"Agência responsável pela criação e execução das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, além do Revezamento da Tocha, aponta desafios do percurso.
Os últimos anos, no Brasil, foram marcados pela realização de grandes eventos esportivos e culturais, que deram visibilidade internacional ao país. Ao mesmo tempo, movimentaram agências que organizaram experiências com os consumidores sob a pressão extra de precisarem mostrar ao mundo a capacidade nacional e a diversidade típica do território.
Após os Jogos Pan Americanos de 2007, a Jornada Mundial da Juventude de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, chega a vez das Olimpíadas de 2016. Esse contexto faz com que o mercado brasileiro de eventos esteja em plena expansão, crescendo por volta de 14% ao ano.
O segmento movimentou, em 2013, R$ 209,2 bilhões, representando 4,32% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo a pesquisa Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil, realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) para o Sebrae.
Em 2001, a renda da indústria era de R$ 37 bilhões. Em 2013, o Brasil sediou 590 mil eventos, sendo 95% deles nacionais e metade realizada na região Sudeste. Ao todo, eles tiveram a participação de 202,2 milhões de pessoas que gastaram, em média, R$ 161,80 (o que somou gastos de R$ 99,3 bilhões).
Nos megaeventos, o desafio maior nem sempre é a burocracia ou o tempo de planejamento e execução, mas sim lidar com as cobranças e orquestrar uma equipe ampla, de múltiplas formações e que muitas vezes está trabalhando junta pela primeira vez. “O maior desafio é vencer o peso da responsabilidade para não se limitar criativamente.
No caso das cerimônias de abertura e fechamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, buscamos uma solução que agrade, primeiramente, aos brasileiros e depois ao resto do mundo. Não há como esquecer que estamos representando uma nação”, diz Flavio Machado, Vice-Presidente Executivo da SRCOM, agência que está à frente das duas apresentações olímpicas, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Maior audiência do mundo
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos é o evento que historicamente reúne a maior audiência em todo o mundo. Em Londres, 2012, mais de três bilhões de pessoas assistiram à apresentação, número que pode ter chegado a quatro bilhões segundo estimativas do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seguida, aparece a festa de encerramento e, somente depois dela, a Final da Copa do Mundo.
O desafio é ainda maior diante do momento atual, em que pessoas em todo o mundo questionam os investimentos e, principalmente, o retorno deles para o país e a sociedade. Desperdícios não passam mais despercebidos, o que aumenta a cobrança e a pressão.
O processo para conquista e execução de realizações como essa é longo. Somente a seleção consumiu entre cinco e seis meses, com fases que incluíram a entrega de documentos, comprovações da capacidade de a agência realizar o evento, apresentação de portfólio e de projeto, entre outras etapas.
A SRCOM traz em sua bagagem a realização de outros megaeventos, como o Réveillon de Copacabana (de 2008 a 2014); os atos principais da Jornada Mundial da Juventude (2013); e cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Mundiais Militares Rio (2011).
Ainda assim, a agência se associou à italiana Filmmaster Group, responsável pelas apresentações das Olimpíadas de Turim (2006), para participar da concorrência. Em novembro de 2011, o contrato foi assinado.
O primeiro trabalho realizado pela agência foi a passagem da bandeira, no encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012, um ano depois. Em novembro, foi dada a largada na fase de planejamento das cerimônias que acontecerão no Rio, no próximo ano.
“Trabalhamos com uma equipe bastante elástica. Inicialmente, era pouca gente. No início de 2013, escolhemos os diretores criativos para os eventos. Em seguida, começamos o desenvolvimento criativo das cerimônias e a atração de talentos brasileiros e internacionais para executar o projeto.
Passamos pela fase dos levantamentos técnicos de viabilidade, aprofundando cada vez mais. Recentemente, foram abertas as seleções para os voluntários e, no ano que vem, começaremos a erguer a estrutura física e a ensaiar”, explica Machado.
Harmonia da equipe
Orquestrar uma equipe dessa magnitude não é fácil. Apenas na parte criativa, estão reunidos no projeto nomes como Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas, no time das cerimônias olímpicas, além de Vik Muniz, Fred Gelli e Marcelo Rubens Paiva, nas paralímpicas.
A SRCOM também está à frente do revezamento da tocha olímpica, evento que depende da atuação de 150 profissionais e mais 12 mil voluntários. Neste caso, os preparativos já estão mais avançados, pois enquanto faltam 385 dias para a abertura das Olimpíadas, a passagem do símbolo do evento começa 100 dias antes.
