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domingo, 31 de março de 2024

'Videogames podem estimular a criatividade das crianças', diz milionário da inteligência artificial

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Demis, uma criança prodígio do xadrez, projetou e programou um jogo multimilionário chamado Theme Park na adolescência, antes de ir para a Universidade de Cambridge.
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TOPO
Por BBC

Postado em 31 de março de 2024 às 06h00m

Post. N. - 4.857

Demis quer ver as crianças abraçarem a capacidade de adaptação num 'mundo em rápida mudança' — Foto: Getty Images/via BBC
Demis quer ver as crianças abraçarem a capacidade de adaptação num 'mundo em rápida mudança' — Foto: Getty Images/via BBC

Os pais que "arrancam os cabelos" porque os filhos passam horas no videogame deveriam, em vez disso, encorajar o uso criativo da tecnologia, defende um milionário inglês, que é referência em inteligência artificial (IA), à BBC.

💻Sir Demis Hassabis avalia que as crianças deveriam ser encorajadas a criar e a fazer programação no computador.

♟️O cofundador e chefe do DeepMind do Google joga xadrez e videogame desde a infância. O Google comprou a empresa dele por £ 400 milhões (R$ 2,5 bilhões) em 2014.

Demis disse ao programa Today, da Radio 4 da BBC, que os jogos o ajudaram a ter sucesso.

"É importante alimentar a parte criativa, não apenas jogar", disse.

"Você nunca sabe onde as paixões podem te levar, então eu apenas encorajaria os pais a deixarem seus filhos realmente apaixonados pelas coisas e, então, desenvolverem habilidades por meio disso."

Ele acredita que as crianças precisam estar prontas para se adaptarem ao que será um "mundo em rápida mudança" e "abraçar essa adaptabilidade".

Demis, uma criança prodígio do xadrez, projetou e programou um jogo multimilionário chamado Theme Park ainda na adolescência, antes de ingressar na Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Depois de se formar, ele fundou uma empresa de videogames, completou um doutorado em neurociência e foi cofundador da DeepMind em Londres no ano de 2010, que posteriormente foi vendida ao Google.

Na quinta-feira (28/3), ele postou no X (o antigo Twitter) que estava "encantado" em receber o título de cavaleiro britânico pelos serviços prestados à IA.

Ele disse à BBC que o título de cavaleiro foi o reconhecimento do que ele e sua equipe fizeram para "semear todo o campo e a indústria da IA", além de sua contribuição para a vida britânica.

Demis disse que não se arrependia de ter vendido a DeepMind há 10 anos, pois considerava o Google a empresa certa, com o poder computacional necessário para assumir o negócio.

"À época, não havia capacidade no Reino Unido para angariar as centenas de milhões de dólares que seriam necessários para assumir as coisas do ponto de vista global", disse ele.

Demis Hassabis (à direita) participou de evento sobre segurança da IA com Rishi Sunak, o primeiro-ministro do Reino Unido — Foto: Getty Images/via BBC
Demis Hassabis (à direita) participou de evento sobre segurança da IA com Rishi Sunak, o primeiro-ministro do Reino Unido — Foto: Getty Images/via BBC

O uso da IA para imitar pessoas em vídeos deepfake tem causado preocupação, incluindo o uso de rostos e vozes de pessoas da vida real em vídeos de sexo gerados pelas ferramentas mais avançadas.

Christopher Doss, pesquisador da Rand Corporation, um centro de pesquisa em política internacional, disse que detectar vídeos deepfake se transformou em "uma corrida armamentista entre aqueles que estão tentando detectá-los e aqueles que estão tentando evitar a detecção".

Há também preocupações de que a forma como a IA é treinada, usando dados disponíveis publicamente, possa levar a um "viés de algoritmo". Esta é uma preocupação particular, pois é implementada para automatizar a tomada de decisões, como a escolha dos currículos relevantes para os candidatos a uma determinada vaga de emprego.

