Segundo promotores, Quantum permitiu que informações de 264 mil clientes fossem divulgadas. Para investigadores, também existe suspeita de esquema de pirâmide.
Por Gabriel Luiz, TV Globo
Postado em 26 de abril de 2019 às 19h00m
Postado em 26 de abril de 2019 às 19h00m
Uma empresa que negocia moedas digitais — as chamadas criptomoeadas — é acusada de ter permitido o vazamento dos dados de 264 mil clientes. São informações como nome, e-mail, telefone e saldo em bitcoins, o equivalente ao saldo bancário digital.
Por isso, o Ministério Público pediu à Justiça que a companhia Atlas Quantum pague R$ 10 milhões em indenização por danos morais coletivos. O vazamento ocorreu em agosto de 2018.
À Justiça, o MP afirmou que questionou a empresa logo após o episódio e que ela teria confirmado o incidente de segurança. O G1 aguarda retorno da Atlas Quantum.
Segundo os promotores da Unidade de Proteção de Dados Pessoais, “houve falta de cuidado e zelo da Atlas na proteção das informações pessoais dos cidadãos que confiaram na política de segurança da companhia”.
A explicação da empresa é de que uma pessoa teria conseguido acessar a base de dados de clientes e divulgou na internet uma tabela com os dados de todos eles.
“Uma questão que chamou a atenção foi o fato de que, apesar de a Atlas informar que sua sede está localizada nos Estados Unidos, a maioria dos números de telefones dos clientes que tiveram seus dados comprometidos são do Brasil”, aponta o promotor Frederico Meinberg.
Caso a empresa seja condenada judicialmente, o valor da indenização não vai para os clientes afetados, e sim para um fundo judicial para ser investido posteriormente. A empresa não é considerada uma instituição financeira porque no Brasil não há regulamentação referente às criptomoedas.
Esquema de pirâmide
De acordo com as investigações, a Atlas se intitula como uma companhia de serviços financeiros que tem como principal produto o “Quantum”, um suposto algoritmo que faz arbitragem financeira em bitcoins com rentabilidade diária. Ela alega gerir mais de 30 milhões de dólares, com 240 mil usuários espalhados em 50 países.
Para o MP, existe suspeita de fraude financeira. Segundo os promotores, a Atlas Quantum promete rendimentos estimados em 4,4% ao mês e 66,95% ao ano para os clientes – a poupança, por exemplo, rende menos de 0,5% ao mês. Além disso, não haveria indicação real de que o algoritmo anunciado pela empresa realmente exista e seja operante.
“Não se descarta a possibilidade de que as empresas, ao contrário do que afirmam, operem em um esquema de pirâmide financeira, nos moldes do investidor Bernard Madoff”, afirma o Ministério Público.
Ainda assim, neste processo, a empresa não é acusada formalmente de praticar qualquer fraude do tipo.
O golpe
Visto como a maior pirâmide da história, o esquema elaborado por Madoff, em Wall Street, prometia níveis de rendimento de 1% ao mês — ou mais de 10% ao ano. Ele usava o dinheiro que chegava de novos investidores para pagar os antigos.
No entanto, os pagamentos não eram feitos todos os meses porque a maioria dos clientes só acompanhava as contas em vez de resgatar o dinheiro. Com a crise financeira, vários clientes foram atrás dos recursos e a fraude veio à tona porque o fundo ficou sem ter como pagá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário