Espaço não tem obras artísticas, mas foi criado para chamar os jovens conectados a redes sociais a "fazerem parte da arte".
Por BBC
Postado em 06 de outubro de 2019 às 19h00m
Postado em 06 de outubro de 2019 às 19h00m
Um museu feito para fotos está abrindo em Viena (Áustria), com espaço interativos — de paredes brilhantes e coloridas a objetos gigantes — para jovens criarem selfies.
"O número de jovens indo a museus caiu, então nós estamos tentando combater isso com as redes sociais", diz Petra Scharinger, criadora do nofilter_museum (museu_semfiltro, em tradução literal). "Eles preferem viver online do que interagir com o mundo real."
O espaço, porém, não se encaixa em nada na definição de museu — "instituição responsável por coletar conservar, estudar e expor objetos de valor artístico", segundo o dicionário Houaiss. O nofilter_museum se descreve como palco de "exibições interativas que convidam as pessoas a se divertir".
As 24 salas diferentes do local abrigam piscinas de bolinha, paredes floridas e confetes de glitter, projetados para selfies. Há até um quarto cheio de comidas falsas, como cupcakes e macarons.
O público prioritário são jovens, por serem os maiores usuários de redes sociais. No Reino Unido, 9 de cada 10 adolescentes usam redes sociais como Instagram, Facebook e Whatsapp.
No Brasil, cerca de 86% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usavam a internet em 2018, uma porcentagem mais alta do que na população em geral (cerca de 70% dos brasileiros têm acesso), segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil.
O Nofilter_museum é um de uma série de estabelecimentos ao redor do mundo que têm como público alvo usuários assíduos de redes sociais e que criam espaços propícios para selfies.
Diversos influenciadores digitais famosos já expressaram o desejo de ir ao museu fazer fotos.
Mas a ideia de atraí-los é controversa, porque com frequência a relação próxima entre "influencers" populares e marcas é criticada — grande parte da publicidade nas redes sociais é sutil ou até mesmo subliminar.
O chamado Museu do Sorvete, nos EUA, faz sucesso no Instagram por causa de "influencers" visitantes e tem mais de 390 mil seguidores em sua conta. A empresa dona do local foi avaliada em US$ 200 milhões, de acordo com o jornal americano Wall Street Journal, pela expectativa de investidores de que a marca possa "ser expandida para marcas de roupa, produtos e um novo tema para além de sorvetes". Os donos do local se referem a ele como um "experium" — abreviação, em inglês, de "museus de experiência".
Com base nos números de outros museus voltados para o público de redes sociais, Scharinger espera que o público do Nofilter_museum fique entre 300 e 500 pessoas por dia.
"Eu acho que é o futuro dos museus", opina ela. "Não se trata apenas de selfies, mas também de se divertir, ser capaz de interagir enquanto experimenta a arte."
"Eu acho que as pessoas passam muito tempo nos seus celulares e é por isso que tentamos combinar isso com algo real e com algo divertido. Mas eu não acho que é nossa responsabilidade educá-las", diz elas.
O museu é temporário, no entanto: funcionará por seis meses em Viena. Scharinger e o cocriador Nils Peper esperam depois levá-los a outras cidades e países.
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