A chama será acesa na Grécia e seguirá para Brasília, onde começa o percurso pelas 300 cidades brasileiras de todas as regiões do país. Serão cerca de 20 mil quilômetros vencidos por terra durante o evento, 10 mil milhas por ar (especialmente na região Norte) e, talvez, um trecho ainda por água, em rios da Amazônia.
Tudo isso até aterrisar no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, para a cerimônia de abertura. Cerca de 12 mil pessoas terão a chance de carregar o símbolo máximo do evento por cerca de 200 metros, na função de condutores. Somente 83 municípios terão a oportunidade de permanecer com a tocha por uma noite.
Os preparativos para a viagem, que levará o espírito olímpico aos quatro cantos do país, já está a todo vapor. “Estamos realizando visitas técnicas a cada uma dessas localidades para evitar surpresas.
O evento realizado aqui no Brasil é um desafio logístico ainda maior do que os executados em países europeus, por exemplo, que contam com trens cortando praticamente todo o território. Aqui, temos cidades remotas, de difícil acesso, que aumentam a complexidade operacional. O desafio também é grande por conta do papel do revezamento, que tem a finalidade de engajar todo o país”, avalia Machado.
Engajamento nos mundos real e virtual
O percurso inclui locais icônicos, mas também pontos desconhecidos, especialmente dos estrangeiros. Dessa forma, pode aquecer o turismo interno, apresentando a diversidade nacional, além de envolver a população brasileira como um todo em torno do evento.
“É quando o mundo começa a prestar atenção no país. Ainda tem a finalidade de engajar a nação. Em Londres, havia um equilíbrio entre os que eram contrários e à favor dos Jogos. Quando a chama foi acesa e a tocha começou a circular pela Inglaterra, o cenário mudou e a maioria das pessoas se tornaram favoráveis ao evento. É durante o revezamento que o público começa a entender a grandiosidade e a importância das Olimpíadas”, afirma Machado.
Mas não são apenas as passadas dos condutores as responsáveis por levar o espírito dos Jogos aos quatro cantos do país. A cada evento, o digital ganha importância na ativação, principalmente nos meses anteriores à abertura.
O conceito criativo dos Jogos Olímpicos já foi aprovado e o dos Paralímpicos será apresentado em agosto para o Comitê Organizador Rio 2016 e para o Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Em breve, a SRCOM começará a divulgar informações em pílulas na internet, em vídeo e outros formatos de conteúdo, para gerar expectativa na população.
Após os Jogos Pan Americanos de 2007, a Jornada Mundial da Juventude de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, chega a vez das Olimpíadas de 2016. Esse contexto faz com que o mercado brasileiro de eventos esteja em plena expansão, crescendo por volta de 14% ao ano.
O segmento movimentou, em 2013, R$ 209,2 bilhões, representando 4,32% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo a pesquisa Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil, realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) para o Sebrae.
Em 2001, a renda da indústria era de R$ 37 bilhões. Em 2013, o Brasil sediou 590 mil eventos, sendo 95% deles nacionais e metade realizada na região Sudeste. Ao todo, eles tiveram a participação de 202,2 milhões de pessoas que gastaram, em média, R$ 161,80 (o que somou gastos de R$ 99,3 bilhões).
Nos megaeventos, o desafio maior nem sempre é a burocracia ou o tempo de planejamento e execução, mas sim lidar com as cobranças e orquestrar uma equipe ampla, de múltiplas formações e que muitas vezes está trabalhando junta pela primeira vez. “O maior desafio é vencer o peso da responsabilidade para não se limitar criativamente.
No caso das cerimônias de abertura e fechamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, buscamos uma solução que agrade, primeiramente, aos brasileiros e depois ao resto do mundo. Não há como esquecer que estamos representando uma nação”, diz Flavio Machado, Vice-Presidente Executivo da SRCOM, agência que está à frente das duas apresentações olímpicas, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Maior audiência do mundo
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos é o evento que historicamente reúne a maior audiência em todo o mundo. Em Londres, 2012, mais de três bilhões de pessoas assistiram à apresentação, número que pode ter chegado a quatro bilhões segundo estimativas do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seguida, aparece a festa de encerramento e, somente depois dela, a Final da Copa do Mundo.
O desafio é ainda maior diante do momento atual, em que pessoas em todo o mundo questionam os investimentos e, principalmente, o retorno deles para o país e a sociedade. Desperdícios não passam mais despercebidos, o que aumenta a cobrança e a pressão.
