook e Snapchat. Se uma empresa fizer o hash de um vídeo ou fotografia, isso será sinalizado para outros membros para que possam moderar conteúdo semelhante em sua plataforma.

Segundo a ação, o FanCentro acredita que o banco de dados foi "manipulado", o que resultou em muitos artistas adultos tendo suas postagens sociais removidas e contas desativadas — apesar de não conterem nenhum conteúdo terrorista.

Isso aconteceu mais notavelmente no Instagram, diz o processo.

O FanCentro alega que a visibilidade reduzida desses artistas nas redes sociais levou a um declínio acentuado no tráfego direcionado para sites rivais do OnlyFans. O FanCentro está buscando reparações financeiras.

No entanto, artistas que promoviam apenas suas contas no OnlyFans nas redes sociais não enfrentaram essa moderação punitiva de conteúdo, levando a um grande crescimento no tráfego de visitas ao site, acrescenta a ação.

O processo também alega que um ou mais funcionários da empresa de uma rede social não identificada — incluindo um integrante sênior da equipe — podem ter sido subornados para facilitar o esquema por representantes do OnlyFans.

O OnlyFans ainda não se pronunciou sobre o caso judicialmente, mas um porta-voz disse que a empresa estava ciente das alegações — descrevendo-as como "sem mérito".

O Facebook não é citado na ação legal, mas a BBC News foi informada de que a empresa recebeu uma intimação — o que significa que pode ser obrigada a fornecer registros. O Facebook e o Instagram têm a mesma empresa-mãe, agora chamada Meta.

A intimação solicita cópias de quaisquer documentos internos que mostrem sites rivais ao OnlyFans incluídos nas listas dos chamados Indivíduos ou Organizações Perigosas mantidas pela Meta e quaisquer pagamentos recebidos de representantes do OnlyFans.

Segundo a lei dos EUA, as empresas podem ser intimadas se detiverem qualquer informação relevante sobre o objeto de uma reclamação, e não apenas se tiverem evidências que possam revelar se alguém cometeu infrações.

Um dos advogados do FanCentro, David Azar, do escritório de advocacia Milberg, diz que a empresa está planejando intimar outras companhias para obter provas, incluindo empresas de mídia social.

Em um comunicado, a Meta disse: "Essas alegações não têm mérito e vamos abordá-las no contexto do litígio, conforme necessário".

A empresa acrescentou que investigou e não encontrou evidências de que o banco de dados de hash compartilhado tenha sofrido alterações indevidas.

Logo do OnlyFans é visto em computador. Plataforma é conhecida por conteúdo erótico — Foto: Andrew Kelly/Reuters
Logo do OnlyFans é visto em computador. Plataforma é conhecida por conteúdo erótico — Foto: Andrew Kelly/Reuters

Nos últimos anos, artistas que usam o Instagram para promover e vincular seus sites adultos reclamaram que, embora não tenham violado as diretrizes de comunidade do site, receberam notificações de violação e as postagens foram removidas. A subsequente perda de visibilidade e promoção dessas contas ficou conhecida como "shadowban".

Para os artistas, permanece um mistério até que ponto qualquer ação tomada contra as contas foi decorrente de uma política específica ou moderação direcionada de seu conteúdo.

"Estávamos vendo exclusões em massa sem nenhuma razão clara sobre o que estava acontecendo ou por quê", diz Alana Evans, presidente de um grupo que representa artistas de conteúdo adulto — o Adult Performers Actors Guild.

Ela diz que viu artistas caírem em sérias dificuldades financeiras, com alguns até desabrigados.

Em 2019, alguns artistas se encontraram com representantes do Instagram após alegarem que suas contas foram desativadas. A empresa reconheceu que alguns perfis foram removidos incorretamente, mas negou que isso tenha sido feito deliberadamente.

"Não temos políticas que visam artistas de conteúdo adulto", disse um porta-voz na época.

Camila (nome fictício) costumava ter milhões de seguidores em sua conta do Instagram — que era verificada (com o selo azul). Ela diz que a remoção de grande parte de seu conteúdo e o eventual fechamento de sua conta tiveram um impacto "devastador" sobre ela.

Nas postagens, Camila aparecia regularmente de biquíni ou calcinha. Normalmente, as fotos continham links para um site adulto — um rival do OnlyFans — que hospedava vídeos que os usuários precisavam pagar para assistir.

Em outubro de 2018, ela começou a receber notificações de violação de conteúdo removido pelo Instagram. Logo, as postagens começaram a ser retiradas regularmente. Algumas das fotos removidas eram imagens mundanas — incluindo fotos quando ela estava de férias e totalmente vestida.

"Elas começaram a ser excluídas várias vezes ao dia e depois várias postagens ao mesmo tempo", diz ela.

A BBC News descobriu que o status da conta de Camila no Instagram — visível apenas pela equipe de engenharia — foi alterado para "crítico". Isso significava que o perfil não era mais promovido com destaque, levando a uma visibilidade reduzida.

"Minha página estava morrendo lentamente e perdendo seguidores porque as postagens estavam sendo excluídas. Isso significa que ninguém me via", conta.

Camila diz que recorreu continuamente contra a remoção de suas fotos, mas só recebeu uma resposta automática. Em um ponto, até mesmo sua capacidade de apelar no Instagram foi removida, diz ela. Sua conta foi posteriormente fechada completamente.

Camila diz que costumava ganhar pelo menos US$ 50 mil (R$ 251 mil) por mês se apresentando no site adulto, mas agora ganha uma fração desse valor, visto que sua conta no Instagram não mais direciona tráfego para a plataforma.

O proprietário de um site adulto diferente daquele que processou o OnlyFans disse que sua empresa também foi afetada, mas não sabe como ou por quê. Ele diz que no final de 2018 parecia que uma "bomba" havia sido colocada sob seus negócios.

Mais de cem contas do Instagram que costumavam direcionar tráfego para artistas adultos que apareciam em seu site sofreram uma grande perda de visibilidade e algumas foram totalmente desativadas, afirma. Ele diz que sua renda caiu significativamente.

A Meta disse que não pode comentar essas alegações sem os nomes de usuário ou nomes dos sites adultos que estão sendo promovidos em suas plataformas.

Um porta-voz acrescentou que as diretrizes da empresa estabelecem um alto padrão na recomendação de contas que os usuários ainda não estão seguindo.

O conteúdo com hash no banco de dados administrado pelo Global Internet Forum to Counter Terrorism não é auditado de forma independente.

"Não temos conhecimento de nenhuma evidência para apoiar as teorias apresentadas neste processo entre duas partes sem conexão com o GIFCT", disse um porta-voz da instituição.

"Nosso trabalho contínuo para aumentar a transparência e a supervisão do banco de dados de compartilhamento de hash GIFCT é o resultado de um amplo envolvimento com nossas partes interessadas e não tem conexão com essas reivindicações".

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