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sábado, 3 de dezembro de 2011

Tendência está transformando o modo de vestir do homem brasileiro


"ARTIGOS POR COLABORADORES"



*\\* Postado por Fábio Garcia - 01/12/2011



Tendência está transformando o modo de vestir do homem brasileiro
Uma nova tendência está transformando o modo de vestir do homem brasileiro: as bolsas e pastas começam devagar a fazer parte do dia a dia. Nas grandes cidades, é muito mais comum observar homens de todas as idades e todas as profissões levando esse acessório tantas vezes mal interpretado à tiracolo. E não estou me referindo aos homens ligados ao mundo da moda e muito menos celebridades. A bolsa masculina está presente no comercial de chocolate, no do plano de saúde e na novela das 9. Nunca antes na Central de Atendimento ao Telespectador da Globo registrou dois itens masculinos entre os dez mais consultados em outubro deste ano: a bolsa tipo carteiro marrom de Renê Velmont, interpretado por Dalton Vigh, e o tênis verde de Wallace Mu, personagem de Dudu Azevedo, ambos de Fina Estampa.

Antes que você jogue a primeira pedra, convido-o a tentar entender um pouco mais sobre esse assunto: pare um pouco e pense realmente em todas as ocasiões que você já usou uma bolsa. Sim, uma bolsa. Uma bolsa no sentindo maior da palavra. Recorrendo ao dicionário: “2 -Recipiente de pano, couro ou matéria plástica, cuja boca possui, às vezes, um sistema qualquer de fechamento, como zíper, botões etc. Há modelos especiais para viagens, compras, ferramentas, caça etc”. Portanto, encare a verdade, é fato: ocê já usou uma bolsa.

Acredito que o grande problema existencial da bolsa com o universo masculino brasileiro é porque em português não temos uma palavra específica para a bolsa de mulher, que em inglês é purse, e que a diferencia da bag. O outro problema vem da evolução da moda. No Tassenmuseum – Museu de Bolsas de Amsterdam – é possível acompanhar a história deste objeto, que incialmente começou a ser usado por homens, pois eram os únicos responsáveis durante muito tempo a saírem de casa, seja para caçar nos nossos primródios seja para fazer as primeiras transações comerciais. À medida que vai se caminhando pelo museu, que é dividido cronologicamente, as bolsas que aparecem são somente as femininas. Qual seria o motivo?

A roupa dos homens apresentou cada vez mais bolsos: bolsos na frente e atrás das calças, bolso no colete, bolsos internos e externos na casaca, bolso na camisa. Enquanto que para as mulheres tudo foi desaparecendo para deixar a silueta mais limpa, mais à mostra, mais sensual. Deste modo, as mulheres não tinham onde levar seus pertencentes e os homens tinham muito espaço. Portanto, nossa geração e algumas passadas estão acostumadas a ver somente mulheres carregando bolsas.

As tentativas de se fazer o homem usar uma bolsa nas décadas de 1980-90 foram meio desastrosas. Lembram do episódio da série Friends quando Joey (o maior pegador) usou uma bolsa? Esse é o tipo de bolsa que assusta os homens, a tal da MURSE = man + purse, termo que não deu muito certo justamente porque remete ao feminino e não tem nenhum sentindo porque bolsa é coisa de homem também.

Mas o mundo mudou. É uma época em que o homem tem que carregar notebooks, telefones, tablets, fios, carregadores, chaves, óculos, documento do carro, moedas e a carteira. O que não cabe mais no bolso vai para a bolsa. Não há bolso que aguente e nem adianta usar a bolsa da namorada ou da mulher porque lá também não cabe mais nada.

Mas e a Mochila? Assim como os homens chineses que percebem que uma boa (e cara) bolsa pode ajudá-los a passarem imagem de mais bem sucedidos, conseguindo um emprego e até uma promoção, os homens brasileiros começaram a perceber que a casualidade da mochila não cabe em todas as situações. É preciso algo diferente. Aqui entra a bolsa carteiro em couro da novela das 9. Ela mantém a descontração, mas ao mesmo tempo deixa o homem mais estiloso e elegante (sim, as mulheres vão notar e você pode ganhar mais pontos), o que nos leva para o terceiro fator que nos ajuda a explicar a ascenção das bolsas para homens: a indústria da moda.

Qual o melhor termometro para se medir uma tendência do que o comportamento de consumo do Varejo? Rapidamente os executivos dos grandes grupos de Varejo perceberam a nova necessidade latente e começaram a inundar o mercado com mais e mais opções de bolsas para os homens escolherem. Saem as bolsas “fashionistas”, que embora importantes para posicionar, conceituar e chamar atenção para uma marca, mas que assustam o consumidor masculino, e entram as opções em couro escuro, couros de todos os tipos, tecidos de algodão grosso e rústivo, tecidos sintéticos. Bolsas carteiro de todos os tamanhos.
Tendência está transformando o modo de vestir do homem brasileiroCostumo dizer que “O homem é o novo BRIC do mercado de luxo”, com a abertura de lojas exclusivas para eles e com cada vez mais lançamentos de produtos com edições limitadas e parcerias para atrair esse público. Exagero? As grifes francesas registraram um aumento de 30% neste segmento de bolsas masculinas. A Italiana Gucci abrirá sua primeira loja exclusiva para homens no Brasil no ano que vem. Grifes nacionais que nunca tiverem bolsa masculina em seu portfólio lançaram ou vão lançar bolsas para homens. As grandes cadeias de departamento populares como Renner e Riachuelo têm opções com preços acessíveis. Ou seja, não é um fenômeno restrito ao mercado de luxo ou ao continente europeu.
A bolsa para o homem veio para ficar, pelo menos até o próximo ciclo de evolução ou quando deixarmos nossos gadgets todos em casa. Mas, quem se arrisca a não ficar conectado? E, se tudo isso não foi suficiente, lembre-se de que até Lampião não saía sem sua bolsa carteiro.
* Fabio Garcia é especialista em acessórios masculinos. Fundador e curador do site www.bolsasdevalor.net, é Administrador de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas, tem mestrado e cursos de extensão nos EUA e Europa.

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