"Público que movimenta R$ 7,5 bilhões por mês no país ainda é deixado de lado pelas empresas."
*|* Por Sylvia de Sá
Desde 1980, o brasileiro viu a expectativa de vida crescer 10,7 anos e, até 2050, tudo indica que a população estará vivendo, em média, 81 anos. Sem falar que os indivíduos com mais de 60 anos devem chegar a 64 milhões ainda na metade do século. Por isso, é bom que as marcas não percam tempo, redirecionem o olhar para este público e repensem a maneira de agir.
“A população madura tem novos hábitos e atitudes, completamente diferentes do que se fala da terceira idade. São pessoas mais ativas, otimistas em relação ao futuro, funsionais e, principalmente, independentes. Uma pessoa com 70 anos há três, quatro décadas, se preparava para os seus últimos dias. Hoje, ela faz planos para o futuro. O mercado está diante de grandes oportunidades a serem satisfeitas para esse público”, diz Arthur O'Leary Jr, Diretor Geral da Brasil Data Senior, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Os setores mais explorados, como o financeiro, de saúde e turismo continuam em alta neste segmento de mercado. Há, entretanto, categorias que despertam cada vez mais a atenção destes consumidores, mas ainda não atendem suas necessidades. É o caso do mercado de entretenimento, por exemplo, pensado fundalmentalmente para os jovens.
Potencial do “Ninho Vazio”
As oportunidades aumentam ainda mais entre aqueles classificados como “Ninho Vazio”, ou seja, casais maduros que vivem sozinhos, e “Solitários”, que compreendem viúvos e descasados. Juntos, estes estágios familiares representam 40% dos consumidores seniores e apresentam renda per capta acima da média, sendo potenciais consumidores de super e hipermercados, feiras, açougues e padarias, medicamentos, cosméticos, telefonia celular, TV por assinatura, lazer fora de casa, planos de saúde e crediários.
O ticket médio em super e hipermercados do “Ninho Vazio” é de R$ 403,00, enquanto os “Solitários” gastam R$ 231,00. Já o grupo “Multifamiliar”, de domicílios compostos por mais de um núcleo familiar, consome, em média, R$ 413,00 e o “Ninho Cheio” (casas com filhos solteiros morando juntos), R$ 410,00.
Os números comprovam o maior gasto dos casais que vivem sós ou dos viúvos e separados. A renda familiar também é uma surpresa. Entre os seniores da classe A, o valor chega a R$ 9,3 mil mensais e os gastos com supermercados ficam em R$ 878,00.
Serviços e diálogo
Apesar da renda movimentada por quem já passou dos 60 anos, praticamente nenhuma empresa brasileira olha com atenção para este público. Há casos isolados, claro, como a Maturi, marca de cosméticos que nasceu para atender os seniores. Mas, de forma geral, ainda não se observam manifestações nesta direção.
“Não chegamos aos erros ainda. As empresas estão se dedicando pouco. Existe uma ausência de iniciativas para pensar em produtos para este público. Não se pode culpar muito as marcas, porque é um fenômeno recente no Brasil. Houve um aumento abrupto da população e isso vai acelarar nos próximos anos. É um momento para planejar e pensar na oportunidade”, acredita o executivo da Brasil Data Senior.
Na busca pela conquista deste consumidor, os serviços saem na frente, já que tratam muito mais diretamente com o ser humano e conseguem suprir os desejos do target. É o caso de academias de ginástica com departamentos que trabalham com as necessidades deste público, assim como as agências de turismo que pensam em roteiros específicos.
Outro ponto importante é o diálogo com o senior. Cabe às marcas tomar o cuidado para não passar a imagem inadequada destes consumidores. Não adianta tratá-los de maneira “especial”. “Pessoas com mais de 60 anos não querem se sentir velhas. Querem viver mais, ter espírito jovem. Não adianta lançar um produto para velho. É preciso tomar cuidado no posicionamento de Marketing. O produto ou o serviço deve atender a necessidade da pessoa vendendo um posicionamento com que ela se identifique”, ressalta O'Leary.
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