À medida que essa indústria se desenvolve rapidamente, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak realizou a primeira conferência sobre a segurança da IA em 2023, onde disse reconhecer que havia uma "ansiedade" sobre o impacto que as novas ferramentas poderiam ter no trabalho, mas disse que elas aumentariam a produtividade ao longo do tempo.

Neste evento, Demis assinou uma declaração que diz:

"Mitigar o risco de extinção por causa da IA deveria ser uma prioridade global, juntamente com outros riscos, como as pandemias e a guerra nuclear".

Em declarações ao editor de negócios da BBC, Simon Jack, Demis disse que não se via como um Robert Oppenheimer, o criador da bomba nuclear.

Ele disse que a atual geração de cientistas está ciente dos "alertas" sobre o poder da tecnologia e "os riscos" envolvidos se tal poder não for "administrado corretamente".

Ele acrescentou que a IA tem um "impacto positivo inacreditável" que é "mais amplo que o [poder] nuclear".

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sábado, 30 de março de 2024

Trend do 'Clique aqui': entenda como recurso de acessibilidade está sendo usado para mensagens ocultas nas redes sociais

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Imagem de seta com o texto 'clique aqui' viralizou no X, antigo Twitter, mas muitos usuários não entenderam sobre o que se trata. Ferramenta 'ALT' de transcrição de imagem traz possibilidade de incluir mensagens ocultas.
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Por Marina Pinhoni, g1

Postado em 30 de março de 2024 às 08h05m

Post. N. - 4.856

Imagem de fundo branco com uma seta e o texto "Clique Aqui" viralizou no X. — Foto: Reprodução/X
Imagem de fundo branco com uma seta e o texto "Clique Aqui" viralizou no X. — Foto: Reprodução/X

Quem abriu o X, antigo Twitter, nesta sexta-feira (29) deu de cara com várias contas oficias de influencers, usuários comuns e até empresas que postaram a mesma imagem: um fundo branco com uma seta e o texto "Clique Aqui".

Mas nem todo mundo entendeu como funciona essa nova "trend", que usa um recurso de descrição de imagem originalmente criado para a acessibilidade de pessoas com deficiência para deixar mensagens ocultas.

"Do nada minha timeline cheia de clique aqui", "que p*** é essa de clique aqui?" e "não aguento mais esse clique aqui" foram alguns dos comentários dos usuários confusos.

Print de post no X com a mensagem: "A rede social X amanheceu assim no dia 29/03". — Foto: Reprodução/X
Print de post no X com a mensagem: "A rede social X amanheceu assim no dia 29/03". — Foto: Reprodução/X

Descrição de imagem

A descrição de imagem, também chamada de texto alternativo, é uma forma de aumentar a acessibilidade para pessoas cegas, com baixa visão, ou que usam programas de leitura de texto.

No X, ela é representado pelo selo "ALT" que aparece ao clicar sobre uma imagem, e não foi criada agora. Na página oficial da rede social há um tutorial que ensina como utilizá-la.

Por exemplo, se o usuário posta uma foto de uma flor, há a possibilidade de acrescentar uma legenda acessível que descreva aquela imagem, como algo do tipo: "Foto mostra a mão de uma pessoa segurando um botão de rosa vermelha sobre um fundo escuro".

Mas a trend do "Clique aqui" usa o recurso para escrever mensagens não relacionadas à imagem. Páginas de empresas usaram para fazer propaganda de produtos ou serviços, influencers usaram para divulgar horários em que fariam transmissões ao vivo, e muitos usuários publicaram palavrões ou piadas.

O movimento gerou críticas de quem considera que as pessoas com deficiência estão sendo prejudicadas.

"As marcas entrando nessa de Clique Aqui desvirtuando o real propósito da aplicação que é permitir que as pessoas com deficiência visual 'vejam' o que tem na imagem 🤡", escreveu o usuário da conta @STENl0.

