"Estímulo desenfreado ao consumo e desrespeito de algumas empresas acaba fazendo com que muitos brasileiros ainda desistam de buscar o amparo no CDC."
*//||\\* Por Leticia Muniz || 23/11/2012
O estudo realizado em parceria entre o IDEC e a Market Analysis mostra que com relação ao nível de conhecimento sobre os seus direitos, a maioria, 55%, afirma conhecer razoavelmente sobre o que pode ou não reclamar. Já 45% dizem não possuir conhecimentos suficientes, apesar de saberem sobre a existência do Código de Defesa do Consumidor. Do total de entrevistados, um em cada 13 pessoas disseram ter informações profundas sobre seus direitos e deveres baseados na lei.
Baixa reclamação
Um dos dados mais surpreendentes da pesquisa fica por conta da baixa taxa de reclamação dos consumidores nos órgãos de Defesa do Consumidor. Apesar da grande maioria afirmar conhecer seus direitos (ao menos 95% das pessoas questionadas), apenas um em cada quatro reclamam na justiça em caso de defeito em produtos ou falhas na prestação de serviços. Entre os que menos se queixam então os jovens abaixo dos 25 anos de idade, justamente a faixa etária mais suscetível aos apelos do consumo.
No que diz respeito ao contato com o CDC, a maioria dos brasileiros sabe da existência, conhece ou já ouviu falar, mas a maior parte nunca o consultou (63%). Apesar de longe do ideal, estes resultados revelam um avanço em relação a 2011, embora continue grande a distância entre conhecer e consultar o código.
Busca pelo avanço
A pesquisa mostra ainda que a cidadania no consumo está bastante associada ao poder aquisitivo, ao sexo e ao nível de escolaridade. Os indivíduos das classes mais altas (A e B), do sexo masculino e os mais escolarizados são os que mais se destacam em termos de conhecimento, uso do código e reclamação. A utilização do código de defesa do consumidor também está associada à região do país: as maiores queixas se concentram no Nordeste e a menor quantidade, no Sudeste.
Outro ponto avaliado pelo Instituto de Defesa do Consumidor é que, apesar de o Código de Defesa do Consumidor ter completado 20 anos desde a sua criação, ainda há muito o que as empresas aprenderem com relação ao respeito aos seus clientes. Os dados registrados pelo órgão ainda são considerados frustrantes: da totalidade de casos recebidos todos os meses, mais de 80% são resolvidos com um simples telefonema dos advogados para as empresas reclamadas.
A maior parte das queixas sequer chegam até os tribunais. “Isso significa que ainda há pouca vontade das empresas para resolver os assuntos. Os clientes chegam até os Procons, fazem suas queixas e, na maioria delas, basta que se telefone para que os casos sejam resolvidos. Isso significa que eles poderiam ter sido resolvidos com uma simples conversa. O que falta, em muitos casos é vontade. As empresas conhecem a lei, mas não a respeitam. Muitas dão de ombros ou postergam a solução dos problemas e isso faz com que os consumidores desanimem de reclamar. Avançamos, mas ainda falta muito nesta caminhada”, explica o Gerente Técnico do IDEC, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Nenhum comentário:
Postar um comentário