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Tira-dúvidas explica medidas de segurança aplicadas para a proteção do sigilo das mensagens de e-mail. ===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +====
Por Altieres Rohr
É fundador de um site especializado na defesa contra ataques cibernéticos
26/11/2020 07h00 Atualizado há 11 horas
Postado em 26 de novembro de 2020 às 18h05m
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Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.), envie um e-mail para g1seguranca@globomail.com. A coluna responde perguntas deixadas por leitores às terças e quintas-feiras.
Nem toda criptografia impede um provedor de serviços de ter acesso às
comunicações, mas políticas de privacidade não permitem que suas
conversas sejam 'bisbilhotadas' por qualquer pessoa. — Foto:
Albarus/Pixabay
Adorei as matérias de vocês sobre segurança digital. Então me surgiu uma dúvida. Os provedores de e-mail podem ler nossos e-mails pessoais ou são criptografados? – Joseph
Sua pergunta é curiosa, Joseph, porque você elencou duas possibilidades: o provedor ter acesso ao e-mail ou ele ser criptografado.
Mas a criptografia não impede por si só que o provedor de serviço tenha acesso aos dados. Isso vai depender de como a criptografia é usada.
Seria incorreto dizer que os e-mails não são criptografados. Hoje em dia, muitas mensagens são criptografadas durante a transmissão de um provedor para outro.
Dessa forma, um hacker não poderá interceptar os e-mails apenas invadindo a estrutura de rede desses provedores ou de intermediários da conexão.
Também é muito provável que os provedores de e-mail utilizem criptografia de armazenamento.
Essa criptografia serve para proteger o banco de dados caso os servidores sofram uma violação da integridade física – por exemplo, caso um disco rígido apresente defeito e precise ser substituído, a criptografia de armazenamento garante que nada fique exposto nos dados ainda legíveis do disco defeituoso.
Mesmo com esses mecanismos de proteção, a maioria dos provedores de e-mail possui acesso às suas mensagens.
Porém, não se assuste: funcionários do provedor não possuem permissão para bisbilhotar suas conversas.
Por regra, seus e-mails só serão revelados a terceiros caso haja uma ordem judicial para isso.
O acesso dos provedores é também uma necessidade técnica para alguns dos recursos que eles oferecem.
Comparando o e-mail com o WhatsApp – que utiliza criptografia de ponta a ponta para esconder as mensagens de todos os intermediários, inclusive do prestador de serviço –, é possível algumas diferenças importantes:
- Você pode acessar seu e-mail via web ou em vários dispositivos, sem precisar autorizá-los em um dispositivo principal (no WhatsApp, isso precisa ser feito na configuração do WhatsApp Web);
- Os serviços de e-mail possuem filtros de spam, que analisam o conteúdo das mensagens e identificam o que pode ser malicioso. O WhatsApp não possui esse tipo de filtro e, mesmo que tivesse, ele teria de ser construído no próprio dispositivo da pessoa, o que reduziria sua eficácia;
- Caso você perca sua senha do e-mail, você pode redefini-la e continuar tendo acesso às suas mensagens antigas. No WhatsApp, se você mesmo não realizar o backup das suas conversas, tudo será perdido quando você trocar de celular ou tiver de redefinir seu aparelho, e é impossível acessar uma conta sem acesso à linha (por regra, soluções criptográficas completas não permitem que você redefina sua senha em caso de esquecimento).
Para que um provedor de serviços (seja e-mail ou armazenamento em nuvem) não tenha acesso aos dados, é preciso que toda a decifragem seja realizada diretamente no seu dispositivo e que a senha de acesso não esteja totalmente vinculada à chave de decifragem.
Do contrário, o provedor ainda poderá calcular a chave de decifragem registrando sua senha no momento do login.
Como é o envio de e-mails criptografados
Existe uma tecnologia bastante difundida para o envio de mensagens criptografadas, caso você precise: o PGP.
O GPG (GNU Privacy Guard) é o software de código aberto mais popular entre os compatíveis com essa modalidade de comunicação.
Ele é distribuído gratuitamente, o que vai ajudar bastante, porque o destinatário da mensagem também terá de instalar e usar um software de decifragem.
A extensão de navegador Mailvelope permite utilizar funções criptográficas nos próprios serviços de webmail. O leitor de e-mails gratuito Thunderbird também possui a extensão Enigmail para a mesma finalidade. Ambos podem funcionar usando o GPG "nos bastidores".
Geração de chaves no Mailvelope exige apenas nome, e-mail e senha. — Foto: Reprodução
Para estabelecer uma comunicação criptografada por e-mail, são necessários os seguintes passos:
- Você precisa gerar um par de chaves criptográficas (chave privada e pública);
- Você precisa receber a chave pública do destinatário (após ele gerar o par de chaves próprio) e enviar a sua chave pública para ele;
- Você precisa configurar o software para utilizar suas chaves e adicionar a chave pública do destinatário;
Ao enviar a mensagem, você poderá criptografá-la com a chave pública do destinatário, que é atrelada ao endereço de e-mail dele. Após o envio, a mensagem ficará criptografada e apenas o destinatário poderá abri-la.
Esse processo não é simples, mas a comunicação criptografada em e-mail é largamente utilizada para a transmissão de informações sensíveis (seja para evitar represálias políticas em países autoritários ou resguardar detalhes técnicos de falhas de segurança).
E-mail criptografado precisa ser redigido em janela segura e separada
para evitar que o provedor de e-mail salve a mensagem como rascunho, sem
criptografia. Destinatário só poderá ser escolhido entre as chaves
publicadas cadastradas. — Foto: Reprodução
Lembre-se que, se você perder a senha da sua chave privada, você não poderá mais decifrar as mensagens que receber.
Inclusive, você não poderá nem mesmo decifrar a mensagem após ela ter sido enviada ao destinatário – se você precisar consultar a mensagem enviada, terá de salvá-la em separado.
Para a maioria das pessoas, as proteções normais do e-mail, a conveniência do acesso na nuvem, a possibilidade de trocar de senha e a criptografia de transmissão e armazenamento dos provedores são suficientes para resguardar o sigilo das comunicações.
As principais causas de violação do sigilo do e-mail não têm relação com o provedor, mas sim com programas de espionagem instalados no dispositivo das vítimas – uma situação que a criptografia não resolve, pois o programa espião também poderá ver o conteúdo após a decifragem – e o acesso indevido após a obtenção da senha (seja por programa de espionagem ou enganando usuários com sites falsos).
Por essa razão, a autenticação multifatorial é sua principal defesa contra a violação do e-mail. Não faz qualquer sentido criptografar suas mensagens antes de adotar essa tecnologia e cuidar bem da segurança do seu dispositivo.
Dúvidas sobre segurança digital? Envie um e-mail para g1seguranca@globomail.com
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