Já o jornalista Rodrigo Alves, do perfil "Vida de Jornalista", usou o próprio recurso ALT para fazer a crítica.

"Se você é uma pessoa cega, a imagem da trend é a frase Clique Aqui e uma seta apontando para o ALT. Se você não é uma pessoa cega e clicou no ALT só pela trend, faz favor de tomar vergonha e passar a usar a ferramenta pra descrever as imagens, assim pessoas com deficiência visual também conseguem saber o que você postou 😉", escreveu.

Post do perfil "Vida de Jornalista" critica a trend que usa o ALT para fins que não sejam descrição de imagem. — Foto: Reprodução/X
Post do perfil "Vida de Jornalista" critica a trend que usa o ALT para fins que não sejam descrição de imagem. — Foto: Reprodução/X

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segunda-feira, 25 de março de 2024

Conheça a estudante da UFG que é a 1ª mulher do Brasil a se formar em Inteligência Artificial

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Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, fez seis meses de odontologia quando decidiu se aventurar no curso de AI. Ela e mais 14 estudantes concluíram o bacharelado na Universidade Federal de Goiás (UFG).
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Por Vanessa Chaves, g1 Goiás

Postado em 25 de março de 2024 às 08h00m

Post. N. - 4.855

Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, é a 1ª mulher do Brasil a se formar em Inteligência Artificial, em Goiânia. Natural de Ceres, ela chegou a fazer seis meses de odontologia, mas segunda ela, não era o que queria de verdade.

Fiquei sabendo da criação do curso de AI na colação de grau da minha irmã. Pesquisei sobre o mercado de trabalho e me agradou muito, vi que a área correspondia com a que sempre tive facilidade, exatas, e resolvi me aventurar, disse Heloisy.

Ela começou o curso em 2020 e terminou no fim de 2023 na Universidade Federal de Goiás (UFG), no instituto de Informática do Campus Samambaia, em Goiânia. No país todo, o curso de graduação em IA só é oferecido pela UFG, e a estudante foi a única mulher da turma de 15 formandos.

Heloisy conta que o curso, de bacharelado em Inteligência Artificial, além de ser chamado de IA, em inglês, artificial intelligence, é também chamado carinhosamente de BIA pelos bacharéis.

Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, é a primeira mulher do Brasil a se formar em Inteligência Artificial, na UFG — Foto: Acervo pessoal
Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, é a primeira mulher do Brasil a se formar em Inteligência Artificial, na UFG — Foto: Acervo pessoal

É um curso totalmente diferente dos outros. Ele trabalha a mentalidade empreendedora, resolução de problemas e tudo aliado à técnica. É promovido o contato com empresas privadas, por meio de projetos de pesquisa e desenvolvimento (p&d), o que contribui muito com o nosso crescimento profissional no decorrer do aprendizado, disse Heloisy.

Ao g1, ela contou que em relação as áreas de IA, gosta mais de processamento de linguagem natural, que é fazer a máquina entender as falas humanas.

Um dos desafios pode ser um pouco de matemática, mas nada impossível. É se manter sempre atualizado, pesquisar e buscar conhecimento constante. Recomendo fazer, é um curso que podemos aplicar os conhecimentos em qualquer área como na saúde, agro, varejo, call center, etc, contou ela.

1ª mulher formada em AI no Brasil

Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, durante graduação em Inteligência Artificial — Foto: Acervo pessoal
Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, durante graduação em Inteligência Artificial — Foto: Acervo pessoal

Heloisy disse que o contato com as empresas durante o curso contribui e ajuda os alunos a conhecer o mercado de trabalho antes mesmo de se formar. Além disso, possibilita que os estudantes ganhem bolsas bem remuneradas em projetos desenvolvidos na universidade.

