"Metodologia de pesquisa ajuda a entender e conhecer melhor as preferências dos consumidores. Coca-Cola, Johnson&Johnson e Fleischmann são algumas das poucas empresas que utilizam o método no Brasil."
*//* Por Letícia Alasse || 27/02/2012
Olhar para as redes sociais e blogs como um campo de estudo do comportamento e do desejo das pessoas é um importante caminho para que as empresas construam estratégias de acordo com as tendências do mercado e que atendam às expectativas do Público. A Netnografia vem se consolidando como uma ferramenta de base utilizada por algumas marcas, como Coca-Cola, Johnson&Johnson e Fleischmann, na obtenção de ideias com o objetivo de renovar os meios de relacionamento e comunicação com os consumidores e a criação de novos produtos.
A Netnografia, no entanto, não é apenas uma pesquisa na internet. As companhias e, principalmente, os Profissionais que lideram os projetos devem entender profundamente o comportamento humano e saber como as pessoas se relacionam e convivem no mundo virtual. Utilizado da maneira adequada, o estudo permite insights mais sinceros sem que a empresa precise se confrontar diretamente com o consumidor.
“O ponto forte da metodologia é a abordagem mais verdadeira, porque os consumidores são espontâneos e observamos o que eles realmente fazem e gostam. A Pesquisa é menos intrusiva e mais rápida de chegar ao objetivo, além disso, conseguimos atingir uma grande quantidade de pessoas de forma mais profunda”, explica Débora Ferreira Figueiredo , Sócia Fundadora da Folks Netnográfica no Brasil, em entrevista o Mundo do Marketing.
Percepção de marca
A Fleischmann utilizou a Netnografia combinada a outras ferramentas para comprovar a percepção de que a marca estava sendo consumida pelo público jovem, mesmo sem uma comunicação direcionada a este target. A companhia montou uma comunidade no Orkut para conhecer melhor os consumidores e entender como interagir. A partir da observação no meio digital, os pesquisadores decidiram somar outro tipo de abordagem e convidaram 12 pessoas para conversar e utilizar os produtos de sobremesas líquidas da marca.
“A pesquisa nos respondeu as perguntas ‘Como eu acompanho atualmente este jovem na internet?’, ‘Quais as ferramentas eu posso colocar para atrair a sua atenção?’. O processo todo serviu para conhecer quem é realmente o público da marca, os seus potenciais consumidores e como falar com eles de maneira diferente”, diz Rafaella Eyer, Diretora de Planejamento da agência Staff Brasil, que trabalha no projeto da Fleischmann, em entrevista ao portal.
A empresa enviou a linha de sobremesas líquidas para os consumidores selecionados e pediu que eles gravassem o seu desempenho preparando as receitas na cozinha de casa. Com o estudo, a marca percebeu que a modernidade dos produtos da Fleischmann acompanhou a cabeça do público mais novo e, a partir disso, decidiram evoluir no universo virtual para dialogar com este público.
A experiência resultou na organização de um novo departamento na empresa e um reposicionamento na estratégia de comunicação dos produtos. Nos próximos dois meses, a tradicional companhia, com uma equipe de mídia digital, prepara recursos online como a reformulação do site e o lançamento de aplicativos, redes sociais e blogs próprios.
“Percebemos que este novo target está muito presente na internet, falando e divulgando a nossa marca, por isso queremos conversar com eles. Tivemos a comprovação que o jovem está cozinhando, portanto, temos um público alvo que está querendo aprender. Nosso objetivo agora é acompanhar e entendê-lo para entregar o que estão buscando”, ressalta Cláudia Bonnan, Gerente de Marketing da Fleischmann, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Ampliando o relacionamento com o consumidor
Quando a empresa já tem um perfil bem traçado do seu público alvo, a Netnografia é uma opção para destrinchar seus gostos e costumes. A Coca-Cola buscou na metodologia um caminho para encontrar temas musicais ligados aos seus consumidores da linha Zero. Para isto, foi realizada uma análise de território da marca com o objetivo de entender os melhores meios de comunicação entre a empresa e o cliente, além da captação de possíveis novos compradores.
A partir de retratos sociais e culturais traçados dos usuários da marca nas redes sociais, a empresa percebeu como eles se relacionavam com a bebida e qual era o tipo de vida que levavam. Dessa maneira, a Coca-Cola Zero reconheceu elementos em comum com os consumidores que poderiam ser utilizados em um ponto de contato com os jovens para apresentar seus produtos e estreitar o relacionamento.
Na hora de lançar um produto, a Netnografia também aparece como uma importante ferramenta. “Uma marca de calçados, por exemplo, tinha o objetivo de chamar a atenção do público jovem da classe C, mas não sabia por onde começar para introduzir seus produtos neste universo. Por meio de uma pesquisa netnográfica, que acompanhou os perfis dos adolescentes, foi constado que os hobbies favoritos deste público eram praia e churrasco, e que as meninas gostavam de acessórios e roupas sensuais, enquanto os meninos de exibir bens de alto valor agregado”, conta Betty Wainstock, Diretora de Pesquisa de Marketing da Ideia Consumer Insights, em entrevista ao portal.
Por dentro da conversa dos consumidores
No exterior, a Listerine também utilizou a Netnografia e percebeu que alguns consumidores associavam a cor do enxaguante bucal a seres alienígenas, enquanto outros diziam que o cheiro do produto remetia a seus avôs. Estas ligações aparentemente pouco usuais eram repetidas em blogs e fóruns de discussão na internet, o que deu à marca da Johnson&Johnson a oportunidade de ouvir a voz verdadeira dos consumidores.
Ainda no exterior, um conjunto de recomendações ajudou a Campbell’s a reformular o site da empresa. O resultado foi um salto de 120 mil visitantes em outubro de 2008 para mais de um milhão em janeiro de 2009, segundo a QuantCast. Aqui no Brasil, a Johnson&Johnson requisitou a pesquisa para entender o mercado de marcas premium para bebês, além de ajudar na formulação de insights para a Johnson’s Baby e no relacionamento com as mães.
“Pegamos sete marcas premium do mercado e conseguimos descobrir o perfil e a motivação de compras das consumidoras, além de traçar tendências de mercado a longo prazo para este setor e as ameaças para a marca”, conta a Sócia Fundadora da Folksnetnográfica.
Para chegar a estas resoluções, os pesquisadores monitoraram 70 comunidades de mães no Orkut, não necessariamente relacionadas aos produtos ou à empresa, além de blogs focados na temática. Por meio deste acompanhamento, a pesquisa resultou em diagnósticos de comunicação com as consumidoras e na recomendação de novos produtos que atendessem melhor as expectativas delas.
Após a pesquisa, com o objetivo de reforçar a troca de informações entre os pais, a Johnson’s Baby lançou um aplicativo para oferecer conteúdo útil às mães e colaborar para que compartilhem os bons momentos que passam com a família em um único espaço. “O intuito da netnografia é buscar insights nas entrelinhas das conversas, de maneira franca, cheia de sentimentos, que nenhum software consegue te dar. Precisamos ter um olhar antropológico e um conhecimento de Marketing para tirar interpretações ricas que tenham um significado relevante para a estratégia da empresa”, ressalta Débora.
Percepção de marca
A Fleischmann utilizou a Netnografia combinada a outras ferramentas para comprovar a percepção de que a marca estava sendo consumida pelo público jovem, mesmo sem uma comunicação direcionada a este target. A companhia montou uma comunidade no Orkut para conhecer melhor os consumidores e entender como interagir. A partir da observação no meio digital, os pesquisadores decidiram somar outro tipo de abordagem e convidaram 12 pessoas para conversar e utilizar os produtos de sobremesas líquidas da marca.
A Fleischmann utilizou a Netnografia combinada a outras ferramentas para comprovar a percepção de que a marca estava sendo consumida pelo público jovem, mesmo sem uma comunicação direcionada a este target. A companhia montou uma comunidade no Orkut para conhecer melhor os consumidores e entender como interagir. A partir da observação no meio digital, os pesquisadores decidiram somar outro tipo de abordagem e convidaram 12 pessoas para conversar e utilizar os produtos de sobremesas líquidas da marca.
“A pesquisa nos respondeu as perguntas ‘Como eu acompanho atualmente este jovem na internet?’, ‘Quais as ferramentas eu posso colocar para atrair a sua atenção?’. O processo todo serviu para conhecer quem é realmente o público da marca, os seus potenciais consumidores e como falar com eles de maneira diferente”, diz Rafaella Eyer, Diretora de Planejamento da agência Staff Brasil, que trabalha no projeto da Fleischmann, em entrevista ao portal.
A empresa enviou a linha de sobremesas líquidas para os consumidores selecionados e pediu que eles gravassem o seu desempenho preparando as receitas na cozinha de casa. Com o estudo, a marca percebeu que a modernidade dos produtos da Fleischmann acompanhou a cabeça do público mais novo e, a partir disso, decidiram evoluir no universo virtual para dialogar com este público.
A experiência resultou na organização de um novo departamento na empresa e um reposicionamento na estratégia de comunicação dos produtos. Nos próximos dois meses, a tradicional companhia, com uma equipe de mídia digital, prepara recursos online como a reformulação do site e o lançamento de aplicativos, redes sociais e blogs próprios.
