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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que é inovação nos dias de hoje?


COLABORADORES


 *\\* Por Sérgio Castejon*

Fato: não existe um consenso para esta resposta. Para constatar essa afirmação, basta buscar a definição de inovação no Wikipédia. Os brasileiros acreditam que inovação significa “fazer mais com menos recursos, por permitir ganhos de eficiência”. Os americanos referem-se ao termo como “a criação de algo melhor ou mais eficiente, sejam produtos, processos ou até mesmo ideias”. Já os franceses acreditam ser uma “mudança no processo de pensamento para realizar uma nova ação”.

A boa notícia é que, independente da ausência do consenso sobre a definição, o que importa mesmo é o fato de que inovação é uma forma para se encontrar soluções para problemas concretos, principalmente quando a evolução gradual e contínua já não é suficiente para atender aos objetivos de negócio em termos de velocidade, isto é, não consegue dar a resposta que produza resultados significativos com rapidez. Mas, afinal, qual é a resposta certa? Bom, vamos analisar alguns cases que ilustram um pouco o que é inovação.

1. Inovação não é uma ruptura qualquer
Não adianta criar algo diferente e inspirador que não está adequado ao mercado e/ou estratégia da empresa. Enfim, que não seja capaz de gerar valor, já que inovar pressupõe geração de valor ao negócio. A rede varejista TESCO Home Plus tinha como desafio ser o supermercado #1 em vendas no mercado Sul-Coreano sem que isso viesse a impactar no número de lojas espalhadas pelo país.

Ao entender profundamente seu consumidor, que tem uma vida bastante agitada, na qual fazer compras no supermercado é sempre uma tarefa “complicada”, a TESCO Home Plus inovou em sua rede de distribuição: a loja foi até os consumidores. A empresa criou uma loja “virtual” nas estações de metrô com aparência idêntica às gôndolas convencionais de seus supermercados. Os produtos eram representados por fotos e podiam ser comprados via QRCode através dos smartphones dos clientes.


Inovação provoca ruptura e gera valor. Depois de instalarem as lojas virtuais no metrô, as vendas online da TESCO Home Plus tiveram um incremento de 130% e a rede varejista ficou ainda mais próxima da líder de mercado.

2. Inovação é correr risco
É isso mesmo, inovação é uma mudança e como toda mudança ela traz riscos para o negócio. Sem falar que em inovação os testes que recomendamos são difíceis de reproduzir uma situação ainda inexistente. A loja norte-americana online de vestuário Zappos sabia disso quando criou o “FREE RETURNS”, serviço no qual o consumidor, quando não satisfeito com sua compra, pode devolvê-la gratuitamente à loja e ter seu dinheiro de volta – tudo isso sem truques nem pegadinhas.


Parece simples e nada inovador, certo? Errado, a Zappos foi inovadora na atitude frente ao consumidor. Ela soube absorver a fraqueza que lojas online têm frente aos concorrentes offline: na loja virtual, o consumidor não prova os produtos, com isso fica inseguro no momento da compra.

Sabendo disso, ela trouxe ao mercado um serviço que nenhuma outra loja online tinha até o momento, correndo o risco de ter prejuízo em diversas compras. No entanto, o que a Zappos enfrentou com esta atitude inovadora foi clientes satisfeitos, mais seguros no momento da compra e um faturamento anual de 1 bilhão de dólares.

3. Inovação não é abandonar a ideia original
Você já deve conhecer bem um microondas, aparelho que tem evoluído muitos nos últimos anos. Isso mesmo, “evoluído”, pois tudo que vimos nas últimas décadas, desde a sua criação nos anos 40, foram novidades e não inovação. Mas, recentemente, um aluno norte americano de design, Matthew Schwartz, criou para o concurso Design Lab Eletrolux um microondas portátil, o ONDA.


Neste projeto, Matthew não ignorou a ideia original de que o microondas é um eletrodoméstico que entrega praticidade, facilidade e agilidade no aquecimento de alimentos, ele “apenas” adicionou a todos estes benefícios um novo atributo: mobilidade. O aparelho poderá ser levado para qualquer lugar, até a um piquenique.

E isto o torna inovador? Na nossa visão, sim, pois um projeto como este pode trazer incrementos em resultados para a Electrolux por meio da maximização do valor de sua marca, que possivelmente passará a ser percebida como ainda mais inovadora em criar eletrodomésticos. Mas há uma condição, ele efetivamente tem que ser posto em prática e trazer resultados perceptíveis ao negócio e ao cliente, caso contrário não passará de uma invenção.

** Sérgio Castejon é Gerente Sênior da OThink Soluções Empresariais. É Graduado em Engenharia Eletrônica pela Escola de Engenharia Mauá e Pós-graduação em Administração (CEAG) pela FGV

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