É um sentimento muito bom, principalmente de gratidão e alegria. Saber que eu consegui finalizar e poder ser inspiração para outras mulheres é muito gratificante. A tecnologia é uma área de mulheres também, devemos cada vez mais conquistar esses espaços, contou Heloisy.

Ela avaliou que falta incentivo para meninas jovens se aventurarem nesta área. Desde criança são os meninos que mexem no computador, entram em games no pc e acabam se atraindo mais pela área.

As meninas não são incentivadas a jogar no computador, ainda não possuem muitas referências de mulheres que mexem com isso, então é mais difícil quererem algo que desconhecem, mas p espaço está lá, só é necessário querermos acessá-lo. Somos capazes de chegar longe, afirmou Heloisy.

Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, e a família durante colação de grau em Inteligência Artificial — Foto: Acervo pessoal
Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, e a família durante colação de grau em Inteligência Artificial — Foto: Acervo pessoal

Ela contou que é importante a formação na área devido à grande possibilidade de resolver problemas da sociedade, de diversas áreas, contribuindo para um mundo melhor.

A minha percepção é que a IA vem para nos ajudar a sermos mais humanos, voltarmos para tarefas que são mais subjetivas, que requerem nossos pensamentos e entendimentos, e não fazermos tarefas maçantes e repetitivas. Alguns empregos serão extintos, mas com certeza precisaremos de novos empregos, mais especializados, e você tem que saber se adaptar às novas possibilidades, disse Heloisy.

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sábado, 23 de março de 2024

WhatsApp atualiza visual; veja o que mudou e quais são as críticas

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Plataforma alterou o tom de verde da marca, o desenho dos botões e a posição do menu, que passou a ser exibido na parte de baixo da tela em aparelhos Android e incomodou alguns usuários.
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Por g1

Postado em 23 de março de 2024 às 16h10m

Post. N. - 4.854

WhatsApp mudou posição dos botões no Android e recebeu críticas dos usuários — Foto: Reprodução
WhatsApp mudou posição dos botões no Android e recebeu críticas dos usuários — Foto: Reprodução

O WhatsApp tem feito mudanças em seu visual que vão desde o tom de verde da sua marca até o estilo dos botões do aplicativo. As alterações são pequenas, mas não deixaram de ser percebidas e até criticadas, por alguns usuários (veja todas abaixo).

Nas redes sociais, há várias reclamações sobre os ajustes, principalmente o que em passou a mostrar os botões do menu na parte debaixo da tela em celulares com sistema Android – até então, as opções "Conversas", "Atualizações", "Comunidades" e "Ligações" apareciam na parte superior do app.

O novo visual será implementado de forma gradual para todos os usuários e não poderá ser revertido, segundo o WhatsApp.

"Essas mudanças foram feitas para proporcionar uma experiência mais moderna no WhatsApp, além de deixar o app mais acessível e fácil de usar", disse a plataforma.

Veja abaixo as mudanças no visual do WhatsApp:

  • as abas, que costumavam ficar na parte superior da tela, agora aparecem na parte inferior nos celulares Android.
  • o tom de verde do logotipo foi alterado e as cores do aplicativo ficaram mais intensas, para ajudar os usuários a focarem nas áreas mais importantes da tela, diz a empresa.
  • o modo escuro agora é ainda mais escuro, e o modo claro tem mais áreas na cor branca, para facilitar a leitura, segundo o WhatsApp.
  • ícones e botões ganharam formatos e cores diferentes.
  • informações e textos agora possuem um espaçamento maior entre eles.
  • o logotipo do WhatsApp passa a ser exibido na aba "Conversas".
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sexta-feira, 22 de março de 2024

Brasil é 1º país das Américas com status de 'Estado Membro' do CERN, que abriga maior colisor de partículas do mundo; entenda

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A partir de agora, governo tem de contribuir com custos do centro europeu, palco da confirmação da "partícula de Deus", uma das maiores descobertas da física. Brasil poderá nomear representantes, ter acesso a 'superestágios' e participação de empresas brasileiras em licitações do CERN.
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Por Fernando Evans, g1 Campinas e região

