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Postado em 29 de agosto de 2018 às 23h00m
Trocafone e Gaveteiro crescem em ritmo exponencial e têm planos agressivos de crescimento.
Apesar do mito da imensa burocracia e dos altos custos para se manter uma empresa no Brasil, o país ainda continua sendo um chamariz para empreendedores estrangeiros que estão em busca de montar o próprio negócio.
Essa foi a estratégia adotada pelo argentino Guille Freire, CEO da Trocafone, startup de recomércio de smartphones seminovos, que foi criada no Brasil há 4 anos.
Assim que voltou para a Argentina, após viver dois anos em Boston onde foi fazer um MBA no MIT, focado em tecnologia e empreendedorismo, Guille Freire sofreu um assalto na rua, em Buenos Aires. Um ladrão colocou uma arma em sua cabeça e levou o seu iPhone.
Como não tinha dinheiro suficiente para comprar um aparelho novo – na época, o preço do iPhone novo era equivalente a 2/3 do salário mínimo – o executivo resolveu comprar um iPhone usado. Depois de fazer várias pesquisas online, ele conheceu um vendedor que tinha um aparelho nas condições que procurava. Marcou um encontro em uma Starbucks e comprou o aparelho celular usado. Ao chegar em casa, constatou que o iPhone não carregava. Ligou para o vendedor, mas ele sumiu. Tinha sido enganado.
Como não tinha outra opção, Guille Freire consertou o aparelho e decidiu vendê-lo novamente. Escolheu um site de compra e venda e fez o anúncio. Depois de uma semana respondendo questões que pouco tinham a ver com o negócio, Freire vendeu o aparelho. Além da frustração pelo negócio, o executivo viu uma oportunidade de mercado.
Com toda a história que passou para comprar e vender um celular usado, Freire resolveu estudar o mercado e constatou que não foi o único a passar por uma experiência frustrada, neste sentido. O empreendedor chamou, então, seu sócio, também argentino, Guille Arslanian e resolveram criar um negócio que melhorasse a experiência de compra e venda de celulares seminovos e garantisse a qualidade do produto e o serviço de pós-venda.
Criaram assim a Trocafone, em 2014. A startup vem crescendo em ritmo exponencial. No último ano, saltou de um faturamento de R$ 60 milhões para R$ 210 milhões e alcançou mais de 300 mil aparelhos seminovos vendidos. A expectativa para esse ano é dobrar o número de vendas de aparelhos seminovos e expandir a operação para outros países da América Latina. Depois do Brasil, a Trocafone também tem escritórios na Argentina e na Rússia.
“Quem opta pelo recomércio de celulares usados, além de economizar dinheiro ainda ajuda o meio ambiente, afinal, o descarte incorreto de celular causa danos para o meio ambiente e para a saúde da população em geral”, destaca Guille Freire, CEo e fundador da Trocafone.
Único e-commerce B2B do país com meta de se tornar um unicórnio
O americano Joshua Kempf e o alemão Benedikt Voller também enxergaram no Brasil a oportunidade para montarem seu próprio negócio. Após perceberem a carência no mercado nacional na venda, em um único local, de materiais vitais para o contínuo funcionamento de empresas com foco especial em MRO (Manutenção, Reparo e Operações), os executivos deixaram seus empregos em multinacionais estrangeiras – Goldman Sachs e Groupon, respectivamente, e foram atrás de investidores.
Há 6 anos no mercado brasileiro, o Gaveteiro cresce em média 6% ao ano e os sócios tem uma meta ousada para os próximos anos: chegar a R$ 1 bilhão de faturamento nos próximos cinco anos e a R$ 3 bilhões, até 2028.
Recentemente, receberam um aporte de R$ 15 milhões. Com o montante, estão investindo na mudança da sede, na criação de uma nova operação logística, na entrada na área editorial e na criação de um novo B2B marketplace.
Em 2017, a empresa fechou o ano com R$ 41 milhões de faturamento e prevê faturar R$ 60 milhões esse ano “Vimos no Brasil uma carência por esse tipo de oferta e, por isso, escolhemos o país para iniciar nossa operação. Não há segredo para o crescimento. É preciso aumentar as vendas diárias e conquistar novos clientes”, acrescenta.