"Pesquisa mostra que momento econômico da nova classe média não é único: ele já existiu em 1970. Diferencial de agora é na consciência e influência do brasileiro."
*//* Por Isa Sousa || 03/09/2012
De acordo com a pesquisa, a nova forma de comprar do brasileiro emergente pode ser chamada de “mais por menos”. São pessoas cada vez mais exigentes com o que escolhem, mas que são conscientes na hora de gastar. Apesar de ainda haver uma demanda reprimida, entre produtos e serviços que estão sendo incorporados pela nova classe média estão computadores e notebooks, TV a cabo, viagens de férias e, aos poucos, a priorização da educação.
Os atributos mais valorizados, segundo a pesquisa, são preço, variedade, qualidade e marca. “O preço porque ainda continua sendo relevante, a variedade porque o consumidor emergente busca mais alternativas pra fazer suas escolhas, o que nos leva ao terceiro e quarto atributos: ele tem preocupação com durabilidade e segurança e, surpreendentemente, passa a referenciar marcas de predileção entre as suas escolhas, muito mais que puramente produto versus preço”, explica Horta.
Ainda assim, as marcas pecam por não segmentar e a relação com os novos consumidores acaba sendo um “calcanhar de Aquiles”. O estudo indica que é preciso criar uma experiência memorável no ato da compra, focando principalmente em um atendimento mais eficiente, que cumpra o que promete. “É preciso prestar atenção aos desejos efetivos desse consumidor ao invés de tentar ‘empurrar’ uma alternativa qualquer para ele. Curiosamente existe no Brasil uma percepção equivocada de que o nível de atendimento existente por aqui é muito bom, particularmente por confundir "afetividade" e sorriso fácil com eficácia”, completa o executivo.
Sortimento e comunicação
A entrada definitiva dos consumidores “mais por menos” acaba definindo dois movimentos paralelos no Brasil, segundo a pesquisa. De um lado, a imagem de estabilização financeira pela qual o país passou agregou um grupo imenso de novos consumidores no mercado, o que atraiu a ambição de novas marcas, produtos e operadores de varejo internacionais. Para se estabelecerem, esses grupos tendem a atacar inicialmente alguma posição de nicho, mais fácil de oferecer uma vantagem superior por meio de estratégia segmentada.
Do outro lado, esse consumidor emergente surgiu com um nível de consciência sobre seus desejos, com conhecimento dos canais onde ele pode expressá-los e crítica muito maior, exercendo uma pressão sobre o mercado para que ele busque alternativas para satisfazê-lo. “Ou seja, essa evolução será fruto tanto da resposta daqueles já estabelecidos no Brasil com a intensificação da concorrência dos ‘de fora’, como uma maior exigência dos consumidores em relação à existência de soluções mais identificadas com os seus interesses e desejos”, avalia Horta.
A alternativa para as marcas se exporem, dialogarem e segmentarem seus produtos está na conveniência para o consumidor. O sortimento tem que estar alinhado com a proposta de valor e o foco de quem vai comprar. Não adianta oferecer algo que não faça parte dos hábitos daquela classe social, com preços que não sejam atraentes.
Do ponto de vista da comunicação, a linguagem tem que ser direta e objetiva, enfatizando os benefícios e vantagens do produto. “Não pode haver proselitismo. Um erro fatal em tempos de maior consciência do consumidor e de maior alternativas para ele exercer a sua crítica, é tentar ‘dourar a pílula’ sobre um determinado produto, criando falsas expectativas e posteriores decepções. Menos nessa situação sempre será mais”, afirma Alexandre Horta.
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