Postado em 22 de março de 2024 às 19h25m

Post. N. - 4.853

Foto mostra Grande Colisor de Hádrons do CERN, próximo a Genebra, na Suíça, em 23 de julho de 2014. — Foto: Pierre Albouy/Reuters
Foto mostra Grande Colisor de Hádrons do CERN, próximo a Genebra, na Suíça, em 23 de julho de 2014. — Foto: Pierre Albouy/Reuters

O Brasil é o primeiro país das Américas a se tornar "Estado Membro Associado" do CERN, Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear responsável pela operação do maior colisor de partículas do mundo, palco de uma das grandes descobertas da história da física: o bóson de Higgs, apelidado de "partícula de Deus".

A confirmação da associação foi feita pelo CERN nesta sexta (22), dois anos após a assinatura do acordo com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Em comunicado à imprensa, a organização destaca que "o país concluiu seus procedimentos internos de aprovação", e a data da mudança de status é 13 de março de 2024.

O CERN possui 23 Estados Membros, todos países europeus, como Suíça, França e Alemanha, que contribuem com os custos de estrutura e operações.

Como "Estado Membro Associado", o terceiro não europeu e o único nas Américas, o Brasil se compromete a contribuir com algo em torno de 10% do que é investido pelos membros principais, um valor estimado em 10 milhões de francos suíços, equivalente a R$ 58 milhões por ano, segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI).

"A adesão brasileira à CERN representa marco significativo no fortalecimento da cooperação científica internacional e no desenvolvimento da ciência e de tecnologias de ponta no país. Com a medida, pesquisadores e cientistas brasileiros passam a ter acesso prioritário às instalações da CERN, bem como a posições de trabalho, cursos e estágios científicos oferecidos", destaca a pasta, em nota.

Brasil passa a figurar como "Estado Membro Associado" do CERN, considerado um dos maiores laboratórios do mundo, na Europa — Foto: CERN
Brasil passa a figurar como "Estado Membro Associado" do CERN, considerado um dos maiores laboratórios do mundo, na Europa — Foto: CERN

O que muda?

O Brasil já tinha acordo de cooperação com o centro europeu desde a década de 1990, e ensaiava avançar na participação por anos, gerando expectativa na comunidade científica

A mudança de status dá agora ao país o direito de nomear representantes, ou seja, assento em reuniões do Conselho e do Comitê Financeiro do CERN, com voz na tomada de decisões estratégicas e de pesquisa, além de permitir que brasileiros se candidatem a posições dentro da instituição.

Por ser um Estado Membro Associado, há um fortalecimento na formação de recursos humanos, e a indústria brasileira passa a ter direito a concorrer a licitações para contratos de P&D e fornecimento de serviços e materiais para o CERN - entenda mais abaixo.

Vale destacar que o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abriga o superlaboratório Sirius, em Campinas (SP), possui acordo de cooperação científica e tecnológica com o CERN, e que a adesão como "Estado Membro" garante a continuidade dessa parceria.

"Além da física de partículas, o CERN e o CNPEM têm cooperado formalmente desde dezembro de 2020 em P&D de tecnologia de aceleradores e suas aplicações", destaca o centro europeu, em nota.

Abertura para empresas brasileiras

É na abertura para que empresas brasileiras participem de concorrências para compras do CERN que abriga um dos grandes pontos dessa mudança de status, avalia Antônio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM.

"É uma mudança importante, extremamente relevante, e o próprio CNPEM tem grande possibilidade de atuar. O CERN enxerga o CNPEM como um grande centro de tecnologia em aceleradores, e para que as empresas tenham uma possibilidade de participação bem sucedida, precisam de alguém que traduza essas necessidades. São empresas com capacidade técnica muito grande, mas que não tem a expertise nessa área", explica.