O processo para conquista e execução de realizações como essa é longo. Somente a seleção consumiu entre cinco e seis meses, com fases que incluíram a entrega de documentos, comprovações da capacidade de a agência realizar o evento, apresentação de portfólio e de projeto, entre outras etapas.
A SRCOM traz em sua bagagem a realização de outros megaeventos, como o Réveillon de Copacabana (de 2008 a 2014); os atos principais da Jornada Mundial da Juventude (2013); e cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Mundiais Militares Rio (2011).
Ainda assim, a agência se associou à italiana Filmmaster Group, responsável pelas apresentações das Olimpíadas de Turim (2006), para participar da concorrência. Em novembro de 2011, o contrato foi assinado.
O primeiro trabalho realizado pela agência foi a passagem da bandeira, no encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2012, um ano depois. Em novembro, foi dada a largada na fase de planejamento das cerimônias que acontecerão no Rio, no próximo ano.
“Trabalhamos com uma equipe bastante elástica. Inicialmente, era pouca gente. No início de 2013, escolhemos os diretores criativos para os eventos. Em seguida, começamos o desenvolvimento criativo das cerimônias e a atração de talentos brasileiros e internacionais para executar o projeto.
Passamos pela fase dos levantamentos técnicos de viabilidade, aprofundando cada vez mais. Recentemente, foram abertas as seleções para os voluntários e, no ano que vem, começaremos a erguer a estrutura física e a ensaiar”, explica Machado.
Harmonia da equipe
Orquestrar uma equipe dessa magnitude não é fácil. Apenas na parte criativa, estão reunidos no projeto nomes como Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas, no time das cerimônias olímpicas, além de Vik Muniz, Fred Gelli e Marcelo Rubens Paiva, nas paralímpicas.
A SRCOM também está à frente do revezamento da tocha olímpica, evento que depende da atuação de 150 profissionais e mais 12 mil voluntários. Neste caso, os preparativos já estão mais avançados, pois enquanto faltam 385 dias para a abertura das Olimpíadas, a passagem do símbolo do evento começa 100 dias antes.
A chama será acesa na Grécia e seguirá para Brasília, onde começa o percurso pelas 300 cidades brasileiras de todas as regiões do país. Serão cerca de 20 mil quilômetros vencidos por terra durante o evento, 10 mil milhas por ar (especialmente na região Norte) e, talvez, um trecho ainda por água, em rios da Amazônia.
Tudo isso até aterrisar no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, para a cerimônia de abertura. Cerca de 12 mil pessoas terão a chance de carregar o símbolo máximo do evento por cerca de 200 metros, na função de condutores. Somente 83 municípios terão a oportunidade de permanecer com a tocha por uma noite.
Os preparativos para a viagem, que levará o espírito olímpico aos quatro cantos do país, já está a todo vapor. “Estamos realizando visitas técnicas a cada uma dessas localidades para evitar surpresas.
O evento realizado aqui no Brasil é um desafio logístico ainda maior do que os executados em países europeus, por exemplo, que contam com trens cortando praticamente todo o território. Aqui, temos cidades remotas, de difícil acesso, que aumentam a complexidade operacional. O desafio também é grande por conta do papel do revezamento, que tem a finalidade de engajar todo o país”, avalia Machado.
Engajamento nos mundos real e virtual
O percurso inclui locais icônicos, mas também pontos desconhecidos, especialmente dos estrangeiros. Dessa forma, pode aquecer o turismo interno, apresentando a diversidade nacional, além de envolver a população brasileira como um todo em torno do evento.
“É quando o mundo começa a prestar atenção no país. Ainda tem a finalidade de engajar a nação. Em Londres, havia um equilíbrio entre os que eram contrários e à favor dos Jogos. Quando a chama foi acesa e a tocha começou a circular pela Inglaterra, o cenário mudou e a maioria das pessoas se tornaram favoráveis ao evento. É durante o revezamento que o público começa a entender a grandiosidade e a importância das Olimpíadas”, afirma Machado.
Mas não são apenas as passadas dos condutores as responsáveis por levar o espírito dos Jogos aos quatro cantos do país. A cada evento, o digital ganha importância na ativação, principalmente nos meses anteriores à abertura.
O conceito criativo dos Jogos Olímpicos já foi aprovado e o dos Paralímpicos será apresentado em agosto para o Comitê Organizador Rio 2016 e para o Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Em breve, a SRCOM começará a divulgar informações em pílulas na internet, em vídeo e outros formatos de conteúdo, para gerar expectativa na população.
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