“Percebemos que este novo target está muito presente na internet, falando e divulgando a nossa marca, por isso queremos conversar com eles. Tivemos a comprovação que o jovem está cozinhando, portanto, temos um público alvo que está querendo aprender. Nosso objetivo agora é acompanhar e entendê-lo para entregar o que estão buscando”, ressalta Cláudia Bonnan, Gerente de Marketing da Fleischmann, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Ampliando o relacionamento com o consumidor
Quando a empresa já tem um perfil bem traçado do seu público alvo, a Netnografia é uma opção para destrinchar seus gostos e costumes. A Coca-Cola buscou na metodologia um caminho para encontrar temas musicais ligados aos seus consumidores da linha Zero. Para isto, foi realizada uma análise de território da marca com o objetivo de entender os melhores meios de comunicação entre a empresa e o cliente, além da captação de possíveis novos compradores.
Quando a empresa já tem um perfil bem traçado do seu público alvo, a Netnografia é uma opção para destrinchar seus gostos e costumes. A Coca-Cola buscou na metodologia um caminho para encontrar temas musicais ligados aos seus consumidores da linha Zero. Para isto, foi realizada uma análise de território da marca com o objetivo de entender os melhores meios de comunicação entre a empresa e o cliente, além da captação de possíveis novos compradores.
A partir de retratos sociais e culturais traçados dos usuários da marca nas redes sociais, a empresa percebeu como eles se relacionavam com a bebida e qual era o tipo de vida que levavam. Dessa maneira, a Coca-Cola Zero reconheceu elementos em comum com os consumidores que poderiam ser utilizados em um ponto de contato com os jovens para apresentar seus produtos e estreitar o relacionamento.
Na hora de lançar um produto, a Netnografia também aparece como uma importante ferramenta. “Uma marca de calçados, por exemplo, tinha o objetivo de chamar a atenção do público jovem da classe C, mas não sabia por onde começar para introduzir seus produtos neste universo. Por meio de uma pesquisa netnográfica, que acompanhou os perfis dos adolescentes, foi constado que os hobbies favoritos deste público eram praia e churrasco, e que as meninas gostavam de acessórios e roupas sensuais, enquanto os meninos de exibir bens de alto valor agregado”, conta Betty Wainstock, Diretora de Pesquisa de Marketing da Ideia Consumer Insights, em entrevista ao portal.
Por dentro da conversa dos consumidores
No exterior, a Listerine também utilizou a Netnografia e percebeu que alguns consumidores associavam a cor do enxaguante bucal a seres alienígenas, enquanto outros diziam que o cheiro do produto remetia a seus avôs. Estas ligações aparentemente pouco usuais eram repetidas em blogs e fóruns de discussão na internet, o que deu à marca da Johnson&Johnson a oportunidade de ouvir a voz verdadeira dos consumidores.
No exterior, a Listerine também utilizou a Netnografia e percebeu que alguns consumidores associavam a cor do enxaguante bucal a seres alienígenas, enquanto outros diziam que o cheiro do produto remetia a seus avôs. Estas ligações aparentemente pouco usuais eram repetidas em blogs e fóruns de discussão na internet, o que deu à marca da Johnson&Johnson a oportunidade de ouvir a voz verdadeira dos consumidores.
Ainda no exterior, um conjunto de recomendações ajudou a Campbell’s a reformular o site da empresa. O resultado foi um salto de 120 mil visitantes em outubro de 2008 para mais de um milhão em janeiro de 2009, segundo a QuantCast. Aqui no Brasil, a Johnson&Johnson requisitou a pesquisa para entender o mercado de marcas premium para bebês, além de ajudar na formulação de insights para a Johnson’s Baby e no relacionamento com as mães.
“Pegamos sete marcas premium do mercado e conseguimos descobrir o perfil e a motivação de compras das consumidoras, além de traçar tendências de mercado a longo prazo para este setor e as ameaças para a marca”, conta a Sócia Fundadora da Folksnetnográfica.
Para chegar a estas resoluções, os pesquisadores monitoraram 70 comunidades de mães no Orkut, não necessariamente relacionadas aos produtos ou à empresa, além de blogs focados na temática. Por meio deste acompanhamento, a pesquisa resultou em diagnósticos de comunicação com as consumidoras e na recomendação de novos produtos que atendessem melhor as expectativas delas.
Após a pesquisa, com o objetivo de reforçar a troca de informações entre os pais, a Johnson’s Baby lançou um aplicativo para oferecer conteúdo útil às mães e colaborar para que compartilhem os bons momentos que passam com a família em um único espaço. “O intuito da netnografia é buscar insights nas entrelinhas das conversas, de maneira franca, cheia de sentimentos, que nenhum software consegue te dar. Precisamos ter um olhar antropológico e um conhecimento de Marketing para tirar interpretações ricas que tenham um significado relevante para a estratégia da empresa”, ressalta Débora.
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