Nesse ponto, o próprio desenvolvimento do Sirius, acelerador de partículas instalado em Campinas (SP), serve como referência. "A associação constitui oportunidade de aprofundamento da cooperação com o Sirius, desenvolvido, quase inteiramente, pela indústria nacional", enfatiza o governo brasileiro.

De acordo com o MCTI, a adesão representa "a possibilidade de participação em mercado de licitações da ordem de US$ 500 milhões anuais", o equivalente a R$ 2,5 bilhões em negócios.

Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, instalado no CNPEM, em Campinas (SP) — Foto: Nelson Kon
Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, instalado no CNPEM, em Campinas (SP) — Foto: Nelson Kon

Transferência de tecnologia

Ser um Estado Membro Associado amplia a participação brasileira dentro do CERN, e pode ser fundamental na formação de recursos humanos, ou seja, pesquisadores em diversas áreas tecnológicas que terão acesso a "superestágios" no centro europeu.

🥼 A presença de brasileiros nos projetos do CERN já é ativa. "Ao longo da última década, a comunidade experimental de física de partículas do Brasil dobrou de tamanho. Apenas nos quatro principais experimentos do LHC, cerca de 200 cientistas, engenheiros e estudantes brasileiros colaboram em áreas que vão desde hardware e processamento de dados até análise de física", destaca o CERN.

Segundo José Roque, ter acesso a um dos maiores centros de pesquisa do mundo é "supervantajoso" e acelera processos.

"É um ganho quase intangível. Quanto vale ganhar anos de transferência de tecnologia, de um centro que investiu muitos recursos e tempo, e com a parceria você consegue adquirir e transferir para seus produtos? Estamos desenvolvendo com o CERN dispositivos supercondutores para aceleradores, e o que avançamos em dois anos, levaríamos 15 anos para conseguir", destaca o diretor do CNPEM.

Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM — Foto: Fernando Evans/g1
Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM — Foto: Fernando Evans/g1

Desafios futuros

Atualmente, segundo o CERN, institutos brasileiros participam de todos os principais experimentos no LHC (são quatro, chamados de ALICE, ATLAS, CMS e LHCb), além do ALPHA no desacelerador de antiprótons

Pensando no futuro, uma das possibilidades da parceria entre CNPEM e CERN mira o projeto do Futuro Colisor Circular (FCC), um colisor de 100 km, quatro vezes maior que o Grande Colisor de Hádrons (LHC), em operação na divisa entre Suíça e França.

"São projetos que vão exigir a fabricação de determinados equipamentos que o CERN entende que há capacidade de o CNPEM participar. Abre uma oportunidade gigantesca, e coloca o Brasil se envolvendo, de maneira profunda, no grande desenvolvimento de ciência mundial. É uma parceria que a gente chama de 'ganha-ganha'", completa José Roque. 
Sirius x LHC, quais as diferenças?
lhc — Foto: Andrew Strickland / cortesia Cern 7-8-2010
lhc — Foto: Andrew Strickland / cortesia Cern 7-8-2010

Apesar de serem aceleradores de partículas, o Sirius, em Campinas, e o LHC são muito diferentes no modo de operação e objetivos científicos.

No Grande Colisor de Hádrons (LHC), feixes de prótons são acelerados em direções opostas, em um anel com 27 km de extensão, para que se choquem entre si.

Com isso, pesquisadores detectam e analisam as colisões para estudar a matéria em uma escala subatômica e investigar a estrutura mais fundamental do universo.

Já no Sirius, que é uma fonte de luz síncrotron de 4ª geração, elétrons são acelerados em uma única direção, sem colidir uns com os outros - eles devem circular de maneira estável por longos períodos para gerar a luz capaz de analisar a estrutura de diferentes tipos de materiais em escala de átomos e moléculas.

Como funciona o Sirius? Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz (99,9%), fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos.

🧲 Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.

Brasil e China assinam acordo para cooperação científica

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